terça-feira, 12 de outubro de 2010

A campanha na internet


Degringolada geral. Acessar twitter ou as centenas de mensagens enviadas por desconhecidos à nossa caixa postal nesta campanha de segundo turno está sendo um suplício. A internet acaba estampando a indigência intelectual dos militontos partidários. Fico entre a raiva e uma profunda decepção. Decepção pode parecer estranho, mas como comecei a militar com 15 anos de idade, não consigo entender como o envio de mensagens tão sem pé nem cabeça, difamatórias até o último fio de cabelo, pode fazer a adrenalina correr nas veias desses internautas. A política não pode ser tão infantilizada. Ontem, travei uma conversa com um militante importante do PPS pernambucano. Achei que ele descambava para a baixaria e pedi um pouco mais de cuidado. Nem faço isto com os dilmistas porque nem vejo espaço para uma conversa mais séria. Mas tenho a esperança do surgimento de uma oposição democrática no Brasil, que crie equilíbrio em relação ao lulismo. Acho que os tucanos paulistas são arrogantes e tendem à xenofobia. Jogaram qualquer discussão séria sobre projeto para o país na lata do lixo e se pautam pelas pesquisas de opinião. Por aí não sai coelho. Mas no resto do país é possível emergir uma oposição mais equilibrada, programática e democrática. Seria tudo de bom para o país. Mesmo porque, temo que o lulismo tenda ao monolitismo a partir de uma agregação sem fim (que alguns denominam de cooptação, embora não seja o caso, já que todos convergem a este centrão que é o lulismo que se metamorfoseia a todo instante).
A conversa com este miltitante do PPS nordestino me deixou perplexo. Achei que ele fazia proselitismo. Atacava a postura pós-primeiro turno de Dilma como falsa (em relação ao aborto). Achei que socava abaixo da linha da cintura. Pedi um pouco mais de seriedade. E eis que o rapaz (que foi candidato nestas eleições) foi descrevendo no twitter uma crença das mais exóticas. Ele efetivamente acredita que Serra tem uma posição distinta de Dilma a respeito do aborto. Quanta desinformação. Para piorar, defende realmente a criminalização do aborto. Nesta altura da conversa, resolvi pedri desculpas e me retirar. Ao me despedir, disse que pensava que estava conversando com alguém de esquerda. Está realmente difícil encontrar alguém no Brasil, filiado a um partido, que mantenha alguma coerência programática. Os partidos não discutem com seus filiados nada além de tática eleitoral e domínio político via aparelho de Estado. São as ongs e organizações populares (e uns raros centros de pesquisa acadêmica) que discutem o país a partir de diagnósticos fundamentados e elaboram agendas (ou tentativas de agenda). Não por outro motivo, todos governos dependem mais e mais de consultores ou quadros extra-partido para gerenciarem problemas que nunca discutiram. Eleitos no Brasil nunca sabem exatamente o que fazer.
Enfim partidos e internet se merecem neste segundo turno.

2 comentários:

RENOVAÇÃO CARISMÁTICA CATÓLICA - T. Otoni disse...

Ele é ‘o candidato’ mais preparado. Do outro lado da disputa, há alguém que nunca foi eleito para um cargo executivo. Não tem condição para ser presidente.
Pior. O partido adversário defende o aborto, aliás, como o próprio opositor já fez. O ‘candidato’ mais preparado é o único capaz de defender os valores da família, da religião, do cristianismo, ameaçado pelo comunismo, ainda que mais moderno.

Inclusive, ‘o candidato’ é o respaldo contra o casamento gay, que é defendido pelo partido adversário.

‘O candidato’ aparece junto com líderes religiosos. Ele representa o bem.

O adversário é envolvido com satanismo. Inclusive apareceram fotos em rituais ‘satânicos’ de macumba.*

O ‘candidato’ vai defender as verdadeiras cores do Brasil, o verde, o amarelo, o azul e o branco. E não o vermelho, a cor do comunismo, a cor do partido adversário.

Enfim, a civilização cristã ocidental pode respirar aliviada. Encontrou seu ‘candidato’.

Mas a ‘mídia’ também pode respirar aliviada. ‘O candidato’ era a garantia que o seu partido opositor não calaria a imprensa, nem acabaria com a liberdade de expressão das 10 famílias que controlam os jornais e as TVs brasileiras.

Hoje, temos bons motivos para imaginar que este ‘candidato’ teve várias amantes. Seu casamento era de fachada. Aliás, ele praticava satanismo. Segundo se afirmou depois, obrigou sua esposa a abortar, quando ela engravidou do segurança. ‘O candidato’, segundo dito pelos seus amigos de infância, era usuário de entorpecentes. Seu maior aliado político, no fim, era Leonel Brizola, o ‘perigo comunista’ dos anos 60.

Bem vindo a 1989. Você está acompanhando o relato da primeira eleição após o regime militar. Todas as frases acima foram ditas durante os debates e a campanha eleitoral que levou Fernando Collor de Melo ao poder, através do voto popular. E sua queda foi descrita pela imprensa brasileira nos detalhes mais sórdidos, conforme o parágrafo anterior.

Todas estas informações as tenho na memória. Foi um tempo muito sofrido para um cristão que, como eu, queria ver o país melhor, e por isso votou em Mário Covas, candidato do PSDB no primeiro turno, e seguiu o voto do PSDB no segundo turno daquela eleição.

Ironicamente, como dizia Karl Marx, que deve se rir agora, a história só se repete como farsa.

Como escrevo este artigo no dia de Nossa Senhora Aparecida, espero que a Mãe de Jesus, na comunhão do céu e da terra descrita no texto do Apocalipse, proteja o nosso país de todos os perigos anti-cristãos, que querem destruir a família, inclusive a impostura, a mentira e o uso da religião como ópio do povo, e enganação dos mais simples.

Reafirmo que todas as vezes na história da humanidade, e das nossas cidades, e do nosso Brasil, que a Igreja de Jesus Cristo, em sua expressão plena, Católica, ou nas comunidades sem comunhão plena (conhecidas como evangélicas ou reformadas), embrenhou-se num projeto político partidário, o fim foi desastroso. Misturar o discurso Absoluto da religião com a relatividade do partidarismo é um crime de lesa majestade contra o Senhorio de Jesus. Algumas experiências da Teologia da Libertação são muito claras quanto a isto.

Claro, não estou dizendo que a Igreja não deva se posicionar na vida política. Claro que deve. Mas partidarizar-se significa dividir, partir, quando sua missão é reunir na unidade os filhos de Deus dispersos.

É tempo de refletir, e até a próxima. Deus está conosco.

*NÃO ESTOU CORROBORANDO A INTERPRETAÇÃO. SÓ REPETINDO A FALA DE OUTROS.



Fontes na internet sobre a vida pessoal de Collor, inclusive com alguns desmentidos: http://veja.abril.com.br/arquivo_veja/capa_17031993.shtml

http://veja.abril.com.br/121207/p_064.shtml



Luís Alberto Bassoli

www.lbassoli.wordpress.com

www.luisbassoli.zip.net

Rudá Ricci disse...

Não entendi se sua mensagem é um apanhado de opiniões ou sua opinião, afinal. Mas, vamos lá:
1) O texto demonstra grande ignorância em relação a Serra e Dilma quando afirma que um defende o aborto e outro não, quando um é contra casamento gay e o outro não;
2) Os dois são afiliados à tradição de esquerda. Nenhum, nunca, foi carismático, evangélico, anti-direitos civis;
3) A extrema direita fundamentalista perdeu espaço político partidário. Os dois finalistas da campanha presidencial têm história. Não são stalinistas. Defendem os direitos civis e a pluralidade;
4) Finalmente, pregar qualquer associação entre religião e política gera fascismo;
5) Este tema só interessa à extrema direita. Conseguiu mobilizar parte dos brasileiros. Algo que não conseguiam desde a redemocratização.