quarta-feira, 20 de outubro de 2010

A política como não deveria ser (2)


Havia uma pedra no meio da campanha. Na verdade, um rolo de adesivos. Eu nem sei o que analisar. Era esperado. Agora só falta o revide. E aí, a campanha revela de vez seu irracionalismo. Política, em tese, é exatamente o inverso da violência. Pela política se negocia, transige, traça acordos. O bom político ouve mais que fala. Tancredo dizia que só entrava numa reunião quando já sabia seu resultado no dia anterior. Conversava, tentava convencer, negociava. Resido na terra dos políticos que gostam de prosear. Que fazem das nuvens inspiração para dizer que a política não tem rumos definidos. Que gostam de encostar sua barriga no balcão de onde saem os famosos cafezinhos. Nunca consegui engolir as teses de Clausewitz, badalado por alguns "realistas". O realismo na política é, na verdade, o rebaixamento do projeto político até extinguir qualquer traço de utopia, que é o eixo do engajamento social. Por este motivo, os operadores racionais da política (os famosos aspones) desconsideram as vontades reais. Eles as instrumentalizam. Sem nenhuma culpa. E, agora, que os rolos começam a riscar o ar, se escondem. Pior: devem pensar em como estimular mais conflito. Porque é disto que se alimentam: de tudo, menos política.

Um comentário:

Valéria Borborema disse...

Rudá, eu concordo com você. Mas que Serra montou uma farsa, montou. Talvez numa tentativa de criar um fato que o favoreça. Duvido que consiga, dado à baixaria que moveu sua campanha, sobretudo do final do primeiro turno para cá.