domingo, 5 de abril de 2009

A entrevista de Dilma Rousseff na Folha de hoje


Meu estômago embrulhou ao ler a entrevista da ministra Dilma Rousseff na Folha de S.Paulo de hoje. Imagino o sofrimento e tensão durante a entrevista. Quem não passou pelo regime militar, ou não se arriscou lutando contra a ditadura, dificilmente entende o que é isto. As fantasias da extrema direita eram imensas. Achavam que qualquer pessoa com algum pensamento democrático era guerrilheiro. É verdade que havia muita gente de direita com bom senso. Mas a maioria do pessoal de direita era absolutamente paranóico. Imagine para o caso de uma pessoa efetivamente clandestina e envolvida com grupos guerrilheiros, como a ministra?
Eu não entro no mérito ou objetivos da entrevista. Não farei campanha para qualquer candidato à Presidência da República. Minha questão, neste comentário, é o dilema pessoal. O tempo todo, como que assistindo à um filme, me projetei na "telona" da entrevista. Imagino a tensão de entregar o nome de algum ex-militante clandestino, que hoje tem uma vida pacata e está com sua família? Ela se expõe publicamente como ministra, mas e os outros, com quem conviveu, que desistiram totalmente de qualquer ação pública? E como garantir ao entrevistado e leitor que não tem mais nenhum vínculo com o projeto da juventude? Deve ter sido muito pesado, embora ela transpareça que é realmente uma dama de ferro.
Eu já havia recebido, por email, a ficha que a Folha publica na página A10. Deletei no ato. Sei que é um documento da história de nosso país. Mas confesso que fico repugnado ao remoer esta tragédia pessoal.
Ver a entrevista aqui

2 comentários:

Rafael M. Menezes disse...

Se antes meu voto à presidência da República iria para Dilma, caso sua futura candidatura acontece-se, depois de ler sua entrevista a Folha de São Paulo de hoje, acabaria de se confirmar. Realmente meu ilustre Rudá, não vivenciei o período da ditadura, mais após várias leituras a respeito do tema, também fiquei a imaginar tamanha tensão envolta da entrevista de Dilma. Dá para sentir sua ansiedade, e sua apreensão durante a entrevista concedida. O que não dá para entender é a chamada sensacionalista da Folha: “Grupo de Dilma planejou seqüestro de Delfim Netto”. Desmentida na entrevista de Dilma, que nem cogitou tal hipótese. Fica aí um alô para os jornalistas sensacionalista; boas reportagens se constroem com a verdade. Não com suposições.

Fatima disse...

Rudá,pela consideração que tenho às suas críticas e posições políticas, acho que é um bom momento para nos falar mais sobre o que pensa quanto a este assunto. De preferência, tirando mesmo o foco de Dilma e das disputas em torno de sua candidatura. Acho muito covarde a circulação dessa "ficha" na internet e é preciso construir mais argumentos para se posicionar frente a tudo isso. E pelo "andar da carruagem", tenho a certeza que esta conversa está apenas começando...