segunda-feira, 31 de maio de 2010
Brasil das multinacionais
Enviado por um membro da comunidade deste blog:
A Fundação Dom Cabral e a Columbia University lançaram um novo estudo que aponta as empresas mais internacionalizadas do Brasil. Este revela que as maiores empresas multinacionais brasileiras (MNEs) fizeram do país o segundo maior investidor externo entre os países em desenvolvimento em termos de fluxos de investimento direto estrangeiro (IDE) em 2006.
domingo, 30 de maio de 2010
Ipatinga já tem prefeito
Um sofrimento só. Desde as eleições municipais, Ipatinga, a principal cidade do Vale do Aço (MG) não conseguia ter um prefeito. Todos foram sendo cassados. Finalmente, uma eleição extemporânea ocorrida hoje deu a vitória à Robson Gomes, do PPS (que esteve no cargo por um breve mandato tampão). Obteve 74.809 votos.
Em segundo lugar ficou Maria Cecília Delfino (51.955 votos), esposa de Chico Ferramenta (ex-prefeito e que venceu as eleições de 2008, mas não tomou posse por ter sido cassado.
Há várias destaques a serem feitos:
1) 32 mil eleitores não votaram. Brancos e nulos somaram quase 8 mil votos;
2) Esta eleição rachou o PT local. Parte dos sindicalistas cutistas e os ex-deputados José Ivo e João Magno apoiaram o candidato do PPS. Em 11 de maio último o ex-metalúrgico e um dos fundadores do Partido dos Trabalhadores em Ipatinga, Edinho Ferramenta, afirmou que assim como ele, vários militantes petistas romperam com a candidata Cecília Ferramenta (PT) e resolveram apoiar a candidatura do ex-prefeito interino Robson Gomes (PPS);
3) Esta eleição pode ter sido um momento de ruptura da liderança de Chico Ferramenta naquela região. Uma mudança das mais significativas no mapa político mineiro.
A invasão verde no twitter
A campanha de Marina Silva descobriu o twitter como substituto da televisão. Com pouco tempo disponível de exposição na TV, é evidente que o twitter passou a ser um instrumento privilegiado pela campanha verde. Recebo, via reenvio de mensagens, umas 20 notas pró-Marina. Dos outros partidos menos de uma dezena (bem menos).
Artigo da semana: sobre as eleições colombianas
Eleição Presidencial na Colômbia
Por RUDÁ RICCI
1. Algumas palavras sobre América Latina
No início de outubro de 2007, representei o Brasil no seminário ¿De qué democracia hablamos? organizado pelo professor Manuel Canto, da Universidad Autónoma do México. O seminário envolveu muitos pesquisadores sociais da América Latina e durante quatro dias fizemos uma imersão nos nossos descaminhos democráticos, rodeados pelo clima simpático e místico da Cidade do México. Falei numa mesa sobre reforma do Estado e participação cidadã, ao lado de Nuria Cunnill (CLAD) e Fabio Velásquez (Colombia). Fabio é um sociólogo ponderado, membro da Fundação Foro Nacional por Colômbia (ver http://foro.org.co/). No dia da eleição que poderá mudar o rumo política dos colombianos, decidi escrever algumas linhas sobre aquele seminário e socializar algumas informações que me parecem importantes para que o leitor entenda o que ocorre no nosso vizinho.
Começo com a provocação de Henry Morales, liderança social da Guatemala, logo no início das nossas reflexões. Morales sugeriu três possibilidades de avanço democrático na América Latina: a) a resignação política; b) a inovação a partir da base social e; c) a via institucionalizada dos partidos políticos. Hoje, esta proposição me parece mecânica já que as três possibilidades parecem entrelaçadas. Mas, naquele seminário, parecia descortinar um embate democrático dos mais interessantes. A literatura especializada sobre partidos políticos na América Latina reafirma que o sistema brasileiro é dos mais frágeis. Talvez, daí a sensação da composição das três possibilidades. Mas parece uma tônica do continente: o movimento combinado e cíclico entre apatia, inovação social e forte sistema de representação política apartado do cotidiano dos cidadãos.
No seminário do México havia uma evidente divisão entre os institucionalistas (os mexicanos à frente) que sugeriam a concertação política envolvendo os partidos políticos, e aqueles que estariam mais vinculados aos movimentos sociais de base (no qual me incluía, juntamente com os representantes da Bolívia, Guatemala e europeus, em especial).
Mas o que chamava a atenção era a situação limite da Colômbia. Uma espécie de situação de impasse político-institucional, com o cerco dos grupos paramilitares e o estilo populismo de direita do presidente Álvaro Uribe. Na outra ponta estaria a Bolívia, amplamente mobilizada a partir das comunidades indígenas.
Guillermo Asprilla, militante político da Colômbia, traçou um desenho agudo e complexo de seu país. Discorreu sobre o marco político de 1991, a partir do pacto que gerou a Constituição Política da Colômbia. Naquela oportunidade, o movimento guerrilheiro M19 entregou suas armas e constituiu-se como partido. Conseguiu, em seguida, apenas 10% dos votos e desapareceu aos poucos. A partir de seu desaparecimento, todo pacto estabelecido pela Constituição de 1991 (fundado no modelo de Estado de Bem-Estar Social Europeu) foi esquecido pelo novo governo. Em seguida, implantaram-se iniciativas governamentais de tipo neoliberal e aflorou uma estrutura paramilitar que hoje ocupa toda costa leste e controla 33% do Congresso Nacional. Citou, contudo, experiências inovadoras, como as "Constituintes Locais".
Historicamente, o fim da disputa entre liberais e conservadores (que chegou ao ápice em 1948, com o assassinato do líder liberal Jorge Elécer Gaitán) forjou-se a partir de um acordo entre as elites partidárias que bloqueou os canais de expressão popular, a partir de 1954. O acordo entre liberais e conservadores procurou coibir a organização camponesa que emergia no período. Uma das iniciativas para este pacto pelo alto foi o Plano Laso (Latin America Security Operation), articulado pelos EUA e que objetivava combater movimentos sociais considerados radicais na América Latina. Como se percebe, a divisão ideológica do país vem de longe.
Ricardo Rodríguez, professor da Universidade Federal de Juiz de Fora, em seu artigo “Colômbia: uma guerra contra a sociedade” reafirma a divisão territorial do país entre guerrilheiros, narcotraficantes e paramilitares, que lutam entre si e as Forças Armadas. Os analistas colombianos indicam que o noroeste do país está comandado por forças paramilitares, incluindo prefeitos eleitos recentemente, e o sul e sudeste da Colômbia estariam sob controle territorial da guerrilha.
Estima-se que 500 mil colombianos estejam exilados no exterior em virtude da guerra. Segundo o Instituto Colombiano de Bem-Estar Familiar, existiriam 2 mil adolescentes integrados à guerrilha e 3 mil vinculados aos grupos paramilitares. Até a ofensiva de Uribe sobre os grupos guerrilheiros, estimava-se que dos 1.000 municípios colombianos, 650 contavam com a presença de guerrilheiros. Estudos locais afirmam que existiriam 20 mil guerrilheiros fortemente armados e 7 mil paramilitares. Estes últimos seriam liderados pelos irmãos Castanho e adotam represálias violentíssimas contra comunidades rurais que apóiam os guerrilheiros.
2. Um outsider no Poder
Escrevo no momento em que as urnas acabam de ser fechadas na Colômbia. Foram dez mil centros de votação, num processo eleitoral sem registro de incidentes. Foram quase 30 milhões de colombianos que votaram, possivelmente, por um segundo turno entre o candidato governista Juan Manuel Santos (Partido Social da Unidade Nacional, vinculado ao atual Presidente, Alvaro Uribe) e Antanas Mockus (Partido Verde).
Aurelijus Rutenis Antanas Mockus Šivickas é matemático e filósofo, filho de imigrantes lituanos. Foi reitor da Universidade Nacional da Colômbia e recebeu o título de Doutor Honoris Causa pela Universidade de Paris XIII. Foi prefeito de Bogotá de 1995 a 1997 e de 2001 a 2004. No ano passado filou-se ao Partido Verde ao lado de Luis Eduardo Garzón (sindicalista, prefeito de Bogotá de 2004 a 2007, candidato a Presidente em 2002) e Enrique Peñalosa (prefeito de Bogotá, de 1998 a 2001).
Todos analistas colombianos afirmam que hoje pode ter início a mudança mais radical do regime político de seu país. Mockus é um ator político sui generis. Embora tenha prometido dar continuidade à política de segurança do presidente colombiano Álvaro Uribe (afinal, é o tema mais sensível para a classe média do país), ampliou a agenda nacional com a promessa de redução da taxa de desemprego (hoje, em 12%), redução do déficit fiscal (hoje, em 4% do PIB) e promoção de reformas sociais. E, ainda, ataca duramente a corrupção instalada em toda estrutura de Estado.
Mas não é daí que vem a novidade. A novidade é o estilo mais que excêntrico de Mockus. Como prefeito de Bogotá, o candidato do partido verde revelou-se um excelente gestor, membro de uma geração que envolve, ainda, Guerreiro e Peñalosa.
Sob sua gestão, os índices de homicídios caíram em 45%. Assim é possível a transição política. Durante sua gestão, desenvolveu ações inusitadas, como fechamento de bares e proibição de venda de álcool, além do desarmamento civil. Em meio a escândalos de corrupção e de envolvimento de políticos com paramilitares, Mockus se apresenta como o candidato que governará na legalidade e combaterá a corrupção. É o preferido dos eleitores jovens e o favorito nos grandes centros urbanos. Outro tema importante de sua campanha foi o combate à desigualdade social. São 20 milhões de pobres, em uma população de 44 milhões.
O estilo excêntrico combina com o discurso inovador. Como reitor, deslocava-se de bicicleta; chegou a baixar suas calças num auditório da universidade em que era reitor como resposta à um grupo de estudantes que o vaiavam. Como prefeito, chegou a se vestir de super-herói (se autodenominando de supercidadão) para ensinar boas maneiras aos moradores da sua cidade. Nas eleições deste ano, em vários comícios deixou-se cair, de costas, nos braços de seus assessores para demonstrar a confiança que falta ao povo colombiano. Aliás, sugeria que os eleitores que assistiam seu comício para fazerem o mesmo com seu vizinho. Sua pregação teve como mote o que denomina “legalidade democrática”. Não se afirma anti-Uribe, mas sua vitória projetará a América Latina como o mais importante celeiro de experiências democráticas do Planeta, marcado por inovações de leve radicalidade. A transgressão que não rompe com a ordem.
Por RUDÁ RICCI
1. Algumas palavras sobre América Latina
No início de outubro de 2007, representei o Brasil no seminário ¿De qué democracia hablamos? organizado pelo professor Manuel Canto, da Universidad Autónoma do México. O seminário envolveu muitos pesquisadores sociais da América Latina e durante quatro dias fizemos uma imersão nos nossos descaminhos democráticos, rodeados pelo clima simpático e místico da Cidade do México. Falei numa mesa sobre reforma do Estado e participação cidadã, ao lado de Nuria Cunnill (CLAD) e Fabio Velásquez (Colombia). Fabio é um sociólogo ponderado, membro da Fundação Foro Nacional por Colômbia (ver http://foro.org.co/). No dia da eleição que poderá mudar o rumo política dos colombianos, decidi escrever algumas linhas sobre aquele seminário e socializar algumas informações que me parecem importantes para que o leitor entenda o que ocorre no nosso vizinho.
Começo com a provocação de Henry Morales, liderança social da Guatemala, logo no início das nossas reflexões. Morales sugeriu três possibilidades de avanço democrático na América Latina: a) a resignação política; b) a inovação a partir da base social e; c) a via institucionalizada dos partidos políticos. Hoje, esta proposição me parece mecânica já que as três possibilidades parecem entrelaçadas. Mas, naquele seminário, parecia descortinar um embate democrático dos mais interessantes. A literatura especializada sobre partidos políticos na América Latina reafirma que o sistema brasileiro é dos mais frágeis. Talvez, daí a sensação da composição das três possibilidades. Mas parece uma tônica do continente: o movimento combinado e cíclico entre apatia, inovação social e forte sistema de representação política apartado do cotidiano dos cidadãos.
No seminário do México havia uma evidente divisão entre os institucionalistas (os mexicanos à frente) que sugeriam a concertação política envolvendo os partidos políticos, e aqueles que estariam mais vinculados aos movimentos sociais de base (no qual me incluía, juntamente com os representantes da Bolívia, Guatemala e europeus, em especial).
Mas o que chamava a atenção era a situação limite da Colômbia. Uma espécie de situação de impasse político-institucional, com o cerco dos grupos paramilitares e o estilo populismo de direita do presidente Álvaro Uribe. Na outra ponta estaria a Bolívia, amplamente mobilizada a partir das comunidades indígenas.
Guillermo Asprilla, militante político da Colômbia, traçou um desenho agudo e complexo de seu país. Discorreu sobre o marco político de 1991, a partir do pacto que gerou a Constituição Política da Colômbia. Naquela oportunidade, o movimento guerrilheiro M19 entregou suas armas e constituiu-se como partido. Conseguiu, em seguida, apenas 10% dos votos e desapareceu aos poucos. A partir de seu desaparecimento, todo pacto estabelecido pela Constituição de 1991 (fundado no modelo de Estado de Bem-Estar Social Europeu) foi esquecido pelo novo governo. Em seguida, implantaram-se iniciativas governamentais de tipo neoliberal e aflorou uma estrutura paramilitar que hoje ocupa toda costa leste e controla 33% do Congresso Nacional. Citou, contudo, experiências inovadoras, como as "Constituintes Locais".
Historicamente, o fim da disputa entre liberais e conservadores (que chegou ao ápice em 1948, com o assassinato do líder liberal Jorge Elécer Gaitán) forjou-se a partir de um acordo entre as elites partidárias que bloqueou os canais de expressão popular, a partir de 1954. O acordo entre liberais e conservadores procurou coibir a organização camponesa que emergia no período. Uma das iniciativas para este pacto pelo alto foi o Plano Laso (Latin America Security Operation), articulado pelos EUA e que objetivava combater movimentos sociais considerados radicais na América Latina. Como se percebe, a divisão ideológica do país vem de longe.
Ricardo Rodríguez, professor da Universidade Federal de Juiz de Fora, em seu artigo “Colômbia: uma guerra contra a sociedade” reafirma a divisão territorial do país entre guerrilheiros, narcotraficantes e paramilitares, que lutam entre si e as Forças Armadas. Os analistas colombianos indicam que o noroeste do país está comandado por forças paramilitares, incluindo prefeitos eleitos recentemente, e o sul e sudeste da Colômbia estariam sob controle territorial da guerrilha.
Estima-se que 500 mil colombianos estejam exilados no exterior em virtude da guerra. Segundo o Instituto Colombiano de Bem-Estar Familiar, existiriam 2 mil adolescentes integrados à guerrilha e 3 mil vinculados aos grupos paramilitares. Até a ofensiva de Uribe sobre os grupos guerrilheiros, estimava-se que dos 1.000 municípios colombianos, 650 contavam com a presença de guerrilheiros. Estudos locais afirmam que existiriam 20 mil guerrilheiros fortemente armados e 7 mil paramilitares. Estes últimos seriam liderados pelos irmãos Castanho e adotam represálias violentíssimas contra comunidades rurais que apóiam os guerrilheiros.
2. Um outsider no Poder
Escrevo no momento em que as urnas acabam de ser fechadas na Colômbia. Foram dez mil centros de votação, num processo eleitoral sem registro de incidentes. Foram quase 30 milhões de colombianos que votaram, possivelmente, por um segundo turno entre o candidato governista Juan Manuel Santos (Partido Social da Unidade Nacional, vinculado ao atual Presidente, Alvaro Uribe) e Antanas Mockus (Partido Verde).
Aurelijus Rutenis Antanas Mockus Šivickas é matemático e filósofo, filho de imigrantes lituanos. Foi reitor da Universidade Nacional da Colômbia e recebeu o título de Doutor Honoris Causa pela Universidade de Paris XIII. Foi prefeito de Bogotá de 1995 a 1997 e de 2001 a 2004. No ano passado filou-se ao Partido Verde ao lado de Luis Eduardo Garzón (sindicalista, prefeito de Bogotá de 2004 a 2007, candidato a Presidente em 2002) e Enrique Peñalosa (prefeito de Bogotá, de 1998 a 2001).
Todos analistas colombianos afirmam que hoje pode ter início a mudança mais radical do regime político de seu país. Mockus é um ator político sui generis. Embora tenha prometido dar continuidade à política de segurança do presidente colombiano Álvaro Uribe (afinal, é o tema mais sensível para a classe média do país), ampliou a agenda nacional com a promessa de redução da taxa de desemprego (hoje, em 12%), redução do déficit fiscal (hoje, em 4% do PIB) e promoção de reformas sociais. E, ainda, ataca duramente a corrupção instalada em toda estrutura de Estado.
Mas não é daí que vem a novidade. A novidade é o estilo mais que excêntrico de Mockus. Como prefeito de Bogotá, o candidato do partido verde revelou-se um excelente gestor, membro de uma geração que envolve, ainda, Guerreiro e Peñalosa.
Sob sua gestão, os índices de homicídios caíram em 45%. Assim é possível a transição política. Durante sua gestão, desenvolveu ações inusitadas, como fechamento de bares e proibição de venda de álcool, além do desarmamento civil. Em meio a escândalos de corrupção e de envolvimento de políticos com paramilitares, Mockus se apresenta como o candidato que governará na legalidade e combaterá a corrupção. É o preferido dos eleitores jovens e o favorito nos grandes centros urbanos. Outro tema importante de sua campanha foi o combate à desigualdade social. São 20 milhões de pobres, em uma população de 44 milhões.
O estilo excêntrico combina com o discurso inovador. Como reitor, deslocava-se de bicicleta; chegou a baixar suas calças num auditório da universidade em que era reitor como resposta à um grupo de estudantes que o vaiavam. Como prefeito, chegou a se vestir de super-herói (se autodenominando de supercidadão) para ensinar boas maneiras aos moradores da sua cidade. Nas eleições deste ano, em vários comícios deixou-se cair, de costas, nos braços de seus assessores para demonstrar a confiança que falta ao povo colombiano. Aliás, sugeria que os eleitores que assistiam seu comício para fazerem o mesmo com seu vizinho. Sua pregação teve como mote o que denomina “legalidade democrática”. Não se afirma anti-Uribe, mas sua vitória projetará a América Latina como o mais importante celeiro de experiências democráticas do Planeta, marcado por inovações de leve radicalidade. A transgressão que não rompe com a ordem.
Manchetes dos jornais
As manchetes da Folha e do Estadão de hoje indicam o "espírito do capitalismo brasileiro". Na primeira: "Nordeste do país cresce em ritmo de Chináfrica: infraestrutura africana da região não acompanha aumento chinês na atividade econômica". Na segunda: "Brasil se torna o principal destino de agrotóxicos banidos no exterior".
A mudança do discurso de Serra
Fiquei pensando sobre os motivos que teriam levado Serra a alterar radicalmente seu discurso. Citar Bolívia pareceu estranho, sem muito propósito. Imaginei que se tratava de estímulo ao espírito guerreiro de apoiadores. Mas começo a pensar que os dados da pesquisa Datafolha (ver nota abaixo) já haviam sido captados pelo comando da campanha e é o verdadeiro motor da mudança.
Datafolha: maioria dos eleitores do PSDB se diz de direita
A maioria (51%) dos simpatizantes do PSDB no Brasil se diz de direita, segundo pesquisa Datafolha realizada em 20 e 21 de maio, com 2.660 pessoas em todo o país. Entre os petistas, a taxa dos que se declaram de direita é de 35%.
Um dado que corrobora outras pesquisas: o brasileiro é conservador e ambíguo. O carnaval é a ilustração maior. O Datafolha admite que desde o início deste levantamento (em 1989), não houve mudanças significativas no resultado. Um dos problemas é o conceito com o qual o pesquisa se orienta para responder.
Aécio e o mineirismo (ou, de como paulista pensa que leva, mas...)
Publicado na UOL de hoje:
“Qualquer análise pode mostrar que a eleição pode ser definida no Nordeste, que tem 27% do eleitorado. Minas tem 10%”.
A frase é de Aécio Neves. O jornal paulista interpreta como sendo um escapismo, uma maneira de se safar da responsabilidade de uma possível derrota dos tucanos por não ser o vice de Serra. Aécio disse mais. Basta ler com calma.
sábado, 29 de maio de 2010
Dennis Hopper morreu
Acabo de chegar em casa e recebo esta péssima notícia sobre a morte de Dennis Hopper. Morreu aos 74 anos em sua casa na Califórnia, vítima de câncer de próstata. Foi uma referência da contracultura, principalmente a partir de "Easy Rider - Sem Destino" de 1969, ao lado de Peter Fonda. Mas o mundo todo o respeitou a partir de "Apocalipse Now" (1979), de Coppola. Firmou-se de vez com "Veludo Azul"(1986). Mas desde os anos 1950 já apontava sua trajetória com suas participações em "Juventude Transviada" e "Giant - Assim Caminha a Humanidade".
Hopper era um ícone de poucos. Lamento.
Central de Boatarias
Do Direto da Fonte:
A confirmar
Ver AQUI
A confirmar
Tucanos estavam ontem, pela manhã, algo desanimados. Souberam que pesquisa do Vox Populi, encomendada por um partido, mostra Dilma cinco pontos à frente de Serra.
Ver AQUI
Cresce apoio ao voto facultativo
Aumenta o número de brasileiros que apóia o voto facultativo, segundo o DATAFOLHA: 48% são a favor e 48% são contra a obrigatoriedade. Em 2008, a diferença (a favor do voto obrigatório) era de dez pontos.
Segundo relatório do Instituto Internacional para Democracia e Assistência Eleitoral, com sede na Suécia, apenas 30 países mantêm hoje em dia voto obrigatório nas eleições nacionais.
Se o voto não fosse obrigatório no Brasil, 55% dos entrevistados afirmam que votariam, contra 44% que optariam por não votar. Os mais ricos (62% acima de dez salários mínimos e 66% entre cinco e dez) e os mais escolarizados (65%) são os que mais iriam às urnas se o voto fosse facultativo, e os mais pobres (52%) e os menos escolarizados (52%) são os que menos votariam. Por outro lado, os mais ricos (59%) e os mais escolarizados (59%) são os mais favoráveis ao voto facultativo, e os mais pobres (52%) e os menos escolarizados (52%) são os mais favoráveis à obrigatoriedade de votar.
A ambiguidade como traço da cultura política dos brasileiros mais pobres e menos instruídos parece se manter neste caso: são favoráveis à obrigatoriedade do voto, mas se fosse facultativo, parte significativa deste segmento social não votaria.
sexta-feira, 28 de maio de 2010
As divergências sobre salário pago aos professores de MG
Agora que a greve dos professores estaduais de MG terminou, vale registrar a divergência entre os dados divulgados pelas secretárias de governo Renata Vilhena, de Planejamento e Gestão, e Vanessa Guimarães, da Educação, e os dados divulgados pelo Sindute-MG.
O que disse o governo?
Afirmava que já pagava o piso de R$ 1.020,00 para 40 horas semanais. Assim, para uma jornada de 24 horas, que é a jornada de um cargo completo dos professores da rede estadual de Minas, estariam pagando R$ 614,00 e que o governo. Afirmaram que o governo estadual pagará, a partir de maio, R$ 935,00.
O que disse o sindicato?
Afirmam que o piso de R$ 1.024,00 sequer foi oficialmente regulamentado por qualquer
decreto. Há uma consulta da Advocacia Geral ao MEC que gerou interpretação não reconhecida pelas entidades sindicais. Sindicalistas sugerem que a correta interpretação do piso, cuja lei prevê reajuste anual de acordo com o percentual dado ao custo aluno-ano na Lei do FUNDEB. O piso para 2010, de acordo com a interpretação da CNTE é de R$1.312,00 para o professor com ensino médio. Assim, mesmo que o governo de Minas pagasse o aludido piso de R$ 614,00, deveria aplicá-lo ao professor com ensino médio (PEB I), que hoje recebe R$ 336,26 e não os R$ 614 anunciados.
A divergência
Pela lógica da secretária Renata Vilhena, os professores PEB2 (licenciatura curta) e PEB3 (licenciatura plena) deveriam receber, respectivamente, pisos de 749,00 e 913,87. Isso somente de piso, sobre cujo valor deveriam incidir as gratificações - biênios, quinquênios, pó-de-giz e progressões.
Contudo, segundo as lideranças sindicais da área educacional, o piso continua sendo os 336,26, que, com o reajuste de 10% vai passar para R$ 369,88 a partir de maio de 2010.
Se você ficou confuso, imagine a população mineira!
quinta-feira, 27 de maio de 2010
A judicialização da política e a lei que não quer pegar
Lulistas e serristas travam mais um embate judicial após o programa do DEM. O que alimenta a disputa eleitoral como ação apaixonada entre militantes, reforçando a eleição plebiscitária. A campanha antecipada acabou tornando a legislação eleitoral uma chacota, onde cada partido aguarda o descumprimento pelo outro para criar um "fato político" novo (útil em período de notícias requentadas).
A quem esta trama favorece? Aos próprios candidatos quem não necessitam apresentar programas e propostas. Este "ativismo judicial" ou a disputa política a partir da arena do judiciário, esvazia a política. O judiciário torna-se um palco da Era do Espetáculo. Tal situação contamina a prática política a ponto das lideranças armarem seu jogo a partir deste espetáculo.
Seria mais prudente e lógico se o caminho fosse o inverso. Que a legislação obrigasse os partidos a fazerem consultas de base, envolvendo seus filiados e até mesmo não filiados. E abrisse a campanha logo no início do processo de discussão. Porque quando chegarem as convenções de junho, todos já saberemos quem são os candidatos. As convenções serão apenas um palco para a imprensa. Mais um espetáculo sem funcionalidade democrática alguma, mas uma mera peça de marketing. O que esvazia ainda mais o poder e o papel do cidadão-eleitor.
A quem esta trama favorece? Aos próprios candidatos quem não necessitam apresentar programas e propostas. Este "ativismo judicial" ou a disputa política a partir da arena do judiciário, esvazia a política. O judiciário torna-se um palco da Era do Espetáculo. Tal situação contamina a prática política a ponto das lideranças armarem seu jogo a partir deste espetáculo.
Seria mais prudente e lógico se o caminho fosse o inverso. Que a legislação obrigasse os partidos a fazerem consultas de base, envolvendo seus filiados e até mesmo não filiados. E abrisse a campanha logo no início do processo de discussão. Porque quando chegarem as convenções de junho, todos já saberemos quem são os candidatos. As convenções serão apenas um palco para a imprensa. Mais um espetáculo sem funcionalidade democrática alguma, mas uma mera peça de marketing. O que esvazia ainda mais o poder e o papel do cidadão-eleitor.
O programa do DEM
O programa do DEM na televisão foi considerado por alguns muito burocrático. Na minha opinião, foi irregular. A primeira parte foi serena, tendo como ponto alto o momento que Serra fala do pai e relaciona com o operário da Rodoanel. O ponto baixo (e bota baixo nisso!) foi a fala dos democratas. Rodrigo Maia lendo um texto foi de doer. E Agripino Maia saiu do eixo e foi agressivo em demasia. Kassab fez propaganda básica.
O efeito foi perda de ritmo. Não acredito que crie empatia. E o final de um programa tem que emocionar. Os aplausos exagerados para uma fala professoral e com conteúdo pouco cativante não geram empatia. Imagino que os militantes serristas ficaram segurando a poltrona, com aquela vontade de gritar, como se fosse uma falta que o cobrador chuta para fora.
O efeito foi perda de ritmo. Não acredito que crie empatia. E o final de um programa tem que emocionar. Os aplausos exagerados para uma fala professoral e com conteúdo pouco cativante não geram empatia. Imagino que os militantes serristas ficaram segurando a poltrona, com aquela vontade de gritar, como se fosse uma falta que o cobrador chuta para fora.
Mulheres na Política
Leio a matéria publicada no Estadão/The Guardian informando que houve estagnação da representação feminina no parlamento inglês (aumento de 2,5% das cadeiras). Agora, as mulheres representam 22% dos parlamentares. Fiquei pensando nos 30% de candidatas mulheres que os partidos deverão registrar neste ano, aqui no Brasil. Nosso modelo, de obrigatoriedade, é similar ao da Índia e Paquistão. A vitória dos conservadores teria vindo numa onda mais tradicionalista e masculina daquele país? O que gera tal disparidade de representação de gênero nos parlamentos?
Alguns analisam que se trata de espaços pouco afetos ao perfil feminino, incluindo direitos como licença-maternidade. Fico pensando, com meus botões, se não haveria algum elemento da lógica cultural e social feminina. Sempre ouvi que os homens abrem as portas da casa para os filhos. Uma maneira masculina de dizer que as mulheres geram a coesão e segurança interna, da família, e os homens vivenciam efetivamente os espaços públicos. Espaços de intimidade e segurança X espaços públicos e de risco. Seria isto? O parlamento, neste sentido, seria um espaço tipicamente masculino, porque apartado da vida privada e focado no embate e risco?
Não estou pregando que as mulheres não nasceram para o espaço e representação pública, mas procurando avaliar se não haveria a possibilidade de pensarmos em organizações sociais mais culturalmente organizadas a partir da lógica feminina.
O "troco" de Aécio
Havia comentado, notas abaixo, que o melhor momento político (para Serra) do anúncio formal da recusa de Aécio em ser candidato a vice-Presidente da República seria próximo ao programa de TV de aliados de Serra. Mas da maneira como anunciou, Aécio roubou a cena, outra vez.
Matéria da Folha sobre condições de trabalho de diretores bombou
Recebo a seguinte mensagem de uma diretora de escola municipal de São Paulo, a respeito da matéria da Folha de SPaulo que postei abaixo:
Oi, Rudá
A matéria da Folha BOMBOOOOOOOOOOU! Parabéns!
Na Secretaria de Educação estão falando em fazer formação para os gestores em gerenciamento de conflitos. É um passinho...
TV Cultiva estará no ar no próximo dia 3
A maior aposta de Serra
Sem a presença de Aécio em sua chapa, os temores da cristinanização de Serra em Minas Gerais reaparecem. Mas a questão central passa a ser o próximo passo do candidato tucano para recuperar os pontos que vem perdendo nas pesquisas eleitorais. Vejo três possibilidades:
1) o seu fortalecimento no sul do país, criando uma âncora eleitoral importante;
2) um acordo real com Geraldo Alckmin para consolidar sua votação no maior colégio eleitoral do país;
3) os debates diretos com Dilma, na televisão.
A primeira possibilidade é a de maior governabilidade. O único problema pode ser a votação de Tarso Genro, que está em primeiro lugar nas pesquisas, podendo contaminar o interior gaúcho. Mas no Paraná a situação dos lulistas não é das melhores, assim como em Santa Catarina.
A segunda hipótese é a mais imprecisa. Alckmin é parceiro de Aécio e os dois parecem nutrir grande rancor por Serra. No caso de Alckmin, as perseguições que serristas fizeram à cargos comissionados no interior paulista, desmontando toda base de apoio de Alckmin não passa pela garganta de boa parte do tucanato paulista.
Finalmente, os debates. Esta é, na minha opinião, a grande chance de Serra. Mas lulistas também sabem disto. Lembremos que o último debate praticamente retirou o trono de Lula, em 1989. Dilma fugirá dos debates ou terá uma preparação em tempo recorde, para nenhum preparador físico de seleção botar defeito?
Estadão já dá como certa a desistência de Aécio em ser vice de Serra
Eduardo Kattah, de O Estado de São Paulo
BELO HORIZONTE - No seu retorno à cena política, o ex-governador de Minas, Aécio Neves (PSDB), descartou nesta quinta-feira, 27, a possibilidade de compor como vice numa chapa encabeçada pelo pré-candidato tucano à Presidência, José Serra. Após um encontro no Palácio das Mangabeiras, Aécio, ao lado do governador mineiro Antonio Anastasia (PSDB) e do ex-presidente Itamar Franco (PPS), reafirmou a tese de que a melhor forma de ajudar na vitória de Serra e de Anastasia - pré-candidato à reeleição - é "estando em Minas Gerais como candidato ao Senado."
Ver AQUI
quarta-feira, 26 de maio de 2010
Mineiros querem Aécio no Senado
Do blog de Gaudêncio Torquato:
O que os tucanos paulistas não querem ver é que os mineiros ficaram ofendidos com a tratorada de Serra. E, lembro, Aécio é um desses mineiros...
Pesquisa do Vox Populi diz que apenas 4% dos mineiros aprovariam nome de Aécio para vice de Serra. A imensa maioria quer vê-lo no Senado.
O que os tucanos paulistas não querem ver é que os mineiros ficaram ofendidos com a tratorada de Serra. E, lembro, Aécio é um desses mineiros...
Secretário de Governo de MG confirma que Aécio não será vice
Na UOL:
O secretário de Estado de governo de Minas Gerais, Danilo de Castro, um dos principais assessores políticos de Aécio Neves, diz ter ouvido de forma incisiva do ex-governador a confirmação de que ele disputará uma cadeira no Senado. As especulações sobre uma possível aceitação do tucano mineiro em ser vice na chapa do pré-candidato José Serra (PSDB) ganharam força após o ex-governador paulista ser alcançado em sondagens de intenção de voto pela ex-ministra Dilma Rousseff, pré-candidata petista.“Isso não procede. Eu tenho conversado com ele e [Aécio Neves] declarou taxativamente que será candidato ao Senado. Dessa forma, ele acha que poderá ajudar tanto o Serra como o [governador] Anastasia [pré-candidato do PSDB ao governo estadual], aqui em Minas”, disse Castro, que é pai do secretário-geral do PSDB nacional, o deputado federal Rodrigo de Castro.
O secretário de Estado de governo de Minas Gerais, Danilo de Castro, um dos principais assessores políticos de Aécio Neves, diz ter ouvido de forma incisiva do ex-governador a confirmação de que ele disputará uma cadeira no Senado. As especulações sobre uma possível aceitação do tucano mineiro em ser vice na chapa do pré-candidato José Serra (PSDB) ganharam força após o ex-governador paulista ser alcançado em sondagens de intenção de voto pela ex-ministra Dilma Rousseff, pré-candidata petista.“Isso não procede. Eu tenho conversado com ele e [Aécio Neves] declarou taxativamente que será candidato ao Senado. Dessa forma, ele acha que poderá ajudar tanto o Serra como o [governador] Anastasia [pré-candidato do PSDB ao governo estadual], aqui em Minas”, disse Castro, que é pai do secretário-geral do PSDB nacional, o deputado federal Rodrigo de Castro.
Twitter Tupiniquim
Matéria da Folha sobre doenças de diretores escolares
60% dos dirigentes de escolas municipais de SP têm doença psicológica, mostra estudo
FÁBIO TAKAHASHI
DE SÃO PAULO
Quase 60% dos dirigentes de escolas municipais de São Paulo sofreram no ano passado algum problema psicológico, aponta pesquisa feita pelo sindicato da categoria.
Estresse foi o mais citado, com 15,4%, seguido de ansiedade e fadiga. O primeiro sintoma relatado que não se vincula diretamente a questões psicológicas foi dor de cabeça.
Apenas 0,9% dos dirigentes disseram não ter passado por nenhum problema de saúde. Foram ouvidos pelo Sinesp (sindicato) 418 gestores, para representar os cerca de 5.000 diretores, supervisores e coordenadores.
Para o sociólogo Rudá Ricci, coordenador da pesquisa, "a situação preocupante" ocorre devido ao excesso de burocracia, como preenchimento de formulários, que tira tempo de atividades pedagógicas. Ele cita ainda conflitos com pais de alunos.
Os dois pontos estão entre as principais reclamações dos entrevistados.
Alunos heterogêneos
Para o secretário municipal da Educação, Alexandre Schneider, o principal fator para desgaste dos profissionais das escolas é a dificuldade em "lidar com conflitos", após a cobertura da rede pública ter aumentado ao longo dos últimos 20 anos.
"Os alunos são mais heterogêneos, é mais difícil de trabalhar. Todos se frustram quando eles não aprendem", diz o representante da gestão Gilberto Kassab (DEM).
A secretaria pretende fazer ainda neste ano a capacitação de servidores para melhorar a relação com os pais e os estudantes.
Especificamente sobre os dados da pesquisa, Schneider afirma que o quadro mostrado está superestimado.
Tratamento
Para os pesquisadores da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) Helena Calil e Marcos Ferraz, os dados apresentados são semelhantes ao que aparece no restante da população.
"O que se precisa fazer é criar programas para cuidar melhor desses educadores. A psicologia e a psiquiatria, inclusive na rede pública de saúde, têm todas as condições de tratar casos de depressão ou transtornos de ansiedade", diz Ferraz.
FÁBIO TAKAHASHI
DE SÃO PAULO
Quase 60% dos dirigentes de escolas municipais de São Paulo sofreram no ano passado algum problema psicológico, aponta pesquisa feita pelo sindicato da categoria.
Estresse foi o mais citado, com 15,4%, seguido de ansiedade e fadiga. O primeiro sintoma relatado que não se vincula diretamente a questões psicológicas foi dor de cabeça.
Apenas 0,9% dos dirigentes disseram não ter passado por nenhum problema de saúde. Foram ouvidos pelo Sinesp (sindicato) 418 gestores, para representar os cerca de 5.000 diretores, supervisores e coordenadores.
Para o sociólogo Rudá Ricci, coordenador da pesquisa, "a situação preocupante" ocorre devido ao excesso de burocracia, como preenchimento de formulários, que tira tempo de atividades pedagógicas. Ele cita ainda conflitos com pais de alunos.
Os dois pontos estão entre as principais reclamações dos entrevistados.
Alunos heterogêneos
Para o secretário municipal da Educação, Alexandre Schneider, o principal fator para desgaste dos profissionais das escolas é a dificuldade em "lidar com conflitos", após a cobertura da rede pública ter aumentado ao longo dos últimos 20 anos.
"Os alunos são mais heterogêneos, é mais difícil de trabalhar. Todos se frustram quando eles não aprendem", diz o representante da gestão Gilberto Kassab (DEM).
A secretaria pretende fazer ainda neste ano a capacitação de servidores para melhorar a relação com os pais e os estudantes.
Especificamente sobre os dados da pesquisa, Schneider afirma que o quadro mostrado está superestimado.
Tratamento
Para os pesquisadores da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) Helena Calil e Marcos Ferraz, os dados apresentados são semelhantes ao que aparece no restante da população.
"O que se precisa fazer é criar programas para cuidar melhor desses educadores. A psicologia e a psiquiatria, inclusive na rede pública de saúde, têm todas as condições de tratar casos de depressão ou transtornos de ansiedade", diz Ferraz.
terça-feira, 25 de maio de 2010
Quando seria o melhor momento para Aécio anunciar sua decisão?
Sem grandes novidades na campanha para presidente, vale a especulação: qual seria o melhor momento para Aécio anunciar sua decisão sobre o mais "recente" convite para ser vice de Serra? Minha opinião: entre os programas partidários de televisão dos aliados de Serra (dia 10, do PPS, ou 17, do PSDB). Em caso de recusa, a televisão poderia diminuir o impacto negativo. Em caso dele aceitar... bom, aí o problema passa a ser dele e não de Serra.
segunda-feira, 24 de maio de 2010
400 mil brasileiros de volta
Atraídos pelo bom momento da economia, com recordes de criação de emprego e real valorizado frente ao dólar, ao euro e à libra, 13,5% dos mais de 3 milhões de brasileiros que viviam e trabalhavam fora do país voltaram para casa nos últimos anos. A afirmação é do ministro Guido Mantega, durante seminário do jornal Valor Econômico. "Há uma forte demanda [no mercado de trabalho brasileiro], estamos até importando trabalhadores. No setor naval, eu sei que estão importando 200 decasséguis [para atuar no estaleiro Atlântico Sul, em Pernambuco]. Estão voltando para o país vários brasileiros que tinham ido para fora, mais de 400 mil que tinham emigrado estão voltando para trabalhar no Brasil", afirmou o ministro.
MEC cria certificação para professores
Já como o apelido de "ENEM dos professores", o Ministério da Educação lançou, hoje, a certificação de professores de educação infantil e primeiros anos (até 5a série) do ensino fundamental. A primeira prova deverá ser realizada em 2011 e a partiticipação de docentes será por adesão, como em qualquer forma de certificação profissional. Que aplicará a prova é o INEP, focando conhecimentos, competências e habilidades.
O nome oficial da certificação é Exame Nacional de Ingresso na Carreira Docente.
De acordo com a portaria do MEC, os objetivos da prova são subsidiar a contratação de docentes para a educação básica dos estados e dos municípios e conferir parâmetros para autoavaliação dos futuros docentes, com vistas à continuidade da formação e à inserção no mundo do trabalho.
O exame será realizado anualmente, com aplicação descentralizada das provas. Assim, como no Enem, o docente terá um boletim de resultados após fazer a prova.
Começamos a desprivatizar os conteúdos da educação brasileira. Primeiro com a gradativa universalização dos conteúdos do vestibular (como nos EUA), já que aqui o vestibular é por universidade. E, agora, o impacto sobre cursos de formação de professores será imenso.
E se Aécio não for vice?
Em entrevista a Terra Magazine, o sociólogo e "bruxo" dos tucanos, Antonio Lavareda, afirmou que se 80% dos eleitores que desejavam um terceiro mandato para Lula aderirem a Dilma, "ela ganha a eleição".Já para Marcos Coimbra, do Vox Populi, Serra é conhecido por 80% da população e tem pouco espaço para crescer. Dilma estaria tirando intenções de voto dele. Para este analista, "há ainda cerca de 40% do eleitorado que conhecem mal ou não conhecem Dilma. Ela pode crescer mais 20 pontos nesse segmento." Finalmente, relativiza o peso de Aécio como vice de Serra: "Minas é 11% do eleitorado. Aumentar 20 pontos no estado é 2% no total do país. Pode ser muito pouco no resultado final."
Pela útima pesquisa Sensus, 27,1% dos eleitores afirmaram que votariam apenas no candidato indicado por Lula e 33,7% afirmaram que poderiam votar no candidato de Lula. Mas, ainda há um problema para os tucanos: 55% do eleitorado não votará em Serra se souber que é indicado por FHC, segundo a Sensus (20% farão o mesmo se souberem que o candidato é apoiado por Lula e apenas 5,7% votam apenas no candidato apoiado por FHC). Pela última pesquisa Sensus, os que preferem conhecer o candidato primeiro perfazem 15% do eleitorado.
Pois bem, até o mês passado a parcela que afirma "conhecer bem" a petista girou ao redor de 14%, e a que diz conhecê-la "mais ou menos" se estabilizou em 33% (segundo o IBOPE). Outros 7% nunca ouviram falar na ex-ministra-chefe da Casa Civil, que nunca concorreu a cargos eletivos.
Estamos falando, portanto, de algo ao redor de 60% dos eleitores que afirmam conhecer a candidata de Lula (incluindo aqueles que não estão muito convictos sobre isto). Este é o dado citado por Marcos Coimbra em sua entrevista. São 9 milhões de brasileiros que a desconhecem por completo (os 7% citados acima).
Tudo isto para reafirmar que ou Serra cria um fato político marcante até agosto, ou enfrentará Lula na TV e jogará suas últimas fichas nos debates entre os dois candidatos (que podem não existir, como já ocorreu em anos anteriores, com outros candidatos, como Jânio Quadros).
O fato político novo seria Aécio Neves vice de Serra. Mas Marcos Coimbra avalia que o impacto será pequeno.
Qual seria, então, o Plano B para tucanos?
0,35 de crescimento em pesquisa é motivo de comemoração em Minas Gerais!!!
Do jornal O Tempo:
Tanto o senador Hélio Costa (PMDB) quanto o governador Antonio Anastasia (PSDB), pré-candidatos ao governo de Minas, comemoram o resultado da pesquisa do Instituto DataTempo/CP2, divulgada ontem. Segundo o levantamento, o peemedebista lidera a preferência do eleitorado mineiro, com 52,52% das intenções de voto. Já o tucano está na segunda colocação, com 16,05%. Hélio Costa enalteceu sua ampla vantagem, já Antonio Anastasia afirmou que ainda tem "margem de crescimento". Anastasia cresceu 0,35 ponto percentual, de 15,70% para 16,05%.
Até aí, tudo bem. Acontece que Anastasia (e o jornal O Tempo deu destaque na sua edição de hoje) comemorou! Dentro da margem de erro!!!
Serei sincero: nem quando eu era pré-adolescente ficava tão contente quando crescia 0,35 centímetros. E olha que eu sonhava em crescer!!!
Paraná em Transe
Conversar com lideranças do PDT do Paraná é mexer em caixa de abelha. Em duas ou três conversas cheguei à seguinte conclusão:
1) Há tendência de acordo entre PT, PDT e PMDB, com Osmar Dias candidato ao governo estadual, Gleisi (PT) e Requião ao Senado, em virtude da entrada de Lula na negociação. Lula teria agendado conversa com Pessuti a respeito, no início desta semana;
2) Na outra ponta, Osmar Dias teria confirmado neste final de semana que sem Gleisi de vice não fecha aliança com o PT. Alexandre Padilha teria telefonado para Osmar Dias informando que não conseguiu convencer o PT a colocar Gleisi Hofmman como candidata a vice de uma aliança em torno de sua candidatura a governador. A petista quer candidatura ao senado ou governadora. Mas vice...
Enfim, a conclusão que tirei é.... não há conclusão.
domingo, 23 de maio de 2010
Artigo da semana: o Cyber Eleitor
Cyber Eleitor
Por RUDÁ RICCI
1. A Guerra política já é virtual
Fiquei motivado a escrever a partir da leitura de artigo escrito por Edson Fontes sobre eleições e o cyber eleitor. Edson sugere que este ano marca a entrada da internet como elemento de peso nas campanhas eleitorais brasileiras, tal como teria ocorrido nas eleições de Barack Obama. Sugere, ainda, que facilitará a vida de candidatos com poucos recursos financeiros, porque possibilita a comunicação direta com o eleitor. E, daí, destaca o papel do cyber eleitor, aquele que lê de tudo. Edson se pergunta se este eleitor informado em tempo real estará realmente envolvido emocionalmente com o candidato que lhe contata via email, twitter ou blogs. Esta questão me fez lembrar a reflexão sobre o papel da televisão como fator alienante. Passados tantos anos, já sabemos que a televisão pode deixar o cidadão passivo, mas não alienado. Assistimos a programas de televisão e continuamos críticos, desaprovando uma reportagem ou o erro de um juiz de futebol. O problema é que não saímos da poltrona ou sofá, nossa “Ágora” contemporânea. Minha dúvida, por similaridade, é: a campanha virtual fará do internauta um militante virtual ou o cyber eleitor é, por natureza, passivo?
Nas eleições municipais de 2008, muito se falou da campanha virtual de Gabeira, no Rio de Janeiro. No ano passado, Gabeira chegou a defender abertamente (pelo twitter) a desobediência às regras que poderiam restringir a campanha eleitoral na internet. Chegou a citar Thoreau e pregou a desobediência civil. O deputado do Rio de Janeiro tinha motivos para defender este filão, composto por blogs, radisweb, WebTvs, twitter e toda gama de redes sociais virtuais. Em 2008, criou conferências via Orkut e sua campanha foi muitas vezes comparada à de Howard Dean (do Partido Democrata dos EUA) e Ron Paul (do Partido Republicano), que mobilizaram eletronicamente a sua base eleitoral. A proeza da inovação de Gabeira foi creditada à Lula Vieira que chegou a comparar a propaganda eleitoral à luta de boxe. Vieira explorou o perfil contemporâneo, jovem e pouco convencional. Durante a campanha chegou a utilização do Google Maps, onde mostrava para os internautas as comunidades do Rio dominadas por traficantes e milícias, além de mapear bairros com seus eleitores e simpatizantes. Estava se espelhando na campanha de Obama, onde os eleitores eram estimulados a fazer campanha na vizinhança, indicando no mapa virtual os simpatizantes de determinado território.
Uma nova possibilidade aberta é a WebTV. A Google TV, recém lançada, integra smartphones e Android Marketplace. Pode ser acionada com reconhecimento de voz, articulando Pandora, Twitter, Facebook e demais aplicativos Android.
Voltando ao tema central, a campanha virtual de Gabeira foi a que mais chamou atenção em 2008. Mas em outras capitais ocorreu o mesmo. Em Belo Horizonte, houve uso e abuso de fake, spam e email denúncia, além de criação de comunidades virtuais e envio de email marketing. Falava-se em “rastro da onça", onde se planta uma notícia, quase sempre inverídica, sobre adversários. Afirma-se que a eleição de Márcio Lacerda teve na internet um instrumento de peso, tendo o deputado Virgílio Guimarães (PT) como coordenador deste feito.
A Agência Estado procurou explorar esta novidade a partir de uma breve matéria cujo título é “Uso da internet ainda é desafio para partidos”. A matéria destaca que PT e PSDB apostam nos militantes virtuais e já travam guerra virtual. Para os dois partidos, ainda segundo o artigo do Estadão, o papel da internet ainda não será decisivo nesta campanha de 2010, mas pode servir como aquecimento dos militantes e simpatizantes, armando-os de informações e contra-informações. Os dois principais candidatos à Presidência da República já possuem núcleos de campanha digital. O PSDB já possuiria 10 mil militantes virtuais e o PT paulista já teria mil militantes atuando diariamente na rede. O medo inicial das campanhas era o descontrole na linguagem e conteúdo de blogs. Daí, tucanos centralizaram as ações a partir do comando do jornalista Marcio Aith. No PT, a coordenação está nas mãos de Marcelo Branco, seguido de perto por Rui Falcão, vice-presidente do PT Nacional e também jornalista. Ben Self, da Blue State Digital, um dos estrategistas da campanha virtual de Obama, foi contratado como conselheiro por João Santana, marketeiro do PT.
Ainda objeto de muita dúvida, a estratégia, além de mobilizar simpatizantes e militantes, tem como objetivo aproximar-se de eleitores não-filiados ou alinhados. Mas há temor generalizado sobre um possível bate-boca na rede, algo que já ocorre no twitter e na guerra entre blogs.
Outro temor é a propaganda negativa de adversários, transformando um boato em verdade, algo que sempre existiu em política provinciana, mas que é potencializada com a comunidade virtual.
2. O Potencial
Recentemente, a comScore, empresa que mede audiência na internet em 40 países informou que 24% dos domicílios brasileiros possuem acesso à internet e que somente 2% dos internautas acessam conteúdo político. Nos EUA são quase 10%, para efeito de comparação. Mesmo assim, o nordeste brasileiro é a região onde existe maior percentual de internautas integrando redes sociais, principalmente nos domicílios com renda mensal entre 1 a 2 salários mínimos (crescimento anual de 69%). Neste ano, a comScore iniciou operações no Brasil após adquirir a chilena Certifica, tendo na Media Metrix 360 sua principal ferramenta de análise de tráfego. Em setembro de 2009, a empresa apontou que os serviços do Google detinham 30% do tempo médio navegado pelo internauta brasileiro. Goggle e Microsoft concentravam 60% do tempo médio utilizado. São 26,6 milhões de usuários brasileiros do Google, 25,3 milhões do UOL e 16,8 milhões do Terra.
Segundo o IBOPE Nielsen Online, o número de brasileiros que acessaram a internet em casa ou trabalho em janeiro deste ano chegou a 36,8 milhões (quase 1% a mais que o registrado em dezembro de 2009). Se aplicativos, como comunicadores (MSN Live Messenger) não forem considerados, o tempo gasto online chegou a 45 horas e 43 minutos no mês, crescimento de 2,3% em relação ao mês anterior. Ainda segundo a mesma fonte, se somados os ambientes públicos, como bibliotecas e lan houses, a internet teve como público 66,3 milhões de brasileiros no primeiro mês de 2010.
A categoria automotiva foi o destaque dos acessos no início do ano (8,4 milhões de internautas) seguido por turismo.
A audiência em redes sociais, como blogs, bate-papos, fóruns e outros canais de relacionamento, alcançou em fevereiro 31,7 milhões de pessoas no Brasil, o que representa 86,3% dos usuários ativos, segundo dados do Ibope Nielsen Online. Trata-se do maior índice entre os dez países em que a pesquisa é realizada. O tempo médio por pessoa nessa subcategoria de conteúdo em fevereiro foi de 4h28.
O relatório do Ibope Nielsen Online também aponta que a categoria Buscadores, Portais e Comunidades continua a ser a de maior audiência no País. Ela foi responsável, no período, por 34,7 milhões de usuários únicos, o que equivale a 94,5% dos 36,7 milhões de usuários ativos do mês.
Enfim, este é um terreno a ser explorado. Mas fica a dúvida se o ataque deste público virtual pelos partidos conseguirá criar um novo curral eleitoral. As redes sociais virtuais são móveis e formam efetivamente comunidades afetivas ou com interesses muito definidos. Trabalhar politicamente tais comunidades significa uma atuação permanente e o uso de linguagens e temas pulverizados e diversos. Arriscaria afirmar que uma campanha virtual é mais movediça que as estruturas partidárias existentes que, em minha opinião, são pretéritas, típicas do século 19 e início do século 20.
Assim, o ingresso dos partidos nesta seara pode alterar a lógica partidária. Algo como um feitiço que se vira contra o feiticeiro.
Por RUDÁ RICCI
1. A Guerra política já é virtual
Fiquei motivado a escrever a partir da leitura de artigo escrito por Edson Fontes sobre eleições e o cyber eleitor. Edson sugere que este ano marca a entrada da internet como elemento de peso nas campanhas eleitorais brasileiras, tal como teria ocorrido nas eleições de Barack Obama. Sugere, ainda, que facilitará a vida de candidatos com poucos recursos financeiros, porque possibilita a comunicação direta com o eleitor. E, daí, destaca o papel do cyber eleitor, aquele que lê de tudo. Edson se pergunta se este eleitor informado em tempo real estará realmente envolvido emocionalmente com o candidato que lhe contata via email, twitter ou blogs. Esta questão me fez lembrar a reflexão sobre o papel da televisão como fator alienante. Passados tantos anos, já sabemos que a televisão pode deixar o cidadão passivo, mas não alienado. Assistimos a programas de televisão e continuamos críticos, desaprovando uma reportagem ou o erro de um juiz de futebol. O problema é que não saímos da poltrona ou sofá, nossa “Ágora” contemporânea. Minha dúvida, por similaridade, é: a campanha virtual fará do internauta um militante virtual ou o cyber eleitor é, por natureza, passivo?
Nas eleições municipais de 2008, muito se falou da campanha virtual de Gabeira, no Rio de Janeiro. No ano passado, Gabeira chegou a defender abertamente (pelo twitter) a desobediência às regras que poderiam restringir a campanha eleitoral na internet. Chegou a citar Thoreau e pregou a desobediência civil. O deputado do Rio de Janeiro tinha motivos para defender este filão, composto por blogs, radisweb, WebTvs, twitter e toda gama de redes sociais virtuais. Em 2008, criou conferências via Orkut e sua campanha foi muitas vezes comparada à de Howard Dean (do Partido Democrata dos EUA) e Ron Paul (do Partido Republicano), que mobilizaram eletronicamente a sua base eleitoral. A proeza da inovação de Gabeira foi creditada à Lula Vieira que chegou a comparar a propaganda eleitoral à luta de boxe. Vieira explorou o perfil contemporâneo, jovem e pouco convencional. Durante a campanha chegou a utilização do Google Maps, onde mostrava para os internautas as comunidades do Rio dominadas por traficantes e milícias, além de mapear bairros com seus eleitores e simpatizantes. Estava se espelhando na campanha de Obama, onde os eleitores eram estimulados a fazer campanha na vizinhança, indicando no mapa virtual os simpatizantes de determinado território.
Uma nova possibilidade aberta é a WebTV. A Google TV, recém lançada, integra smartphones e Android Marketplace. Pode ser acionada com reconhecimento de voz, articulando Pandora, Twitter, Facebook e demais aplicativos Android.
Voltando ao tema central, a campanha virtual de Gabeira foi a que mais chamou atenção em 2008. Mas em outras capitais ocorreu o mesmo. Em Belo Horizonte, houve uso e abuso de fake, spam e email denúncia, além de criação de comunidades virtuais e envio de email marketing. Falava-se em “rastro da onça", onde se planta uma notícia, quase sempre inverídica, sobre adversários. Afirma-se que a eleição de Márcio Lacerda teve na internet um instrumento de peso, tendo o deputado Virgílio Guimarães (PT) como coordenador deste feito.
A Agência Estado procurou explorar esta novidade a partir de uma breve matéria cujo título é “Uso da internet ainda é desafio para partidos”. A matéria destaca que PT e PSDB apostam nos militantes virtuais e já travam guerra virtual. Para os dois partidos, ainda segundo o artigo do Estadão, o papel da internet ainda não será decisivo nesta campanha de 2010, mas pode servir como aquecimento dos militantes e simpatizantes, armando-os de informações e contra-informações. Os dois principais candidatos à Presidência da República já possuem núcleos de campanha digital. O PSDB já possuiria 10 mil militantes virtuais e o PT paulista já teria mil militantes atuando diariamente na rede. O medo inicial das campanhas era o descontrole na linguagem e conteúdo de blogs. Daí, tucanos centralizaram as ações a partir do comando do jornalista Marcio Aith. No PT, a coordenação está nas mãos de Marcelo Branco, seguido de perto por Rui Falcão, vice-presidente do PT Nacional e também jornalista. Ben Self, da Blue State Digital, um dos estrategistas da campanha virtual de Obama, foi contratado como conselheiro por João Santana, marketeiro do PT.
Ainda objeto de muita dúvida, a estratégia, além de mobilizar simpatizantes e militantes, tem como objetivo aproximar-se de eleitores não-filiados ou alinhados. Mas há temor generalizado sobre um possível bate-boca na rede, algo que já ocorre no twitter e na guerra entre blogs.
Outro temor é a propaganda negativa de adversários, transformando um boato em verdade, algo que sempre existiu em política provinciana, mas que é potencializada com a comunidade virtual.
2. O Potencial
Recentemente, a comScore, empresa que mede audiência na internet em 40 países informou que 24% dos domicílios brasileiros possuem acesso à internet e que somente 2% dos internautas acessam conteúdo político. Nos EUA são quase 10%, para efeito de comparação. Mesmo assim, o nordeste brasileiro é a região onde existe maior percentual de internautas integrando redes sociais, principalmente nos domicílios com renda mensal entre 1 a 2 salários mínimos (crescimento anual de 69%). Neste ano, a comScore iniciou operações no Brasil após adquirir a chilena Certifica, tendo na Media Metrix 360 sua principal ferramenta de análise de tráfego. Em setembro de 2009, a empresa apontou que os serviços do Google detinham 30% do tempo médio navegado pelo internauta brasileiro. Goggle e Microsoft concentravam 60% do tempo médio utilizado. São 26,6 milhões de usuários brasileiros do Google, 25,3 milhões do UOL e 16,8 milhões do Terra.
Segundo o IBOPE Nielsen Online, o número de brasileiros que acessaram a internet em casa ou trabalho em janeiro deste ano chegou a 36,8 milhões (quase 1% a mais que o registrado em dezembro de 2009). Se aplicativos, como comunicadores (MSN Live Messenger) não forem considerados, o tempo gasto online chegou a 45 horas e 43 minutos no mês, crescimento de 2,3% em relação ao mês anterior. Ainda segundo a mesma fonte, se somados os ambientes públicos, como bibliotecas e lan houses, a internet teve como público 66,3 milhões de brasileiros no primeiro mês de 2010.
A categoria automotiva foi o destaque dos acessos no início do ano (8,4 milhões de internautas) seguido por turismo.
A audiência em redes sociais, como blogs, bate-papos, fóruns e outros canais de relacionamento, alcançou em fevereiro 31,7 milhões de pessoas no Brasil, o que representa 86,3% dos usuários ativos, segundo dados do Ibope Nielsen Online. Trata-se do maior índice entre os dez países em que a pesquisa é realizada. O tempo médio por pessoa nessa subcategoria de conteúdo em fevereiro foi de 4h28.
O relatório do Ibope Nielsen Online também aponta que a categoria Buscadores, Portais e Comunidades continua a ser a de maior audiência no País. Ela foi responsável, no período, por 34,7 milhões de usuários únicos, o que equivale a 94,5% dos 36,7 milhões de usuários ativos do mês.
Enfim, este é um terreno a ser explorado. Mas fica a dúvida se o ataque deste público virtual pelos partidos conseguirá criar um novo curral eleitoral. As redes sociais virtuais são móveis e formam efetivamente comunidades afetivas ou com interesses muito definidos. Trabalhar politicamente tais comunidades significa uma atuação permanente e o uso de linguagens e temas pulverizados e diversos. Arriscaria afirmar que uma campanha virtual é mais movediça que as estruturas partidárias existentes que, em minha opinião, são pretéritas, típicas do século 19 e início do século 20.
Assim, o ingresso dos partidos nesta seara pode alterar a lógica partidária. Algo como um feitiço que se vira contra o feiticeiro.
Entrevista de Marcos Coimbra (Vox Populi)
Destaco duas perguntas que Noblat fez, hoje, para Marcos Coimbra (Vox Populi):
Noblat:Aécio de vice poderia ajudar Serra a se eleger ou não acrescentaria grande coisa?
Marcos Coimbra: Aécio só é bem conhecido em MG, onde Lula é querido. Serra está bem e é dificil avaliar se um ganho em Minas faria diferença.
Noblat: O que Serra precisaria fazer para driblar esse quadro desfavorável e ganhar? Ou não tem como?
Marcos Coimbra: Trazer a eleição para o campo dele, a comparação de currículos. Torcer para que Dilma erre muito. Mas sua posição é desvantajosa.
O jogo da campanha antecipada (2)
Quais seriam os próximos lances de serristas e lulistas na campanha para a Presidência?
1) Deixar o tempo passar até depois da Copa do Mundo ou avançar o sinal até as convenções partidárias?
2) A primeira opção seria menos arriscada se os dois times topassem um armistício. Mas na falta dele, Dilma poderia ultrapassar Serra ou Serra recuperar alguns pontos;
3) Avançar o sinal seria, no caso dos lulistas, avançar sobre o nordeste ou sul? Avançar sobre a base do PV (descontente, já que alguns avaliam que um possível crescimento de Marina tiraria votos de Dilma)? Avançar sobre a classe média emergente e classes D e E (menos instruídos)? Buscar colar no eleitorado feminino (hoje, com baixa empatia eleitoral)?
4) Avançar o sinal seria, no caso dos serristas, avançar sobre o sul (já que o nordeste parece cada vez mais fechado)? Estimular a campanha de Marina Silva? Aumentar o discurso agressivo e capitalizar o pensamento conservador e a classe média tradicional?
5) Serra não pode jogar todas suas fichas em Aécio como vice ou, no caso de recusa do ex-governador mineiro, sinalizará mais uma derrota pública. Qual o lance mais certeiro?
O jogo da campanha antecipada
A estratégia lulista de antecipar a campanha eleitoral criou algo novo no jogo político. Serra foi pressionado pelos aliados e pela grande imprensa. Não teve sossego e acabou gerando fratura interna, com a retirada da candidatura de Aécio Neves. Em seguida, ao se lançar, foi obrigado a organizar sua base (naquele momento, ameaçada de esfacelamento). Não tinha outra alternativa, mesmo muito antes das convenções partidárias de oficialização da candidatura. Jogou certo e conseguiu desestabilizar a campanha de Dilma Rousseff por algumas semanas. Mas a antecipação da campanha parece algo similar com time que atinge seu máximo antes do campeonato: é preciso calcular o ritmo da preparação física. O bom é chegar ao ápice do meio para o final da competição. Tanto Dilma, quanto Serra, ainda testam esta nova lógica. A campanha de Dilma parece mais fria ou mais desorganizada no momento. Ficou na defensiva e o máximo que fez foi o programa partidário de TV e rádio (que alguns analistas afirmam que foi o que bastou para que Dilma retomasse o ritmo de crescimento anterior). Não temos informações, contudo, para ter certeza se é extremo profissionalismo ou campanha ainda em estruturação.
A campanha de Serra, por outro lado, foi obrigada a se organizar mais rapidamente. Reagiu e explorou pontos fortes da candidatura. Fincou pé na experiência. E aí deu uma pequena (foi realmente pequena) escorregada ao elogiar Lula. Não havia necessidade para tanto. Foi "mais realista que o rei". Ao tentar polarizar com Dilma, colocou Lula no centro. E aí, a estrela de Lula brilhou novamente. Sua viagem para Rússia e Irã jogou as luzes sobre si. Ditou o fato político, mais uma vez. E a campanha de Serra ficou refém do fato. Com as três pesquisas eleitorais (Vox Populi, Sensus e Datafolha), a campanha de Serra perdeu a ofensiva. Nada grave. Mas que demonstra que a antecipação da campanha criou um timing novo, que ainda está sendo estudado pelos "bruxos" das campanhas.
O problema, neste caso, é o ponto a ser atingido antes da Copa do Mundo. A Folha de São Paulo publicou na semana que passou uma estatística em que tentou provar que os eleitores mudam ou fazem opção de voto mesmo durante o campeonato mundial de futebol. Pode ser. É uma tese. Mas convenhamos que campanha é quente quando o único jogo em questão é o eleitoral, sem concorrências.
Então, fica a questão: qual o ponto a atingir nas convenções partidárias? Qual o grau de aquecimento político das bases sociais e partidárias, antes do início da entrada oficial da propaganda eleitoral gratuita na TV?
Baixas no PV
A campanha lulista avança sobre o PV. Pelas bordas. Faz parte da movimentação de bastidor. O presidente do Grupo Gay da Bahia, Marcelo Cerqueira, decidiu trocar o partido pelo PT.Em sintonia, Rose Losacco (na foto), fundadora do PV em São Paulo desenvolve franca campanha contra José Luiz Penna, presidente nacional do PV. Sua crítica atual está concentrada numa cláusula de consciência que permite a filiados se opor a itens do estatuto do partido por convicções religiosas, abrindo o ingresso de Marina e aliados. As críticas de Rose são duras a respeito da liderança de Penna: "Ele parece o Fidel Castro, não sai nunca do poder. Está usando até aquele bonezinho verde", ataca Rose. "Hoje o PV apoia todos os governos. Virou um partido de aluguel".
Há intensa disputa, nos bastidores, de tucanos e lulistas a respeito da candidatura de Marina Silva. O crescimento da candidatura do PV pode, acreditam alguns, dividir o eleitorado pró-Dilma.
João Pedro Stédile analisa conjuntura
A reportagem é de Pedro Carrano e publicada pelo sítio da Terra de Direitos, 22-05-2010.
Destaco algumas passagens:
1) João Pedro Stédile analisa que a esquerda e os movimentos sociais estão em um período de resistência. Os tempos de recuo das lutas sociais, depois da derrota do projeto da esquerda, em 1989, começam a ficar para trás. Mas ele ressalta que as organizações não retomaram a ofensiva e ainda não conseguem impor à burguesia seu próprio projeto: “Paramos de descer, mas ainda não começamos a ofensiva contra o Capital”, expôs no terceiro dia da nona Jornada de Agroecologia, realizada em Francisco Beltrão, sudoeste do Paraná.
2) O atual período, no Brasil e na América Latina, é caracterizado pelo dirigente sem-terra como de derrotas e crise do projeto neoliberal da burguesia. Iniciado na Venezuela, este processo estimulou lutas no continente. Atualmente, a burguesia carece de um projeto que dê conta de solucionar as carências das populações trabalhadoras.
3) O dirigente critica a concepção das organizações que apostam todas as fichas no processo eleitoral e institucional. Criticou também as correntes “idealistas”, que colocam o problema do socialismo como um ato de vontade, num horizonte próximo.
4) Sobre o momento das eleições, Stédile analisa que a candidatura Serra agrega latifundiários e o agronegócio, a classe média conservadora de São Paulo, setores industriais e financeiros. No mesmo sentido, a candidatura de Dilma Rousseff agrega setores da burguesia financeira e industrial, mas dentro dela também está presente a ampla maioria da classe trabalhadora, do campo e da cidade, se vê representada.
5) Na agricultura, dois projetos estão visivelmente em disputa. “Na agricultura, nunca na História do Brasil houve o enfrentamento tão claro de classe”, provoca Stédile, contextualizando que, em outros períodos do Brasil, por vezes os projetos se confundiam, devido ao interesse da burguesia industrial pela reforma agrária, para a criação de mercado interno, uma situação inexistente nos dias de hoje. “No modelo do agronegócio não há espaço para o camponês. Não precisamos existir para o agronegócio ganhar seu dinheiro”, comenta.
6) O tema dos agrotóxicos deixa o modelo do agronegócio e transnacionais de calças curtas.
Na minha avaliação: tentou fazer análise, mas repetiu a velha cartilha do chamado marxismo vulgar. A velha dicotomia (até tentou, na leitura do processo eleitoral, achar frações de classe, mas só) entre duas classes sociais (como o mundo seria mais simples se isto fosse realidade!), pensa que o agrotóxico é projeto do "capital" (como se já não existissem pesquisas de ponta financiadas por inúmeras empresas do agronegócio que pretendem ampliar o mercado e produtividade de produtos orgânicos) e, ainda, acredita que os movimentos sociais estão em quase-ascensão. Um mundo róseo.
PSDB aposta nos próximos programas de TV
Os tucanos apostam no reequilíbrio, estancando a sangria das últimas pesquisas, com os programas de TV do PPS (dia 10), PSDB (dia 17), PTB (dia 24) e DEM (dia 27). Pelo lado dos petistas, o programa do PRP, dia 3.
É uma aposta importante. Primeiro, para testar se a subida de Dilma veio realmente do programa de TV do PT. Segundo, para sentir o peso da exposição televisiva de Lula (o que pode projetar agosto e setembro). Se nada alterar (ou muito pouco), restariam, ainda, os debates entre candidatos.
É uma aposta importante. Primeiro, para testar se a subida de Dilma veio realmente do programa de TV do PT. Segundo, para sentir o peso da exposição televisiva de Lula (o que pode projetar agosto e setembro). Se nada alterar (ou muito pouco), restariam, ainda, os debates entre candidatos.
Os palanques regionais na campanha para a Presidência
Palpite: parece que as alianças estaduais (e palanques regionais) estão beneficiando Dilma Rousseff. A queda de José Serra no sul do país é impressionante.
Colômbia nas mãos de um outsider?
Pesquisa realizada pela Datexco (instituto de pesquisas) por El Tiempo, indica que o ex-ministro da Defesa (situacionista), Juan Manuel Santos, deve vencer por 1% de diferença no primeiro turno das eleições presidenciais. Contudo, o prefeito de Bogotá, candidato do Partido Verde e outsider Antanas Mockus (na foto), é apontado por várias enquetes como vencedor do segundo turno. Contudo, o "retorno" de uribistas ao ninho original (muitos apoiavam Mockus), poderá fazer o pêndulo mudar de posição mais uma vez. O fato é que a disputa é apertadíssima (7% dos eleitores ainda não decidiram em quem votar). O candidato governista é forte nas regiões central, caribenha e no sudeste. Já o outsider Mockus lidera nas regiões do Pacífico e Leste. Na capital registra-se empate. O eleitorado mais velho apóia o candidato governista. Os eleitores com menos de 25 anos apóiam Mockus.
O vencedor das eleições substituirá, a partir do dia 7 de agosto, o atual presidente, Álvaro Uribe. Trata-se de uma eleição importante porque Uribe é o presidente mais à direita e pró-EUA no espectro ideológico da América Latina.
sábado, 22 de maio de 2010
Eleição em Ipatinga (MG)
As eleições que ocorrerão no próximo dia 30 em Ipatinga, pólo industrial do Vale do Aço, transcorrerão sob o manto da confusão geral. Robson Gomes (PPS) lidera pesquisa de intenção de voto para prefeito realizada pelo Instituto DataTempo/CP2. Gomes exerceu o cargo de prefeito desde o afastamento dos primeiro e segundo colocados na eleição de 2008, Chico Ferramenta (PT) e Sebastião Quintão (PMDB), respectivamente. Ele deixou a prefeitura para se candidatar na eleição extemporânea, marcada para 30 de maio. De acordo com o levantamento, realizado entre 8 e 11 de maio, Robson Gomes tem 45,16% da preferência do eleitorado contra 27,22% de sua concorrente mais próxima, a deputada estadual petista Cecília Ferramenta. Até aí, parece normal. Acontece que parte da militância petista não apóia Cecília.
Este problema vem se arrastando desde a campanha de Chico Ferramenta, marido de Cecília. Chico depois de cassado, chegou a apoiar a candidata do PV, o que gerou grande constrangimento entre petistas. Muitos militantes e parte dos dirigentes do PT daquela localidade fazem campanha para Robson. Para confundir ainda mais, Aécio Neves, que desembarca ainda este fim de semana no Brasil, participará de ato de apoio em Ipatinga, dia 28. E seu aliado é Robson Gomes.
O TRE de Minas convocou uma nova eleição em Ipatinga, que é o nono colégio eleitoral do estado, depois que o prefeito e o vice foram cassados por abuso de poder político e econômico.
Este blog já é 100 + 170 mil
Acho que este blog completará neste final de semana seus 100 seguidores e 170 mil acessos. Ele nasceu em junho de 2007, com 7 notas. Naquele ano, postei 174 notas. Em 2008 já eram 820 posts, quase o mesmo de 2009 (850). Este ano já foram 554 notas postadas. São, em média, 4.600 acessos mensais, ou 160 acessos diários. Acontece que os acessos subiram substancialmente do ano passado para cá. Há dias que temos mais de 400 acessos. Vamos crescendo. A intenção é prestar um serviço, divulgar ações de controle social e educação, com um pouco de entretenimento e elocubração, leve, sem chatice. Um bate-papo entre internautas. Nada que se aproxime de "diretor da consciência alheia" e muito menos que se partidarize. Uma metamorfose ambulante.
O jornalista Cláudio Humberto
Jornalista com credibilidade é aquele que confirma os fatos e é cuidadoso. É daí que vem a origem da palavra profissão, ou seja, aquele que professa, que tem fé. Mas este senhor tentou denegrir minha imagem a partir de uma invencionice oriunda da competição de mercado. Anos atrás publicou nota em sua "coluna" em que atacava um contrato que tinha com a Secretaria Estadual de Educação de Minas Gerais, totalmente regular.
É bom que o leitor fuja dessas informações que vêm revestidas de ironia para encobrir o fato e parecer que há sempre algo que não vemos. Não só nós não vemos. O autor das notas sem fundamento também não vê.
É bom que o leitor fuja dessas informações que vêm revestidas de ironia para encobrir o fato e parecer que há sempre algo que não vemos. Não só nós não vemos. O autor das notas sem fundamento também não vê.
A grande imprensa forma cada vez menos opinião pública
O último dado da realidade foram as manchetes sobre as multas que Lula e Dilma levaram por fazer campanha eleitoral antecipada. Não conseguiram sensibilizar nem uma abelha que passou pela banca de jornais.
Este é um fenômeno dos mais importantes para pensarmos a cultura política tupiniquim. E demonstra o quanto os editores de hoje não conseguem pensar o mundo real. Estão ancorados na lógica da classe média tradicional, acantonada pela nova classe média. Os jornais mudam a forma, mas não o conteúdo editorial. Opinam e esbravejam cada vez mais, tornam-se moralistas (porque ainda desejam formar corações e mentes), mas não sabem mais escutar. Perderam o senso de investigação e não se perguntam mais sobre o real. O real já está pronto para os editores da grande imprensa. Divergir da realidade é o pior dos caminhos.
Final de semana pró-Lula
Além da pesquisa DATAFOLHA, que não deixa dúvidas sobre o empate técnico e possível ultrapassagem de Dilma sobre Serra durante as convenções partidárias, Lula ganhou de presente (vai ter sorte assim...) duas notícias:
1) A Agência Reuters divulgou mensagem de Obama incentivando o acordo fechado em Terrã;
2) Reflexo das expectativas que estão sendo consolidadas com os últimos resultados de pesquisa de intenção de votos (daí a importância das pesquisas neste momento), Sérgio Freitas, arrecadador de recursos da campanha de Serra, explicitou dificuldades para conseguir apoio de banqueiros e empreiteiros. A indústria paulista, aliada de sempre de Serra, colabora. Mas só.
A campanha de Serra terá que alterar sua estratégia. Um impacto significativo seria Aécio aceitar ser seu vice. Mas a aposta é muito alta para Aécio, e mesmo com sucesso lhe tiraria os holofótes que teria por 8 anos.
A segunda alternativa é fixar o eleitorado do centro-sul. Disputar o nordeste é algo que parece inviável no momento. Também necessitaria explorar os pontos frágeis do governo federal que tem na educação seu expoente maior. Mas Serra nunca destacou a área educacional como seu eixo de discurso.
Temo que a tendência é caminhar para a direita, por falta de opção, ou para o discurso moralista (o que, quase sempre, dá no mesmo).
O problema é que Lula vai fechando o país e ganhando espaço internacional. No momento em que aparecer na TV, todos os dias, a partir de agosto, tendo Dilma já à frente de Serra, a situação ficará ainda mais desesperadora.
Ministério Público aceita investigar pesquisas eleitorais
O Ministério Público Eleitoral (MPE) deve acolher a representação do Movimento dos Sem-Mídia que pede investigação sobre os levantamentos eleitorais dos quatro principais institutos de pesquisa do país. A ONG divulgou nota em que sustenta que a vice-procuradora geral, Sandra Cureau, havia determinado o encaminhamento de pedido de abertura de inquérito à Polícia Federal. A representação da entidade pedia investigação do Datafolha, Ibope, Sensus e Vox Populi em função das divergências de dados exibidos. Desde a disputa estabelecida entre as empresas, reduziu a frequência de registro de levantamentos eleitorais no Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Ainda Datafolha
DATAFOLHA: acabou a dúvida
A pesquisa Datafolha publicada hoje dissipa as dúvidas: Serra e Dilma estão empatados. No Datafolha, em 37%, com Marina em 12% (nas outras pesquisas, Marina aparece com 10% ou menos). Convenhamos, nenhum programa partidário foi assim tão genial a ponto de fazer Serra cair 5% e Dilma subir 7%.
Postei, ontem à noite, os dados sobre Pernambuco para se perceber o quanto Dilma está à frente no nordeste. Ontem, o PPS apresentou sua proposta de programa à Serra. É uma excelente proposta, mas fiquei com a impressão que não se trata de um programa de quem pensa em governar. Um exemplo: corte, em 50%, dos cargos de confiança. Quem conhece a administração pública sabe que isto só pode ocorrer com concurso público. O desvio de função é a tônica. Muitos dos cargos de confiança existem para catapultar salários. A administração pública no Brasil é um caos: salários absolutamente desiguais como, ademais, ocorre em todo país.
O balão de ensaio de Aécio vice de Serra também demonstra certo desespero. E a campanha de Dilma já alterou a lógica e aposta na televisão. Os acordos estaduais são a pedra no sapato da campanha petista.
Vejamos se o programa de TV do PSDB fará esta situação reverter. Se não reverter, a desculpa de Mauro Paulino será uma mera desculpa. E igualará o Datafolha a tudo o que se disse a respeito dos outros institutos de pesquisa.
Pobre cidadão brasileiro que não tem à disposição nem mesmo informação confiável!
sexta-feira, 21 de maio de 2010
Pernambuco é PT
Paulo Skaf é lançado candidato a governador de SP
Presidente da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) desde 2004, o empresário Paulo Skaf lançou nesta sexta-feira (21) sua pré-candidatura ao governo do Estado paulista pelo PSB (Partido Socialista Brasileiro). O evento do lançamento começou com mais de uma hora de atraso, na Assembleia Legislativa de São Paulo, na zona sul da capital. Skaf tentou aproximar seu discurso das camadas mais pobres da população. "Todos nós queremos que esse Estado rico, que é São Paulo, seja uma referência para o mundo mas não só no comércio e na indústria, mas sim no respeito às pessoas", disse. Ele propôs a criação de "governadorias e conselhos com autonomia progressiva" para descentralizar o poder no Estado (aliás, proposta já publicada no Diário Oficial do Estado no início deste ano).
Programa do PPS para governo federal
Reproduzo o documento que o PPS entregou a José Serra, como contribuição à elaboração do programa de governo. Iniciativas como esta são importantes na construção da política nacional. Obviamente que alguns afirmarão que se trata de um mero jogo de marketing. Convenhamos que há modos mais eficazes de se fazer marketing político. Embora saibamos que programa de governo nem sempre se realiza na prática, a formulação indica uma ideologia, uma perspectiva. Este é o sumo do debate de idéias numa democracia. Se negamos este caminho, resta apenas o cinismo. Daí reproduzir o texto em meu blog. Tentarei reproduzir as diretrizes dos outros programas, assim que surgirem, para promover o debate neste espaço.
2010: O PPS PENSANDO O BRASIL
O desenvolvimento que queremos
Introdução
A eleição de outubro, desfecho da campanha eleitoral que se inicia, será crucial para a definição do rumo do país, seu desempenho econômico e social, assim como do papel que ocupará numa ordem mundial caracterizada pela interdependência crescente entre os países. Não é o momento de escolhas tímidas e conservadoras, nem da opção por candidatos e propostas que estão aquém das exigências da conjuntura. Num mundo em mudança acelerada, o custo da inércia, da acomodação intelectual, do refúgio nas fórmulas consagradas é pesado. Para avançar, é preciso mudar.
O Partido Popular Socialista empenha-se, agora, com os partidos que estão se coligando na construção de um instrumento político capaz de levar a alternativa da mudança ao embate eleitoral.
Apresenta, nesta oportunidade, à sociedade, aos partidos aliados e a todas as lideranças políticas e sociais interessadas em transformações reais, sua contribuição para a elaboração de um projeto comum de governo.
Nossa contribuição ancora-se em nossa história. Nossas propostas têm como norte os valores que apontam para a utopia socialista, expurgados de fórmulas que a história demonstrou falazes, atualizados pelas exigências contemporâneas. Pensamos para o Brasil uma sociedade que atenda padrões elevados de democracia, eqüidade e afluência.
Esse objetivo converge para o consenso formado nos foros internacionais: desenvolvimento não é redutível a crescimento econômico, mas abriga como dimensões necessárias a ampliação da democracia, a redução das desigualdades e a diretriz da sustentabilidade.
A história recente mostrou a um tempo a necessidade e a insuficiência dos mecanismos de mercado e do Estado para a regulação das relações econômicas e sociais. A lacuna que resta só pode ser ocupada pela cidadania organizada, pela transparência, pelo controle e participação do cidadão. Nesse sentido, a qualidade da democracia hoje é condição do desenvolvimento e é preciso um ganho expressivo de qualidade para que a democracia brasileira tenha condições de responder à altura aos desafios do presente.
Na mesma perspectiva, está claro que desenvolvimento, no sentido amplo aqui utilizado, é tarefa complexa que exige o concurso das potencialidades de todos. Manter grande parte da população à margem da produção e do consumo, como faz ainda o Brasil, apesar dos ganhos obtidos, é um desperdício criminoso de trabalho e talento, que causa perdas a todos nós. Daí a urgência do avanço no rumo da eqüidade.
Sustentabilidade, por sua vez, não mais pode ser vista como um acréscimo politicamente correto ao sistema anterior de produção. O fim da economia baseada no carbono é fato e o desenvolvimento seguirá a trilha aberta pela mudança da matriz energética. O Brasil, apesar das enormes vantagens comparativas de que goza nesse campo, está atrasado na formulação e implementação dessa mudança.
Democracia, eqüidade e sustentabilidade são os eixos da sociedade que emerge, a sociedade do conhecimento.
O atendimento às demandas simultâneas desses eixos impõe como tarefas centrais na agenda da política educação, ciência, tecnologia e inovação. Nosso desempenho no que se refere à ciência e tecnologia ainda está aquém do necessário, particularmente em relação á tecnologia e inovação. Mas o desempenho do Brasil em educação, na formação do cidadão e do trabalhador da sociedade do conhecimento, é calamitoso, conforme as comparações internacionais disponíveis.
Num mundo de interdependência crescente as relações internacionais, políticas, comerciais e culturais, assumem importância inédita. Ganham destaque, em especial, os processos de integração regional e a construção e aperfeiçoamento dos organismos responsáveis pela governança mundial.
Ambas as dimensões merecem atuação mais incisiva por parte do governo brasileiro. Afinal, é cada vez maior o número de decisões vitais para os interesses brasileiros, positivas e negativas, tomadas ou postergadas nesses organismos.
Com base nessas diretrizes, o Partido Popular Socialista apresenta as propostas que se seguem.
1 – Ampliação da democracia
A ampliação progressiva da democracia, a política da radicalidade democrática é central para o Partido Popular Socialista.
Não a vemos apenas como um objetivo normativo, mas de uma necessidade imposta pelas condições do desenvolvimento hoje.
Muito há a caminhar, em termos de aumentar a transparência dos atos governamentais e a participação do cidadão, melhorar a qualidade da representação política, sanar os desequilíbrios enormes entre os poderes da República e os níveis da Federação.
A reforma política é, para nós, um processo demorado, de acumulação de ganhos. O ponto inicial, contudo, que deve ser enfrentado na primeira hora do novo governo é a mudança da legislação eleitoral e partidária. Para haver partidos efetivos e legislativos atuantes, a regra deve mudar.
Para tanto o PPS propõe:
1.1 Reforma Política imediata em torno do voto distrital misto, com lista fechada, alternância de sexos na lista e financiamento público de campanha.
Se a mudança da regra eleitoral é o ponto inicial da Reforma, a mudança de sistema de governo é seu horizonte. Propomos, portanto,
1.2 O retorno do parlamentarismo à agenda, com a perspectiva de sua adoção em caráter experimental em estados e municípios, sujeita a aprovação popular posterior.
A partir da reforma eleitoral e partidária torna-se possível avançar na reforma democrática do estado. A proposta Bresser-Pereira, correta no essencial, pecou, de um lado, por não considerar a necessária mudança prévia na regra eleitoral, de outro por não perceber que o acréscimo de um componente gerencial em determinados segmentos do Estado deveria ser acompanhado pelo incremento da participação da sociedade civil organizada.
Assim, propomos:
1.3 A Reforma Democrática do Estado, com a redução imediata de 50% do número de cargos de livre provimento e fortalecimento simultâneo dos instrumentos gerenciais e participativos da gestão pública, dotando-a de uma necessária transparência ao escrutínio da cidadania.
Além do aumento da eficiência e da participação, está em jogo o caráter dos instrumentos utilizados pelo poder publico.
Há instâncias e organizações submetidas de forma direta à vontade popular, cujos titulares dependem da indicação dos eleitos, e instâncias e organizações outras cujo bom funcionamento depende do alinhamento a regras de caráter técnico, cujos titulares, aprovados pelos representantes do povo, dispõem de autonomia e mandato.
O PPS propõe:
1.4 A rediscussão da estrutura do Estado brasileiro, com definição clara dos limites de atuação de agências reguladoras e outras organizações relativamente autônomas e os demais órgãos do Poder Executivo.
A mudança na regra eleitoral enseja o fim da corrupção estrutural que comanda nossas eleições, bem exemplificada pela prática generalizada do chamado “caixa dois”. Será o momento de prosseguir nesse rumo e avançar nas exigências de transparência, de candidatos, partidos e governantes, bem como no fortalecimento dos mecanismos de fiscalização e controle. Propomos
1.5 A generalização do e-governo, com exceção apenas das matérias com implicações em termos de segurança nacional.
2 – Redução das desigualdades
Nos 25 anos de democracia, particularmente nos 16 últimos anos de estabilidade econômica, conseguimos no Brasil avanços significativos em termos de inclusão social e redução das desigualdades.
É preciso reconhecer, no entanto, que ainda estamos longe da situação de eqüidade mínima necessária. Pobreza e indigência caíram, mas seus percentuais continuam elevados. Além disso, parte importante dos egressos da indigência alcançaram uma situação de consumo nova, compatível com a sobrevivência, mas não foram incluídos de forma plena em termos de inserção produtiva nem de autonomia cidadã.
Para prosseguir nesse rumo precisamos de instrumentos novos de política econômica e social. O Partido Popular Socialista propõe, em primeiro lugar,
2.1 A continuidade das políticas de transferência de renda existentes, com controle maior sobre a seleção de beneficiários e a partilha de responsabilidades por sua implementação com os governos municipais.
Essas políticas têm o mérito de manter a vida dos cidadãos beneficiados. Responderam, com os aumentos continuados do salário mínimo, pela redução do percentual de indigentes da população brasileira. Não enfrentam, contudo, as questões da pobreza e da desigualdade, que exigem políticas de mudança estrutural para seu enfrentamento.
Trata-se de criar as condições para o início de um círculo virtuoso de acumulação de capital social.
Para tanto, o PPS propõe:
2.2 A educação em tempo integral como meta nacional, acompanhada de uma política rigorosa de avaliação de resultados, base para o incremento progressivo da qualidade do ensino.
A inserção produtiva é dimensão indispensável à inclusão do cidadão. Na sociedade nova, na economia do conhecimento, sob a diretriz da sustentabilidade, o mundo do trabalho se transforma. A questão do trabalho é cada vez menos redutível ao emprego.
O trabalho autônomo, o trabalho familiar, as pequenas empresas, as cooperativas, respondem em conjunto por um número cada vez maior de trabalhadores, no Brasil e no mundo. O trabalhador de novo tipo participa em maior medida que o assalariado dos riscos e dos ganhos do empreendimento.
O PPS propõe:
2.3 A formulação e implementação de uma política nacional de trabalho, que contemple o aumento do emprego, o apoio à pequena e micro-empresa, o estímulo ao associativismo e a promoção do empreendedorismo, com participação importante dos governos municipais.
No Brasil de hoje as cidades concentram a população, a pobreza e as desigualdades. O combate a esses problemas não pode prescindir da consideração da questão urbana.
Sucessivos governos têm tratado essa questão apartada da questão da desigualdade. O atual governo soube transformar o que poderia ser um importantíssimo projeto de coesão social e transformação das cidades, como desenhado no Estatuto das Cidades, em balcão de negócios para regular o direito de incorporadoras e construtoras.
Caberá ao novo governo retomar o papel da cidade enquanto lugar de afirmação das políticas públicas de promoção social e da conexão dessas políticas com a questão da sustentabilidade.
É prioritário que o novo governo invista em cidades sustentáveis, e que também promovam a equidade.
Da mesma forma será necessário que haja uma política nacional de estímulo às políticas municipais de desenvolvimento, em seu sentido mais amplo.
O PPS propõe:
2.4 A reforma urbana como política nacional, com incidência sobre a propriedade do solo, a reorganização do espaço urbano, a mudança radical do sistema de transportes e a reestruturação da oferta de serviços públicos, e
2.5 O fortalecimento do poder local, com o empoderamento dos municípios e o estímulo à participação dos cidadãos na formulação de políticas e na gestão dos serviços.
O PPS manifesta defende ainda a continuidade e aprofundamento das políticas de combate às desigualdades de gênero, raça e região. Para essa última questão propõe
2.6 A definição em implantação de uma política de desenvolvimento regional, com prioridade para a Amazônia e a região Nordeste, nos marcos da nova economia da sustentabilidade.
3 – A premissa da sustentabilidade
A controvérsia em torno da sustentabilidade como premissa do desenvolvimento está vencida. A mudança da matriz energética, o caminho na direção de uma economia não dependente do consumo de carbono é irreversível e o grau de ousadia do engajamento dos diferentes países nessa mudança será fator relevante na competição internacional.
O Brasil detém vantagens excepcionais nessa conjuntura, com destaque para a matriz energética limpa e o estoque de biodiversidade que o território nacional abriga. Faltam-nos, ainda, clareza na definição política do rumo a tomar. Todas as decisões da política econômica, inclusive aquelas relativas à velha matriz, como o projeto do pré-sal devem tomar como norte o futuro do pós-carbono.
Nesse cenário, fica clara a centralidade da política de ciência, tecnologia e inovação.
O PPS propõe:
3.1 Uma política de C&T, voltada para as exigências do novo tempo, que aumente os investimentos no setor, priorize a articulação com o setor produtivo e supere o gargalo hoje existente em termos de inovação.
Impõe-se, também, acelerar o processo de mudança da matriz energética.
O PPS propõe:
3.2 Prioridade para a expansão do uso de energias alternativas como o etanol, a eólica, a solar, a biomassa, as hidroelétricas de pequeno e médio porte, a energia nuclear, bem como para programas de aumento da eficiência no transporte e uso da energia.
Essa é uma opção política que implica mudança radical na matriz de transportes brasileira.
O PPS propõe:
3.3 A transição acelerada para uma nova matriz de transportes, com prioridade para a ferrovia e a hidrovia, em detrimento da rodovia; para o transporte coletivo em detrimento da locomoção individual.
A agropecuária brasileira, em boa parte graças ao investimento público em ciência e tecnologia, encontra-se na vanguarda da produção mundial. Cumpre superar a oposição entre agropecuária e sustentabilidade e caminhar na direção de uma agropecuária sustentável. Para tanto é necessário prosseguir no desenvolvimento científico e tecnológico com o objetivo simultâneo de aumentar a produtividade e preservar adequadamente a terra e os recursos naturais.
O PPS propõe:
3.3 Elevar o investimento em pesquisa, com ênfase na sustentabilidade e foco especial na agricultura familiar.
Esses os pontos sobre os quais devemos centrar nossa intervenção política, visando contribuir para um efetivo desenvolvimento econômico centrado na sustentabilidade ambiental e socialmente justo, fruto da inclusão produtiva de nossos cidadãos e cidadãs.
2010: O PPS PENSANDO O BRASIL
O desenvolvimento que queremos
Introdução
A eleição de outubro, desfecho da campanha eleitoral que se inicia, será crucial para a definição do rumo do país, seu desempenho econômico e social, assim como do papel que ocupará numa ordem mundial caracterizada pela interdependência crescente entre os países. Não é o momento de escolhas tímidas e conservadoras, nem da opção por candidatos e propostas que estão aquém das exigências da conjuntura. Num mundo em mudança acelerada, o custo da inércia, da acomodação intelectual, do refúgio nas fórmulas consagradas é pesado. Para avançar, é preciso mudar.
O Partido Popular Socialista empenha-se, agora, com os partidos que estão se coligando na construção de um instrumento político capaz de levar a alternativa da mudança ao embate eleitoral.
Apresenta, nesta oportunidade, à sociedade, aos partidos aliados e a todas as lideranças políticas e sociais interessadas em transformações reais, sua contribuição para a elaboração de um projeto comum de governo.
Nossa contribuição ancora-se em nossa história. Nossas propostas têm como norte os valores que apontam para a utopia socialista, expurgados de fórmulas que a história demonstrou falazes, atualizados pelas exigências contemporâneas. Pensamos para o Brasil uma sociedade que atenda padrões elevados de democracia, eqüidade e afluência.
Esse objetivo converge para o consenso formado nos foros internacionais: desenvolvimento não é redutível a crescimento econômico, mas abriga como dimensões necessárias a ampliação da democracia, a redução das desigualdades e a diretriz da sustentabilidade.
A história recente mostrou a um tempo a necessidade e a insuficiência dos mecanismos de mercado e do Estado para a regulação das relações econômicas e sociais. A lacuna que resta só pode ser ocupada pela cidadania organizada, pela transparência, pelo controle e participação do cidadão. Nesse sentido, a qualidade da democracia hoje é condição do desenvolvimento e é preciso um ganho expressivo de qualidade para que a democracia brasileira tenha condições de responder à altura aos desafios do presente.
Na mesma perspectiva, está claro que desenvolvimento, no sentido amplo aqui utilizado, é tarefa complexa que exige o concurso das potencialidades de todos. Manter grande parte da população à margem da produção e do consumo, como faz ainda o Brasil, apesar dos ganhos obtidos, é um desperdício criminoso de trabalho e talento, que causa perdas a todos nós. Daí a urgência do avanço no rumo da eqüidade.
Sustentabilidade, por sua vez, não mais pode ser vista como um acréscimo politicamente correto ao sistema anterior de produção. O fim da economia baseada no carbono é fato e o desenvolvimento seguirá a trilha aberta pela mudança da matriz energética. O Brasil, apesar das enormes vantagens comparativas de que goza nesse campo, está atrasado na formulação e implementação dessa mudança.
Democracia, eqüidade e sustentabilidade são os eixos da sociedade que emerge, a sociedade do conhecimento.
O atendimento às demandas simultâneas desses eixos impõe como tarefas centrais na agenda da política educação, ciência, tecnologia e inovação. Nosso desempenho no que se refere à ciência e tecnologia ainda está aquém do necessário, particularmente em relação á tecnologia e inovação. Mas o desempenho do Brasil em educação, na formação do cidadão e do trabalhador da sociedade do conhecimento, é calamitoso, conforme as comparações internacionais disponíveis.
Num mundo de interdependência crescente as relações internacionais, políticas, comerciais e culturais, assumem importância inédita. Ganham destaque, em especial, os processos de integração regional e a construção e aperfeiçoamento dos organismos responsáveis pela governança mundial.
Ambas as dimensões merecem atuação mais incisiva por parte do governo brasileiro. Afinal, é cada vez maior o número de decisões vitais para os interesses brasileiros, positivas e negativas, tomadas ou postergadas nesses organismos.
Com base nessas diretrizes, o Partido Popular Socialista apresenta as propostas que se seguem.
1 – Ampliação da democracia
A ampliação progressiva da democracia, a política da radicalidade democrática é central para o Partido Popular Socialista.
Não a vemos apenas como um objetivo normativo, mas de uma necessidade imposta pelas condições do desenvolvimento hoje.
Muito há a caminhar, em termos de aumentar a transparência dos atos governamentais e a participação do cidadão, melhorar a qualidade da representação política, sanar os desequilíbrios enormes entre os poderes da República e os níveis da Federação.
A reforma política é, para nós, um processo demorado, de acumulação de ganhos. O ponto inicial, contudo, que deve ser enfrentado na primeira hora do novo governo é a mudança da legislação eleitoral e partidária. Para haver partidos efetivos e legislativos atuantes, a regra deve mudar.
Para tanto o PPS propõe:
1.1 Reforma Política imediata em torno do voto distrital misto, com lista fechada, alternância de sexos na lista e financiamento público de campanha.
Se a mudança da regra eleitoral é o ponto inicial da Reforma, a mudança de sistema de governo é seu horizonte. Propomos, portanto,
1.2 O retorno do parlamentarismo à agenda, com a perspectiva de sua adoção em caráter experimental em estados e municípios, sujeita a aprovação popular posterior.
A partir da reforma eleitoral e partidária torna-se possível avançar na reforma democrática do estado. A proposta Bresser-Pereira, correta no essencial, pecou, de um lado, por não considerar a necessária mudança prévia na regra eleitoral, de outro por não perceber que o acréscimo de um componente gerencial em determinados segmentos do Estado deveria ser acompanhado pelo incremento da participação da sociedade civil organizada.
Assim, propomos:
1.3 A Reforma Democrática do Estado, com a redução imediata de 50% do número de cargos de livre provimento e fortalecimento simultâneo dos instrumentos gerenciais e participativos da gestão pública, dotando-a de uma necessária transparência ao escrutínio da cidadania.
Além do aumento da eficiência e da participação, está em jogo o caráter dos instrumentos utilizados pelo poder publico.
Há instâncias e organizações submetidas de forma direta à vontade popular, cujos titulares dependem da indicação dos eleitos, e instâncias e organizações outras cujo bom funcionamento depende do alinhamento a regras de caráter técnico, cujos titulares, aprovados pelos representantes do povo, dispõem de autonomia e mandato.
O PPS propõe:
1.4 A rediscussão da estrutura do Estado brasileiro, com definição clara dos limites de atuação de agências reguladoras e outras organizações relativamente autônomas e os demais órgãos do Poder Executivo.
A mudança na regra eleitoral enseja o fim da corrupção estrutural que comanda nossas eleições, bem exemplificada pela prática generalizada do chamado “caixa dois”. Será o momento de prosseguir nesse rumo e avançar nas exigências de transparência, de candidatos, partidos e governantes, bem como no fortalecimento dos mecanismos de fiscalização e controle. Propomos
1.5 A generalização do e-governo, com exceção apenas das matérias com implicações em termos de segurança nacional.
2 – Redução das desigualdades
Nos 25 anos de democracia, particularmente nos 16 últimos anos de estabilidade econômica, conseguimos no Brasil avanços significativos em termos de inclusão social e redução das desigualdades.
É preciso reconhecer, no entanto, que ainda estamos longe da situação de eqüidade mínima necessária. Pobreza e indigência caíram, mas seus percentuais continuam elevados. Além disso, parte importante dos egressos da indigência alcançaram uma situação de consumo nova, compatível com a sobrevivência, mas não foram incluídos de forma plena em termos de inserção produtiva nem de autonomia cidadã.
Para prosseguir nesse rumo precisamos de instrumentos novos de política econômica e social. O Partido Popular Socialista propõe, em primeiro lugar,
2.1 A continuidade das políticas de transferência de renda existentes, com controle maior sobre a seleção de beneficiários e a partilha de responsabilidades por sua implementação com os governos municipais.
Essas políticas têm o mérito de manter a vida dos cidadãos beneficiados. Responderam, com os aumentos continuados do salário mínimo, pela redução do percentual de indigentes da população brasileira. Não enfrentam, contudo, as questões da pobreza e da desigualdade, que exigem políticas de mudança estrutural para seu enfrentamento.
Trata-se de criar as condições para o início de um círculo virtuoso de acumulação de capital social.
Para tanto, o PPS propõe:
2.2 A educação em tempo integral como meta nacional, acompanhada de uma política rigorosa de avaliação de resultados, base para o incremento progressivo da qualidade do ensino.
A inserção produtiva é dimensão indispensável à inclusão do cidadão. Na sociedade nova, na economia do conhecimento, sob a diretriz da sustentabilidade, o mundo do trabalho se transforma. A questão do trabalho é cada vez menos redutível ao emprego.
O trabalho autônomo, o trabalho familiar, as pequenas empresas, as cooperativas, respondem em conjunto por um número cada vez maior de trabalhadores, no Brasil e no mundo. O trabalhador de novo tipo participa em maior medida que o assalariado dos riscos e dos ganhos do empreendimento.
O PPS propõe:
2.3 A formulação e implementação de uma política nacional de trabalho, que contemple o aumento do emprego, o apoio à pequena e micro-empresa, o estímulo ao associativismo e a promoção do empreendedorismo, com participação importante dos governos municipais.
No Brasil de hoje as cidades concentram a população, a pobreza e as desigualdades. O combate a esses problemas não pode prescindir da consideração da questão urbana.
Sucessivos governos têm tratado essa questão apartada da questão da desigualdade. O atual governo soube transformar o que poderia ser um importantíssimo projeto de coesão social e transformação das cidades, como desenhado no Estatuto das Cidades, em balcão de negócios para regular o direito de incorporadoras e construtoras.
Caberá ao novo governo retomar o papel da cidade enquanto lugar de afirmação das políticas públicas de promoção social e da conexão dessas políticas com a questão da sustentabilidade.
É prioritário que o novo governo invista em cidades sustentáveis, e que também promovam a equidade.
Da mesma forma será necessário que haja uma política nacional de estímulo às políticas municipais de desenvolvimento, em seu sentido mais amplo.
O PPS propõe:
2.4 A reforma urbana como política nacional, com incidência sobre a propriedade do solo, a reorganização do espaço urbano, a mudança radical do sistema de transportes e a reestruturação da oferta de serviços públicos, e
2.5 O fortalecimento do poder local, com o empoderamento dos municípios e o estímulo à participação dos cidadãos na formulação de políticas e na gestão dos serviços.
O PPS manifesta defende ainda a continuidade e aprofundamento das políticas de combate às desigualdades de gênero, raça e região. Para essa última questão propõe
2.6 A definição em implantação de uma política de desenvolvimento regional, com prioridade para a Amazônia e a região Nordeste, nos marcos da nova economia da sustentabilidade.
3 – A premissa da sustentabilidade
A controvérsia em torno da sustentabilidade como premissa do desenvolvimento está vencida. A mudança da matriz energética, o caminho na direção de uma economia não dependente do consumo de carbono é irreversível e o grau de ousadia do engajamento dos diferentes países nessa mudança será fator relevante na competição internacional.
O Brasil detém vantagens excepcionais nessa conjuntura, com destaque para a matriz energética limpa e o estoque de biodiversidade que o território nacional abriga. Faltam-nos, ainda, clareza na definição política do rumo a tomar. Todas as decisões da política econômica, inclusive aquelas relativas à velha matriz, como o projeto do pré-sal devem tomar como norte o futuro do pós-carbono.
Nesse cenário, fica clara a centralidade da política de ciência, tecnologia e inovação.
O PPS propõe:
3.1 Uma política de C&T, voltada para as exigências do novo tempo, que aumente os investimentos no setor, priorize a articulação com o setor produtivo e supere o gargalo hoje existente em termos de inovação.
Impõe-se, também, acelerar o processo de mudança da matriz energética.
O PPS propõe:
3.2 Prioridade para a expansão do uso de energias alternativas como o etanol, a eólica, a solar, a biomassa, as hidroelétricas de pequeno e médio porte, a energia nuclear, bem como para programas de aumento da eficiência no transporte e uso da energia.
Essa é uma opção política que implica mudança radical na matriz de transportes brasileira.
O PPS propõe:
3.3 A transição acelerada para uma nova matriz de transportes, com prioridade para a ferrovia e a hidrovia, em detrimento da rodovia; para o transporte coletivo em detrimento da locomoção individual.
A agropecuária brasileira, em boa parte graças ao investimento público em ciência e tecnologia, encontra-se na vanguarda da produção mundial. Cumpre superar a oposição entre agropecuária e sustentabilidade e caminhar na direção de uma agropecuária sustentável. Para tanto é necessário prosseguir no desenvolvimento científico e tecnológico com o objetivo simultâneo de aumentar a produtividade e preservar adequadamente a terra e os recursos naturais.
O PPS propõe:
3.3 Elevar o investimento em pesquisa, com ênfase na sustentabilidade e foco especial na agricultura familiar.
Esses os pontos sobre os quais devemos centrar nossa intervenção política, visando contribuir para um efetivo desenvolvimento econômico centrado na sustentabilidade ambiental e socialmente justo, fruto da inclusão produtiva de nossos cidadãos e cidadãs.
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