quarta-feira, 12 de maio de 2010

Guerra de posição na CNBB


A 48a assembléia da CNBB revela um confronto mais aberto entre membros da cúpula católica. Resultado da fissura política que fragmentou parte do bloco que ainda mantinha proximidade com a Teologia da Libertação. Mas não é exatamente como sugere a nota que O Globo publica em sua edição de hoje (P.4). O bloco mais à esquerda está cindido. Alguns, mantém proximidade com o PT. Mas vários passaram à total desconfiança em relação aos partidos políticos; outros caminham para apoiar Marina Silva e um terceiro bloco teria proximidade com algumas lideranças do PSOL (como Plínio de Arruda Sampaio). E é exatamente esta cisão que possibilita que o "centro" da CNBB (quase sempre, a ala que preside a organização) se desloque para o outro extremo. A declaração do arcebispo de Porto Alegre, um conhecido representante da ala mais à direita do bispado brasileiro, sobre os casos de pedofilia, foi uma sinalização externa da força política deste bloco ideológico no interior da CNBB.

3 comentários:

Valéria Borborema disse...

Não li a matéria de O Globo, mas, pelo que entendi de seu post, a CNBB ameaça dá uma guinada mais à direita. Creio que isso seja, também, reflexo do atual pontificado, que, além de cultivar ideias conservadoras, privilegia muito o rito e seu impacto nos fiéis. Daí a maior flexibilidade quanto à missa em latim (no rito Tridentino) e a piscada de olho para seguidores do polêmico arcebispo tradicionalista Lefebre. Já no texto-base da Campanha da Fraternidade 2010, que traz o sugestivo tema "Economia e Vida", a CNBB deu fortes sinais de descontentamente com o governo Lula. Creio que tal posicionamento ganhou peso depois que o governo publicou a 3ª edição do Plano Nacional de Direitos Humanos, no final de 2009, c que, em seu conteúdo original, era favorável à retirada de objetos de culto religioso, como o crucifixo, das repartições públicas. O item caiu, embora a mágoa, que vem de longa data - arrisco dizer que desde o meados do primeiro mandato de Lula - permaneça.

Valéria Borborema disse...

Rudá, gostaria de sugerir que você fosse mais explicativo em seus posts. Veja, por exemplo, o texto acima. Você refere-se ao arcebispo de Porto Alegre, Dom Dadeus Grings, e a uma declaração dele que exemplificaria essa tendência mais conservadora da CNBB. Mas não menciona o pensamento do prelado. Eu precisei encontrar em seu blog a postagem a respeito do fato. Noutro post, você ironiza a forma como o presidente Lula se auto adjetivou de "multi-ideológico". Você até menciona o fato de ter recebido um comentário solicitando mais clareza sobre a referida ironia. Ao responder, você esclarece que, hoje, ideologia tem um significado abrangente a toda a sociedade. Não foi o que certamente sustentou o pensamento de Lula. Ele, como a grande maioria das pessoas, que não são estudiosas, ainda conservam na mente o velho conceito de ideologia, embora, no Brasil, especialmente no que se refere aos partidos políticos, isso seja, no mínimo, um devaneio. Lula, ao que parece, quis fazer graça, colocando-se acima de rixas partidárias. Evidentemente que para avalizar alianças esdrúxulas com siglas como o PMDB.

Rudá Ricci disse...

Valéria,
Agradeço sua ponderação, que levarei em consideração. Confesso que inicialmente utilizei o blog como uma espécie de diário. Contudo, para minha felicidade, ele começou a crescer e ser acessado por editores, jornalistas e muito mais gente que imaginava no início. São mais de 300 acessos diários, chegando a 500 em alguns dias. E, por vezes, eu me esqueço que não estou escrevendo num diário. Tento, a partir deste crescimento de acessos, escrever de maneira mais leve e dosar a informação com comentários, variando de temas (MG, política, filmes, livros, comentários). Uma ou outra vez, faço uma ironia para deixar o texto mais leve. E aí, cometo o erro que você destaca. Vou me policiar mais. Mas, se errar novamente, me dê um toque.