segunda-feira, 31 de março de 2008
Crise nos EUA, FED e Keynes
Primeiro, J. Bradford DeLong, professor de Economia na Universidade da Califórnia em Berkeley, e ex-assistente do Secretário do Tesouro dos EUA (governo Clinton), escreve um artigo cujo título é "A cura keynesiana". O artigo começa assim:
"Não é possível sentenciar de antemão que a economia mundial se submeterá a uma sólida recessão nos próximos três anos: ainda poderemos escapar. Os governos, porém, devem se precaver, começando a tomar mais providências agora para amortecer, suavizar e reduzir o período de desemprego elevado e de crescimento lento ou negativo, que agora parece muito provável. (...) Talvez a melhor forma de analisar a situação seja recordar que três locomotivas propulsionaram a economia do mundo ao longo dos 15 anos passados. A primeira foi investimento pesado, centrado nos Estados Unidos, graças à revolução da tecnologia da informação. A segunda foi investimento em construções, mais uma vez centrado nos EUA, puxado pela forte expansão do setor habitacional. A terceira foi investimento no setor manufatureiro nos demais lugares no mundo - predominantemente na Ásia - num momento em que os EUA se tornaram o importador de última instância da economia mundial. (...) A primeira locomotiva, no entanto, ficou sem combustível há sete anos, e não existe nenhum setor importante alternativo claro movido a tecnologia, como o de biotecnologia, que possa inspirar uma exuberância comparável, racional ou não. A segunda locomotiva começou a dar sinais de fadiga há dois anos e agora está quase parando, o que significa que a terceira - os EUA como importadores de última instância - também está perdendo velocidade: o dólar fraco associado ao colapso do financiamento habitacional torna desvantajoso exportar para os EUA."
Agora, ficamos sabendo que o secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Henry Paulson, apresentou oficialmente nesta segunda-feira um vasto projeto de reforma da regulamentação financeira, o maior desde a Grande Depressão dos anos 30, atribuindo sobretudo uma missão muito maior ao banco central, mas os críticos se questionam o alcance real das medidas anunciadas. Os principais pontos são: a) maior poder ao FED (Banco Central dos EUA) para fazer vistorias em todo sistema financeiro; b) cria um escritório nacional para fiscalizar seguradoras (um dos vilões da atual crise); c) criar comissão para regular o setor de hipotecas.
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