quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Detalhes do esquema Aécio em MG (abaixo)

Aécio tem três pontas nítidas em seu esquema político:
a) Anastasia que tem em Danilo de Castro seu articulador político, principalmente em relação ao emaranhado de operadores políticos montado no interior mineiro. Danilo, em função da pouca experiência de Anastasia no campo político, já é visto como supersecretário;
b) Nárcio Rodrigues disputa milimetricamente a direção do PSDB mineiro com Danilo de Castro. Ambos têm em seus filhos (Rodrigo e Caio) seus sucessores. A briga entre os dois já gerou fissuras e derrotas importantes do esquema Aécio, como nas eleições municipais passadas;
c) Aécio tenta se aproximar do bloquinho (PDT, PSB e PCdoB). No Estado de MG, apenas PCdoB não faz parte de sua base aliada. Mas o problema do momento é ampliar esta aliança para o plano nacional. E aguardar as frustrações do PCdoB com o governo federal para se aproximar.

7 comentários:

Valéria Borborema disse...

Não sou versada em política, mas creio que nem Freud consegue entender como um homem de ideias tão claramente neoliberais, conservadoras ao extremo, aproxima-se da chamada esquerda brasileira. Se o Brasil tivesse um tantinho assim de tradição partidária e, consequentemente, ideológica, isso jamais ocorreria. Corrija-me se estiver errada.

Rudá Ricci disse...

Aécio é um animal político e não um formulador. Digo isto para lhe alertar para a mutação que vai se processar no discurso e plataforma dele daqui por diante. Você está dando uma conotação ideológica para quem pouco se importa com isto. Em outras palavras: sua leitura parte de um referencial de esquerda. Ora, foi Lula quem deu status ao Aécio. Aliás, outro que não é de esquerda e não gosta de ideologia.

Valéria Borborema disse...

Caríssimo Rudá, eu concordo com você. Mas acho sua percepção quanto ao governo Lula um tanto radical. Veja bem. Está certo que o ex-presidente deixou de lado certas prerrogativas de sua história de militante petista. O que, entretanto, não desabona as ações que ele implementou mais para a esquerda. Refiro-me ao social. E assim o fez porque Lula tem a política entranhada no sangue - disso ninguém duvida - e precisava de base para conseguir governar. Dizem os entendidos que passar de estilingue a vidraça não é nada fácil. De qualquer maneira, com erros que não podemos negar, mas com acerto gigantescos, Lula avançou muito, mudou a face do Brasil.

Rudá Ricci disse...

Valéria,
Estou sendo apenas crítico, ou seja, entrando no mérito do que Lula fez, sem juízo de valor. Lula fez opção getulista, de composição de interesses. Opção que nós, que criamos o PT, fizemos ao PCB. Lula recriou a política do partidão. Assim como a CUT é, hoje, cara da CGT. E, assim como Getúlio, fez muita coisa boa como pai dos pobres. O problema é que manteve a ordem. E por este motivo obteve 90% de aprovação. O próprio Márcio Pochmann me disse que não era possível uma aprovação desta magnitude se tivesse atingido interesse de alguma força social importante. Isto é óbvio, Valéria. Vou ser bem direto: ser lulista é não ser de esquerda. Porque o lulismo é o projeto de modernização conservadora. Tem muitos aspectos positivos. Mas o problema é o maniqueísmo da discussão política no Brasil: Lula é lindo ou Lula é feio.

Valéria Borborema disse...

Rudá, seus comentários são muito pertinentes. Creio que somente uma reforma política, que fortaleça os partidos, pode mudar esse personalismo. O ex-presidente Lula, você há de concordar, quebrou alguns paradigmas de nossa história. Entre eles o de classe. Salvo engano, aqui mesmo em seu blog li, certa feita, sobre o preconceito arraigado que a grande mídia - claro, com apoio da elite dominante - tem contra o ex-torneiro mecânico, sem curso superior e que, apesar disso, chegou ao posto máximo do país. Até mesmo a presidente Dilma Rousseff, uma cria de Lula, recebe dos veículos de comunicação tratamento melhor, embora seu governo tenha grandes chances de ser mais de esquerda, como vocês, militantes históricos, dizem. Lula é lindo ou feio por isso também. Representa a novidade, a coragem e, porque não, o heroísmo que nós, brasileiros, tanto necessitamos e admiramos até então apenas em jogadores de futebol, artistas de TV e cinema e outros.

Rudá Ricci disse...

Concordo, Valéria. É evidente que a grande imprensa não engole o operário que fala de futebol. Não sei se leu os estudos de Bourdieu sobre educação. Ele analisava como os currículos oficiais excluíam, de cara, a cultura das classes subalternas. Um aluno de classe média tinha mais intimidade com a leitura de textos clássicos, músicas eruditas e assim por diante. Mas as escolas nunca valorizaram literatura de cordel, pagode, capoeira e assim por diante. Esta é a história da grande imprensa com Lula. Até engole a Dilma classe média. Faz parte do seu código de comunicação e interpretação do mundo. Wilheim Reich também analisou esta discrepância de comportamento e entendimentos do mundo. Lula não apenas revelou esta porção do Brasil, mas levou-a á condição de mando, no topo da hierarquia política. Vai demorar muito para ser digerido.

Wagner Eustáquio de Souza disse...

Prof. Danilo Supersecretário? Não em cabe bem, considerando o "tom" que governo dá com técnicos (do próprio Anastasia) em pastas estratégicas como a casa Civil. Grandes concertos deste governo ficarão a cargo de Renat Vilelha, basta ver o denominado "filé" do governo.