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Estou lendo o livro de Amaury de Souza e Bolívar Lamounier, "A Classe Média Brasileira". O que está me impressionando mais é o espraiamento da "ideologia da intimidade". 63% dos membros das classes D e E nunca participaram de nenhuma organização social, o mesmo ocorrendo entre 56% dos membros da Classe C (a nova classe média). A família é o único agrupamento social confiável. Nem amigos aparecem como dignos de confiança. A maioria declara ter poucos amigos. A única instituição citada como digna de confiança é a igreja (66% das respostas). Depois, vem televisão (despencando para 26% das respostas).
Emerge uma maioria brasileira com forte tom de segregação social e egocentrismo.
3 comentários:
E o pior, essa igreja citada deve ser a evangélica. Pelo menos é a maioria.
Não. Eu mesmo coordenei uma pesquisa para a Arquidiocese de BH sobre perfil do católico na região e constatei o que na Itália denomina-se "religiosidade privada". As pessoas procuram as igrejas - inclusive as católicas - para conforto e segurança pessoal. Sem qualquer relação com a solidariedade, a compaixão ou a encarnação católica (que significa, ao contrário do espiritismo, "colocar-se na situação do outro".
Surpresa, pois é a impressão que temos como leigos.
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