sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Base eleitoral do lulismo


Acabo de ler o melhor ensaio sobre a base eleitoral do lulismo, escrito por Lúcio Rennó e Andrea Cabello (na última Revista Brasileira de Ciências Sociais, n. 74, da ANPOCS). O artigo revela dados instigantes:
1) 75% dos eleitores de Lula, em 2006, votaram nele em 2002. Este dado gera uma pergunta importante dos autores: "foi o eleitorado que se alterou ou o perfil de Lula que se distanciou do petismo?"
2) Varíaveis de renda não têm qualquer impacto na diferenciação entre lulistas convictos e lulistas não petistas (tanto os que já votavam em Lula em 2002, quanto os que votaram pela primeira vez em Lula, em 2006);
3) A variável mais importante é avaliação retrospectiva do governo Lula. Os lulistas novos (voto em Lula em 2006) estão menos satisfeitos com o governo Lula que os antigos (que já votaram em 2002 em Lula) e os petistas. Os lulistas novos estão mais propensos a ver a corrupção como um problema;
4) Os lulistas não petistas, como seria de se esperar, não consideram a ideologia como fator decisivo, ao contrário dos eleitores petistas;
5) Os petistas são mais simpáticos à figura de Lula que os eleitores lulistas não petistas;
6) O PT, enquanto partido, se consolida como uma âncora no sistema partidário (o frágil ou decomposto sistema partidário brasileiro, eu acrescento): o restante dos partidos definem-se a partir do PT (em função da simpatia e rejeição altas que o partido desencadeia entre eleitores... o PT é o partido que agrega maior simpatia dentre todos, assim como atrai posições apaixonadas - inclusive contrárias - entre os brasileiros).

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