terça-feira, 12 de agosto de 2008

Ainda Bolívia: interpretando Santa Cruz


Entrevista com Bernardo Corro Barrientos sobre as lideranças de Santa Cruz:
“O que é que fazem quando percebem que o Estado é ocupado por outros dirigentes, outros partidos populares e democráticos, e que têm interesses diversos dos seus? Começam a pedir a autonomia, procuram, desesperadamente, controlar de maneira unilateral o governo regional. O modelo econômico de Santa Cruz é peculiar e pouco conhecido, em comparação aos existentes na América Latina. Investindo desde os anos 80 na produção de soja, esse modelo se caracteriza por estar baseado na propriedade latifundiária ilegal, e fortemente dependente dos recursos da inversão pública e dos subsídios do governo central. Querem a autonomia porque não podem viver dos próprios recursos, gerados por eles, e necessitam de subsídios. Querem separar-se para que, boa parte dos ingressos provenientes da exportação de gás e petróleo de Santa Cruz e Tarija, seja desviada para a agricultura que não é competitiva. A questão central, então, é a separação pura e simples do resto do País. E Santa Cruz necessita profundamente do departamento de Tarija, mais ao sul, porque é lá que estão os maiores poços de gás. Essa associação é fundamental. Santa Cruz não se separa sozinha, precisa de aliados. Hoje se diz que metade dos latifundiários de Santa Cruz é formada de brasileiros, argentinos, alemães, croatas e sérvios da ex-Iugoslávia, um país que também foi desmembrado, da mesma forma como pensam fazer com o leste da Bolívia."

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