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No iníco deste século, coordenei uma pesquisa sobre sistema de atendimento ao adolescente autor de ato infracional em Minas Gerais, por solicitação do Conselho Estadual de Direitos da Criança e Adolescente do Estado. Hoje, a Vara da Infância e Juvnetudo de Belo Horizonte divulga dados sobre algo que havíamos alertado quando da conclusão da pesquisa: aumenta o número de casos de infração relacionadas ao tráfico de drogas. Em 2005, foram 3.231 atos infracionais cometidos em Belo Horizonte por adolescentes, sendo 29% furtos, 19% roubos, 13% porte de arma e 11,7% tráfico de drogas. Em 2007, foram 4.014 casos, sendo que o tráfico subiu para a primeira posição, 25% do total de atos infracionais. Ocorre que em nossa pesquisa, havíamos constatado que os roubos tinham ligação direta com o tráfico. O mesmo para porte de armas. O furto caiu para a quinta posição (9% dos casos de infração). Tráfico, roubo, porte de arma e uso de tóxico estão à frente do furto. Algo precisa ser feito urgentemente. E nada que tenha relação com o editorial sensacionalista do jornal Estado de Minas, cujo título é "Crianças Traficantes". O velho e repisado chavão da criminalização fácil da criança (as infrações envolvem adolescentes, acima de 12 anos, algo que o jornal parece desconhecer, inclusive).
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