domingo, 23 de maio de 2010

O jogo da campanha antecipada


A estratégia lulista de antecipar a campanha eleitoral criou algo novo no jogo político. Serra foi pressionado pelos aliados e pela grande imprensa. Não teve sossego e acabou gerando fratura interna, com a retirada da candidatura de Aécio Neves. Em seguida, ao se lançar, foi obrigado a organizar sua base (naquele momento, ameaçada de esfacelamento). Não tinha outra alternativa, mesmo muito antes das convenções partidárias de oficialização da candidatura. Jogou certo e conseguiu desestabilizar a campanha de Dilma Rousseff por algumas semanas. Mas a antecipação da campanha parece algo similar com time que atinge seu máximo antes do campeonato: é preciso calcular o ritmo da preparação física. O bom é chegar ao ápice do meio para o final da competição. Tanto Dilma, quanto Serra, ainda testam esta nova lógica. A campanha de Dilma parece mais fria ou mais desorganizada no momento. Ficou na defensiva e o máximo que fez foi o programa partidário de TV e rádio (que alguns analistas afirmam que foi o que bastou para que Dilma retomasse o ritmo de crescimento anterior). Não temos informações, contudo, para ter certeza se é extremo profissionalismo ou campanha ainda em estruturação.
A campanha de Serra, por outro lado, foi obrigada a se organizar mais rapidamente. Reagiu e explorou pontos fortes da candidatura. Fincou pé na experiência. E aí deu uma pequena (foi realmente pequena) escorregada ao elogiar Lula. Não havia necessidade para tanto. Foi "mais realista que o rei". Ao tentar polarizar com Dilma, colocou Lula no centro. E aí, a estrela de Lula brilhou novamente. Sua viagem para Rússia e Irã jogou as luzes sobre si. Ditou o fato político, mais uma vez. E a campanha de Serra ficou refém do fato. Com as três pesquisas eleitorais (Vox Populi, Sensus e Datafolha), a campanha de Serra perdeu a ofensiva. Nada grave. Mas que demonstra que a antecipação da campanha criou um timing novo, que ainda está sendo estudado pelos "bruxos" das campanhas.
O problema, neste caso, é o ponto a ser atingido antes da Copa do Mundo. A Folha de São Paulo publicou na semana que passou uma estatística em que tentou provar que os eleitores mudam ou fazem opção de voto mesmo durante o campeonato mundial de futebol. Pode ser. É uma tese. Mas convenhamos que campanha é quente quando o único jogo em questão é o eleitoral, sem concorrências.
Então, fica a questão: qual o ponto a atingir nas convenções partidárias? Qual o grau de aquecimento político das bases sociais e partidárias, antes do início da entrada oficial da propaganda eleitoral gratuita na TV?

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