Confesso que estava meio com pé no freio para ler este livro de Enrique Vila-Matas. Comprei o livro e ficava olhando, de soslaio, para a capa. O problema (todo meu) é o sucesso explosivo do livro, sucesso de crítica quase absoluta. Como sigo o conselho de Nelson Rodrigues, fiquei meio com pé atrás. Mas o livro é muito bom. Trata de um homem que tenta desaparecer. Alguns críticos afirmam que ele consegue fazer da realidade uma ficção. Vou reproduzir uma passagem para se ter uma idéia:
"Está bem", eu disse, "aceito o convite. Além do mais, já faz tempo que estava querendo me reunir com o dottore Pasavento." Houve um silêncio. "Levarei minha libré particular", acrescentei, tentando dizer algo ainda mais estranho, e nesse caso totalmente incoerente. "Não compreendo", disse então o que havia telefonado. "Muito menos eu entendo essa história de dança na fronteira", respondi. O convite tinha data e hora.
A passagem, quase surreal, ocorre quando o personagem recebe convite para debater com Pasavento para discutir a fronteira entre ficção e realidade, termo chavão que o irrita. Mas além do diálogo non sense, logo vem a frase ainda mais sem sentido. Não seria óbvio que um convite para um debate tivesse data e hora?
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