domingo, 9 de maio de 2010
O segredo de seus olhos
O filme que mais me desestruturou na vida foi Morangos Silvestres, de Bergman. Eu estava no ápice do meu esquerdismo e percebi o quanto a insensibilidade com o indivíduo é uma imensa contradição com qualquer traço de humanismo político. Algo que pessoas como Zé Dirceu parecem não ter experimentado na vida.
Mais recentemente, Cinema Paradiso, embora já tenha quase se tornado um clichê, me tirou o fôlego. A cena final, dos beijos em sequência, era como se fosse um passado que poderia ter ocorrido. Arriscaria dizer que é um sentimento italiano, uma espécie de melancolia densa e intensa. Era como se, pela imagem, surgisse um atavismo, uma foto em série dos meus bisavós, avós, pais, família.
Ontem, fui assistir O Segredo dos Seus Olhos. Foi a mesma sensação. O filme fala de amor e afeto, essencialmente. Pareceu absurdo ser enquadrado pela crítica como algo do gênero policial. E arriscaria dizer que o centro da trama é desenvolvida pelo papel de Guillermo Francella, na pele de Pablo Sandoval. O momento em que ele diz que o que sobra dos homens é a paixão, com a câmera em close, é literatura.
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