sábado, 31 de julho de 2010
Evolução dos indicadores no Brasil
Vale a pena acessar este infográfico da evolução dos indicadores do Brasil AQUI.
O que prova que a VEJA ainda pode fazer algo de qualidade.
O que prova que a VEJA ainda pode fazer algo de qualidade.
Esporte é saúde?
Aos 09 anos comecei a jogar basquete. Joguei até os 18 anos. Tenho problemas de coluna e musculatura lombar até hoje devido aos exercícios que fazia para ter impulsão, já que minha altura era um impeditivo real para o esporte que escolhi. Feita a auto-propaganda, a questão central é que naquela época o esporte era realmente considerado por todos socialização saudável. Claro que havia um ou outro caso de uso de drogas, em especial álcool, mas não era a regra. Garrincha era citado como caso folclórico. Alguns casos envolvendo times profissionais (em que se jogava bebida alcoólica na latinha de guaraná) eram citados como subversão infantil. Aí, o esporte virou alto mercado e alto rendimento. Aos 17 anos comecei a pegar esta onda. Basquete já não era mais habilidade, mas já era força. Lembro de um campeonato regional que participei em Ourinhos. Quando o time da cidade entrou, todos ao redor de 2 metros de altura, ficamos meio chocados. E ficamos ainda mais quando o jogo começou. Quando alguém do time adversário subia para enterrar, jogava o joelho no rosto de nossos jogadores ou enfiava a mão nos nossos olhos. Tão rápido que o juiz não percebia. Mas nossos olhos percebiam bem.
Agora, começamos a perceber que esporte já não significa saúde e muito menos socialização. Já é caso de política pública específica. Dopping é algo corriqueiro. Depois, entrou o uso de drogas ilícitas. O caso Maradona foi o mais propagado, mas há muitos outros. Basta acessar jornais ou sistema de busca da internet.
Nesta escalada, demos mais um passo com o caso Bruno. E o que parecia um erro pessoal, vai compondo um cenário dos mais preocupantes. Vejam o que acaba de ser publicado no TERRA neste momento e pensem se já não é caso de adoção de uma ação específica da sociedade e Estado para coibir tal descontrole:
A funkeira Fernanda Angelina Brandão do Nascimento, 23 anos, conhecida como Fernanda Terremoto, registrou na sexta-feira uma queixa de ameaça contra Élton, atacante do Vasco, com quem afirma ter mantido relacionamento. Fernanda contou ter recebido uma ligação da mulher do jogador, a dançarina Karen Dilú, na quinta-feira à tarde. Segundo a funkeira, o próprio Élton teria feito ofensas e avisado que, se ela não sumisse, teria um fim pior do que o de Eliza Samudio.
Cadastre-se no Ficha Limpa
Para receber informações do Ficha Limpa, acesse AQUI e faça seu cadastro. Neste site você pode saber detalhes sobre a ficha de cada candidato às eleições de outubro. É a novidade mais importante do processo eleitoral. Aumenta o poder do eleitor e imprime uma importante pressão sobre os partidos políticos. É o começo e temos que valorizar. Passo seguinte será a pressão pela reforma política.
A diferença entre Vox Populi e Datafolha
Os dois institutos de pesquisa polarizaram nesta eleição e apresentam duas séries históricas de referência. Os outros institutos oscilam ao redor dos dois, embora comece a se esboçar um alinhamento com os dados do Vox Populi.
As diferenças metodológicas passam a ser tema de reflexão. Há várias divergências. A mais comentada foi, até o momento, as cidades eleitas como referência de áreas homogêneas. Datafolha concentraria um número elevado de cidades paulistas que são governadas sucessivamente pelo PSDB. Vox Populi elegeria um número excessivo de cidades referência do Acre, onde o PT governa mais de 2/3 dos municípios.
Há outra divergência importante: o Vox Populi (assim como demais institutos de pesquisa) realiza enquetes domiciliares, de fácil checagem (confirmação, a posteriori, sobre a realização da entrevista feita pelo pesquisador). Já o Datafolha faz entrevistas na rua e exige que o entrevistado tenha celular ou telefone fixo para checagem posterior. Obviamente que a checagem é mais difícil. O Vox Populi informa que os sem-telefone representam 30% de sua amostra, por enquete.
Promoção automática ou progressão continuada?
Em sabatina realizada com candidatos ao governo de São Paulo, o tema da promoção automática de alunos se confundiu com um conceito distinto, o de progressão continuada. Desta confusão nasce um dos debates mais equivocados a respeito da educação em nosso país: aquele em que identifica a progressão continuada como omissão pedagógica da escola e a repetência como rigor. A confusão é generalizada e envolve pais e até mesmo professores. A repetência é uma face da mesma moeda em que se situa a promoção automática. Ambas simplesmente negam o acompanhamento efetivo do aluno que se encontra em dificuldades. Ambas são omissas. A repetência nasce de uma concepção taylorista educacional que se forjou na última década do século XIX nos EUA, formulada por Joseph Mayer Rice. Rice vinculou os objetivos da educação à formação para a indústria. A partir desta escolha, criou um ranking de conteúdos, tendo a matemática e a física como principais, seguidas pela biologia, química e comportamento social. O tempo de aula foi decomposto em módulos-aula em que o ranking de conteúdos era distribuído. E nasceu a seriação, onde um ano era base (pré-requisito) para o seguinte, criando uma escala linear de ensino. O problema é que esta concepção tem muito de administração racional do trabalho mas muito pouco de educação e desenvolvimento humano. Os seres humanos, para desespero dos educadores tayloristas, não saltam de patamar cognitivo ou afetivo a cada mês ou a cada ano. O “calendário humano” é outro. Este peculiar calendário do desenvolvimento humano foi tema de muitos pesquisadores muito citados, mas pouco compreendidos como Jean Piaget, Henri Wallon, reafirmados por outros pesquisadores contemporâneos, como o neurologista Antonio Damasio, para citar alguns. A repetência é um elemento do sistema de verificação da seriação, não de avaliação do processo de desenvolvimento. Explico: a seriação define um patamar ideal que o aluno deve atingir. Este patamar deve ser atingido indistintamente, sem que se tenha muita preocupação com as dificuldades peculiares de aprendizagem. A partir do patamar ideal, cria-se um ranking de classificação. E aqueles que não atingem um determinado índice deste ranking devem repetir. A repetência, por sua vez, repete (a redundância é inevitável) o que o aluno que não atingiu o patamar mínimo já assistiu em muitas aulas. As aulas de reforço incorrem no mesmo erro: acreditam que pela repetição o aluno passa a se condicionar à resposta certa. Contudo, num mundo em que uma novidade tecnológica ocorre a cada seis meses, por segmento produtivo, esta crença na memorização como carro-chefe do processo educacional cai por terra. Repetir um aluno, portanto, é anacrônico e um ato pouco profissional do ponto de vista educacional. A promoção automática também incorre neste erro porque tampouco leva em consideração o processo de aprendizagem. Entre repetir e promover automaticamente está justamente a educação. Interessante que o primeiro artigo sobre sistema de ciclos escrito por um brasileiro foi publicado na década de 1950, no Rio Grande do Sul. O título do artigo era "Promoção automática ou progessão continuada?". Mais de meio século depois, continuamos não compreendendo a diferença entre as duas propostas. São Paulo apresenta ainda mais dificuldade porque em 1921, Oscar Thompson, diretor geral do Ensino do Estado, propôs, na Conferência Interestadual de Ensino Primário, a promoção em massa. Sampaio Dória também sugeriu algo semelhante, a promoção automática. Em 1956, durante a Conferência Regional Latino-Americana sobre Educação Primária Gratuita e Obrigatória, promovida pela UNESCO foi amplamente discutido um estudo sobre reprovações na escola primária na América Latina. Dentre as medidas sugeridas estava a promoção automática. O sistema de ciclos não propõe a promoção automática, mas na adoção de enturmações múltiplas (além das turmas de referência) para alunos que apresentarem dificuldades específicas. Digamos que uma vez por semana as escolas se dedicam a estas enturmações diferentes. A promoção, naquela área em que se apresenta dificuldade de aprendizagem, ocorre quando o professor definir e considerar adequado. Naquilo em que está bem, o aluno é promovido. Naquilo em que está apresentando dificuldades, continua numa turma intermediária. O método adotado nesta enturmação específica é diferente do aplicado anteriormente. Não se trata de repetência. O Brasil tenta criar atalhos na educação. E não percebe que, por aí, banalizamos o caminho do desenvolvimento sustentável.
sexta-feira, 30 de julho de 2010
Enquete do blog
O internauta que acessa este blog teve a percepção (como de fato parece ocorrer) que Dilma ultrapassaria Serra em julho: esta foi a opinião de 72% dos que votaram na enquete.
Pesquisa Ibope: Dilma lidera com 39% das intenções de voto; Serra tem 34%
Pesquisa Ibope divulgada nesta sexta-feira (30) sobre a intenção de voto para a Presidência da República mostra a candidata do PT, Dilma Rousseff, com 39% das inteções de voto. José Serra, do PSDB, aparece em segundo, com 34%, seguido de Marina Silva, do PV, com 7%.
O Datafolha se isola em relação à série histórica. Destoa em relação à intenção de votos de Serra em Minas (em queda) e em relação à intenção de votos de Marina. Dilma ampliou a vantagem no nordeste.
O Datafolha se isola em relação à série histórica. Destoa em relação à intenção de votos de Serra em Minas (em queda) e em relação à intenção de votos de Marina. Dilma ampliou a vantagem no nordeste.
Artigo da Semana: Bolha de Consumo?
Bolha de Consumo?
Por RUDÁ RICCI
O processo eleitoral que definirá o sucessor de Lula está se revelando dos mais pobres em termos de discussões sobre a agenda nacional para o próximo período. A personalização excessiva do embate e a lógica quase exclusivamente midiática inibem a reflexão sobre temas essenciais para avaliarmos a sustentabilidade das conquistas ocorridas no último período, como a emergência de um potente mercado consumidor interno, que alguns comparam com o que ocorreu com os EUA nos anos 1950. Embutido nesta necessária reflexão emerge o papel a ser desenvolvido pelo Estado, neste esboço de fordismo tupiniquim que se insinuou nos últimos quatro anos.
Se é fato que o Brasil vem diminuindo rapidamente o número de pobres (embora a desigualdade social aumente simultaneamente), também é fato que o que parece ocorrer é uma modesta distribuição de renda, à custa da classe média, tal como sugere Beatriz David, economista da UERJ. Segundo David, "a faixa entre 10 e 20 mínimos caiu de 2,45%, em 2004, para 1,59%, em 2008. Já os que recebem acima de 20 mínimos, em 2004 representavam 1,13% da PEA e, em 2008, eram 0,59%. Existe tendência à concentração até nos aumentos reais do salário mínimo, pois, desde 1997, a pobreza caiu 36%, enquanto o mínimo teve ganho real de 66%". Em outras palavras, embora o aumento de salário mínimo seja a principal causa da ascensão social das classes D e E (responsável por 70%, segundo a FGV-RJ, sendo que o Programa Bolsa Família é responsável por 16% desta ascensão), o impacto sobre a queda da pobreza não é linear.
As operações de crédito consignado aparecem como terceiro principal fator da ascensão social recente. Somaram R$ 2,19 bilhões em junho deste ano, 5,97% acima do mesmo mês de 2009, mas inferior aos R$ 2,32 bilhões de maio de 2010. Em junho, do total de operações de cartão de crédito e empréstimo pessoal, 428.319 mil foram feitas por segurados com renda de até um salário mínimo. Esses aposentados e pensionistas responderam por R$ 900,76 milhões das operações. Contrataram, em média, R$ 2.120,00 em empréstimo pessoal. Já os aposentados na faixa salarial de um a três salários mínimos fizeram empréstimo de R$ 3.010,00 em média. A faixa de aposentados e pensionistas que recebem acima de três salários mínimos contratou empréstimos em média de R$ 5.204,00. Do total de empréstimos concedidos em junho, 603.829 foram parcelados de 49 a 60 meses. Das 762.346 operações realizadas, 275.354 foram contratadas por segurados na faixa de 60 a 69 anos. Outras 177.731 operações foram assumidas por aposentados e pensionistas na faixa de 50 a 59 anos.
Aumento de salário mínimo, programas de transferência de renda e crédito consignado forjaram um potente mercado consumidor interno e endividaram todos segmentos sociais emergentes. A Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (PEIC), produzido pela Confederação Nacional do Comércio, revelou que, em julho, 57,7% dos consumidores do País estão endividados – número maior que o registrado em junho, quando 54% estavam nessa situação. O cartão de crédito lidera a lista dos tipos de dívida dos brasileiros em julho. A PEIC revelou, ainda, que 70,4% dos consumidores endividados estão migrando do cheque especial para o cartão de crédito como fonte imediata de empréstimo pessoal. Segundo o Banco Central, em 10 anos, o cheque especial caiu como fonte de financiamento em 60% das famílias que contraem empréstimo com bancos, para 34%. Já são três cartões de crédito, em média, para cada brasileiro.
Todos os dados aqui apontados convergem para a explosão do crédito para pessoa física, fenômeno que teve início em nosso país a partir de 2006. Coincidentemente, este foi o ano da reeleição de Lula. Em 2010, pela primeira vez na série histórica produzida pelo Banco Central, o crédito para pessoas físicas superou o ofertado para empresas: 502 bilhões de reais (pessoas físicas) contra 499 bilhões de reais (empresas). O crédito que mais cresceu foi o para financiamento de imóveis (17,3% neste ano, para pessoas físicas), seguido pelo financiamento de carros (15%) e empréstimo pessoal (11,4%).
Lembremos que a bolha imobiliária que explodiu nos EUA em 2008 foi gerada por uma política de refinanciamento de pessoas físicas que chegou a somar um volume de crédito correspondente a 80% do PIB do país. Naquele ano, o crédito imobiliário disponível para os brasileiros não ultrapassava 4% do nosso PIB. Contudo, em maio deste ano, o crédito imobiliário já atingia 107 bilhões de reais, o que projetava 8% do PIB até o final de 2010. O setor estima que até 2014, ano da Copa do Mundo de futebol em nosso país. O crédito imobiliário atingirá 500 bilhões de reais, algo ao redor de 11% do PIB projetado para 2014 (estimado em 4,54 trilhões de reais). Longe do volume de crédito que os EUA ofertavam no momento do estouro da bolha de consumo. Mas, assim mesmo, preocupante. Se o Brasil continuasse crescendo na oferta de crédito imobiliário como ocorreu de 2008 para 2010, ultrapassaríamos um volume de 50% do PIB nacional em financiamentos.
A questão posta, portanto, é de como sustentaremos este agressivo mercado consumidor. Este é o início do movimento de aumento de consumo iniciado em 2006. Entre 2003 e 2008, 34 milhões de brasileiros ascenderam para as classes A, B ou C. De 2009 a 2014, Marcelo Neri (FGV-RJ) estima que outros 30 milhões de brasileiros serão incorporados à esses segmentos sociais. A consultoria LCA projeta para 2020 um gasto de 5 trilhões de reais das famílias brasileiras, 130% acima do gasto atual, o que transformará nosso mercado interno no quinto maior mercado consumidor do mundo (atrás, apenas, dos EUA, Japão, China e Alemanha).
A ascensão da classe D para C dobra o consumo, em média, por família, de comida, bebidas e cigarros. Em 2014, a Classe C consumirá 451 bilhões de reais com vestuário, eletrônicos, alimentos e remédios. Em virtude do aumento do salário mínimo, as empregadas domésticas em pouco tempo se tornarão membros da classe média (a classe C, com renda familiar mensal a partir de 1.115 reais).
A ascensão da classe B para A gera aumento em 60% do consumo dos mesmos produtos, por família brasileira. As classes D e E brasileiras aumentaram os itens de consumo, incorporando às compras mensais iogurte, leite condensado e amaciante de roupa, segundo análises da Kantar WorldPanel.
A questão que fica é: como manteremos este consumo? Como este aumento de endividamento poderá ser sustentável, sem gerar o estouro da bolha de consumo nos próximos cinco anos?
A questão faz sentido quando analisamos a pauta de exportação do país, cada vez mais focada em commodities, que geram um mercado de trabalho interno de baixa renda e qualificação profissional.
Com efeito, a maioria dos economistas brasileiros indica que os mercados da China e Índia serão os importadores preferenciais dos produtos nacionais, economias que devem crescer pelo menos 10% e 8%, respectivamente, segundo estimativas da Tendências. E as commodities dominam a pauta de exportação brasileira para os dois países. No primeiro bimestre, o petróleo fez a diferença nos embarques para a China. As vendas brasileiras do óleo nos dois primeiros meses de 2010 alcançaram US$ 639,9 milhões. No mesmo período do ano passado foram US$ 90,6 milhões. Nas vendas para a Índia pesou o açúcar, com exportações que passaram de US$ 109,9 milhões para US$ 256,2 milhões. Para Castro, da AEB, porém, o desempenho do valor de vendas de açúcar não deve se manter. "Os preços estão caindo e o açúcar não deverá mais ser a sensação das exportações brasileiras, como se previa." Já nossos produtos manufaturados têm, na América Latina, seu mercado mais promissor. Entre os itens que puxaram as vendas brasileiras neste ano estão os automóveis, para a Argentina, cujos embarques saltaram de US$ 176,2 milhões no primeiro bimestre do ano passado, para US$ 376,9 milhões nos dois primeiros meses deste ano. Os carros representaram 14,2% dos valores exportados à Argentina no período.
Estaremos, portanto, vivenciando um período inicial de consumo que começará a revelar seu irracional endividamento nos próximos anos? Saímos de uma base de consumo reprimido que se esgotará até 2014? O Estado fordista tupiniquim será obrigado a financiar este endividamento?
Tais questões parecem de suma importância para serem respondidas pelo futuro governante maior de nosso país. As respostas indicarão o papel do Estado no próximo período. Poderá indicar o aumento da tutela estatal e concentração do manejo orçamentário pela União. Poderá, ao contrário, gerar um novo pacto federativo e, talvez, a concertação social para redefinirmos a estrutura do mercado de trabalho e pauta de exportações. Ou, ainda, pela inércia e omissão, gerar um descontrole que poderá causar o estouro da bolha de consumo que vai se arquitetando à olhos nus, similar ao risco do observador atônico de um ovo de serpente.
Por RUDÁ RICCI
O processo eleitoral que definirá o sucessor de Lula está se revelando dos mais pobres em termos de discussões sobre a agenda nacional para o próximo período. A personalização excessiva do embate e a lógica quase exclusivamente midiática inibem a reflexão sobre temas essenciais para avaliarmos a sustentabilidade das conquistas ocorridas no último período, como a emergência de um potente mercado consumidor interno, que alguns comparam com o que ocorreu com os EUA nos anos 1950. Embutido nesta necessária reflexão emerge o papel a ser desenvolvido pelo Estado, neste esboço de fordismo tupiniquim que se insinuou nos últimos quatro anos.
Se é fato que o Brasil vem diminuindo rapidamente o número de pobres (embora a desigualdade social aumente simultaneamente), também é fato que o que parece ocorrer é uma modesta distribuição de renda, à custa da classe média, tal como sugere Beatriz David, economista da UERJ. Segundo David, "a faixa entre 10 e 20 mínimos caiu de 2,45%, em 2004, para 1,59%, em 2008. Já os que recebem acima de 20 mínimos, em 2004 representavam 1,13% da PEA e, em 2008, eram 0,59%. Existe tendência à concentração até nos aumentos reais do salário mínimo, pois, desde 1997, a pobreza caiu 36%, enquanto o mínimo teve ganho real de 66%". Em outras palavras, embora o aumento de salário mínimo seja a principal causa da ascensão social das classes D e E (responsável por 70%, segundo a FGV-RJ, sendo que o Programa Bolsa Família é responsável por 16% desta ascensão), o impacto sobre a queda da pobreza não é linear.
As operações de crédito consignado aparecem como terceiro principal fator da ascensão social recente. Somaram R$ 2,19 bilhões em junho deste ano, 5,97% acima do mesmo mês de 2009, mas inferior aos R$ 2,32 bilhões de maio de 2010. Em junho, do total de operações de cartão de crédito e empréstimo pessoal, 428.319 mil foram feitas por segurados com renda de até um salário mínimo. Esses aposentados e pensionistas responderam por R$ 900,76 milhões das operações. Contrataram, em média, R$ 2.120,00 em empréstimo pessoal. Já os aposentados na faixa salarial de um a três salários mínimos fizeram empréstimo de R$ 3.010,00 em média. A faixa de aposentados e pensionistas que recebem acima de três salários mínimos contratou empréstimos em média de R$ 5.204,00. Do total de empréstimos concedidos em junho, 603.829 foram parcelados de 49 a 60 meses. Das 762.346 operações realizadas, 275.354 foram contratadas por segurados na faixa de 60 a 69 anos. Outras 177.731 operações foram assumidas por aposentados e pensionistas na faixa de 50 a 59 anos.
Aumento de salário mínimo, programas de transferência de renda e crédito consignado forjaram um potente mercado consumidor interno e endividaram todos segmentos sociais emergentes. A Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (PEIC), produzido pela Confederação Nacional do Comércio, revelou que, em julho, 57,7% dos consumidores do País estão endividados – número maior que o registrado em junho, quando 54% estavam nessa situação. O cartão de crédito lidera a lista dos tipos de dívida dos brasileiros em julho. A PEIC revelou, ainda, que 70,4% dos consumidores endividados estão migrando do cheque especial para o cartão de crédito como fonte imediata de empréstimo pessoal. Segundo o Banco Central, em 10 anos, o cheque especial caiu como fonte de financiamento em 60% das famílias que contraem empréstimo com bancos, para 34%. Já são três cartões de crédito, em média, para cada brasileiro.
Todos os dados aqui apontados convergem para a explosão do crédito para pessoa física, fenômeno que teve início em nosso país a partir de 2006. Coincidentemente, este foi o ano da reeleição de Lula. Em 2010, pela primeira vez na série histórica produzida pelo Banco Central, o crédito para pessoas físicas superou o ofertado para empresas: 502 bilhões de reais (pessoas físicas) contra 499 bilhões de reais (empresas). O crédito que mais cresceu foi o para financiamento de imóveis (17,3% neste ano, para pessoas físicas), seguido pelo financiamento de carros (15%) e empréstimo pessoal (11,4%).
Lembremos que a bolha imobiliária que explodiu nos EUA em 2008 foi gerada por uma política de refinanciamento de pessoas físicas que chegou a somar um volume de crédito correspondente a 80% do PIB do país. Naquele ano, o crédito imobiliário disponível para os brasileiros não ultrapassava 4% do nosso PIB. Contudo, em maio deste ano, o crédito imobiliário já atingia 107 bilhões de reais, o que projetava 8% do PIB até o final de 2010. O setor estima que até 2014, ano da Copa do Mundo de futebol em nosso país. O crédito imobiliário atingirá 500 bilhões de reais, algo ao redor de 11% do PIB projetado para 2014 (estimado em 4,54 trilhões de reais). Longe do volume de crédito que os EUA ofertavam no momento do estouro da bolha de consumo. Mas, assim mesmo, preocupante. Se o Brasil continuasse crescendo na oferta de crédito imobiliário como ocorreu de 2008 para 2010, ultrapassaríamos um volume de 50% do PIB nacional em financiamentos.
A questão posta, portanto, é de como sustentaremos este agressivo mercado consumidor. Este é o início do movimento de aumento de consumo iniciado em 2006. Entre 2003 e 2008, 34 milhões de brasileiros ascenderam para as classes A, B ou C. De 2009 a 2014, Marcelo Neri (FGV-RJ) estima que outros 30 milhões de brasileiros serão incorporados à esses segmentos sociais. A consultoria LCA projeta para 2020 um gasto de 5 trilhões de reais das famílias brasileiras, 130% acima do gasto atual, o que transformará nosso mercado interno no quinto maior mercado consumidor do mundo (atrás, apenas, dos EUA, Japão, China e Alemanha).
A ascensão da classe D para C dobra o consumo, em média, por família, de comida, bebidas e cigarros. Em 2014, a Classe C consumirá 451 bilhões de reais com vestuário, eletrônicos, alimentos e remédios. Em virtude do aumento do salário mínimo, as empregadas domésticas em pouco tempo se tornarão membros da classe média (a classe C, com renda familiar mensal a partir de 1.115 reais).
A ascensão da classe B para A gera aumento em 60% do consumo dos mesmos produtos, por família brasileira. As classes D e E brasileiras aumentaram os itens de consumo, incorporando às compras mensais iogurte, leite condensado e amaciante de roupa, segundo análises da Kantar WorldPanel.
A questão que fica é: como manteremos este consumo? Como este aumento de endividamento poderá ser sustentável, sem gerar o estouro da bolha de consumo nos próximos cinco anos?
A questão faz sentido quando analisamos a pauta de exportação do país, cada vez mais focada em commodities, que geram um mercado de trabalho interno de baixa renda e qualificação profissional.
Com efeito, a maioria dos economistas brasileiros indica que os mercados da China e Índia serão os importadores preferenciais dos produtos nacionais, economias que devem crescer pelo menos 10% e 8%, respectivamente, segundo estimativas da Tendências. E as commodities dominam a pauta de exportação brasileira para os dois países. No primeiro bimestre, o petróleo fez a diferença nos embarques para a China. As vendas brasileiras do óleo nos dois primeiros meses de 2010 alcançaram US$ 639,9 milhões. No mesmo período do ano passado foram US$ 90,6 milhões. Nas vendas para a Índia pesou o açúcar, com exportações que passaram de US$ 109,9 milhões para US$ 256,2 milhões. Para Castro, da AEB, porém, o desempenho do valor de vendas de açúcar não deve se manter. "Os preços estão caindo e o açúcar não deverá mais ser a sensação das exportações brasileiras, como se previa." Já nossos produtos manufaturados têm, na América Latina, seu mercado mais promissor. Entre os itens que puxaram as vendas brasileiras neste ano estão os automóveis, para a Argentina, cujos embarques saltaram de US$ 176,2 milhões no primeiro bimestre do ano passado, para US$ 376,9 milhões nos dois primeiros meses deste ano. Os carros representaram 14,2% dos valores exportados à Argentina no período.
Estaremos, portanto, vivenciando um período inicial de consumo que começará a revelar seu irracional endividamento nos próximos anos? Saímos de uma base de consumo reprimido que se esgotará até 2014? O Estado fordista tupiniquim será obrigado a financiar este endividamento?
Tais questões parecem de suma importância para serem respondidas pelo futuro governante maior de nosso país. As respostas indicarão o papel do Estado no próximo período. Poderá indicar o aumento da tutela estatal e concentração do manejo orçamentário pela União. Poderá, ao contrário, gerar um novo pacto federativo e, talvez, a concertação social para redefinirmos a estrutura do mercado de trabalho e pauta de exportações. Ou, ainda, pela inércia e omissão, gerar um descontrole que poderá causar o estouro da bolha de consumo que vai se arquitetando à olhos nus, similar ao risco do observador atônico de um ovo de serpente.
quinta-feira, 29 de julho de 2010
Crédito para pessoa física superou o empresarial, segundo BC
A partir de 2006, o crédito para pessoa física explodiu no Brasil. Foi justamente o ano da reeleição de Lula. Em 2010, pela primeira vez na série histórica produzida pelo Banco Central, o crédito para pessoas físicas superou o ofertado para empresas: 502 bilhões de reais (pessoas físicas) contra 499 bilhões de reais (empresas).
O crédito que mais cresceu foi o para financiamento de imóveis (17,3% neste ano, para pessoas físicas), seguido pelo financiamento de carros (15%) e empréstimo pessoal (11,4%).
quarta-feira, 28 de julho de 2010
Pimentel diminui sua participação na campanha de Dilma
Seja lá por qual motivo real, Fernando Pimentel anunciou que se dedicará apenas um dia por semana à campanha de Dilma Rousseff. A desculpa oficial é o maior envolvimento com sua própria campanha para o senado, por MG. Pode até ser. Mas é estranho tal "queda para o alto": de todo poderoso da coordenação da campanha para um dia por semana. Maré baixa?
CCQ nas escolas?
Desgraça pouca é bobagem. O IDEB já afunda o país nesta busca de melhoria dos resultados do ensino sem se preocupar com o processo de aprendizagem. Agora, recebo um email de Faustino Vicente sugerindo a adoção do Círculo de Controle de Qualidade nas escolas!!!!!!! E, obviamente, se apóia nos resultados do IDEB. Vejam que maravilha de atraso:
Uma das notícias da mais alta relevância para o nosso país, refere-se a divulgação do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), pelo Ministério da Educação. Ele sinaliza que temos um longo caminho pela frente. Apesar do salto de qualidade, que algumas cidades deram, com a otimização da capacitação dos professores, do material didático e do conteúdo pedagógico, é possível agregar valores à educação com a implementação do CCQ (Círculos de Controle da Qualidade), nas escolas.
O RJ invisível
Minha filha queria visitar o Corcovado. Tinha visitado quando era muito pequena e não se lembrava mais (ela está com 19 anos). Pegamos um taxi que teve que subir por Cosme Velho. Ao brecar num cruzamento, uma moto enconstou na traseira do taxi. O motoqueiro ficou irritado. O taxista, esperto, puxou conversa perguntando o melhor caminho. Mas logo chegou outro motoqueiro. O primeiro falou que o motorista não subiria por ali e fazia sinais que não entendemos muito bem. Disse, ainda, que só van poderia subir por lá. Finalmente, o taxista, até então muito solícito e brincalhão, decidiu que estava muito difícil subir o morro e pediu para pegarmos o bondinho. Nos deixou no meio do caminho e sumiu. Desistimos. Pegamos outro taxi e descemos o morro. Perguntei se havia algum problema para taxi subir para o Corcovado. Ele contatou a central e pergunto se havia alguma represália contra taxi (foi este o termo que utilizou). A resposta foi que tudo estava liberado.
Esta é uma linguagem que é de difícil compreensão para quem não mora por ali.
Será assim em 2014?
A evolução do crédito consignado
As operações de crédito consignado realizadas pelos aposentados e pensionistas do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) em instituições financeiras somaram R$ 2,19 bilhões em junho, 5,97% acima do mesmo mês de 2009, mas inferior aos R$ 2,32 bilhões de maio de 2010. Em junho, do total de operações de cartão de crédito e empréstimo pessoal, 428.319 mil foram feitas por segurados com renda de até um salário mínimo. Esses aposentados e pensionistas responderam por R$ 900,76 milhões das operações. Contrataram, em média, R$ 2.120,00 em empréstimo pessoal. Já os aposentados na faixa salarial de um a três salários mínimos fizeram empréstimo de R$ 3.010,00 em média. A faixa de aposentados e pensionistas que recebem acima de três salários mínimos contratou empréstimos em média de R$ 5.204,00.
Do total de empréstimos concedidos em junho, 603.829 foram parcelados de 49 a 60 meses. Das 762.346 operações realizadas, 275.354 foram contratadas por segurados na faixa de 60 a 69 anos. Outras 177.731 operações foram assumidas por aposentados e pensionistas na faixa de 50 a 59 anos.
200 mil
O blog já ultrapassou 200 mil acessos e quase 130 seguidores. Quando criei o blog, em meados de 2007, pensei em fazer uma espécie de diário, conversando comigo e alguns poucos. Até hoje me surpreendo com jornalistas telefonando a partir de alguma nota que postei. Fico cada vez mais atento porque as redes sociais têm esta surpreendente projeção pública. Ligam efetivamente o privado e local ao público.
Um aprendizado.
Um aprendizado.
Restaurantes de Petrópolis
Retornando do RJ, passei por Petrópolis, nos dois dias que minha família teve de mini-férias de julho. Fomos num restaurante muito bonito, elegane e interessante, o Imperatriz Leopoldina. Para meu azar, não conseguimos pegar nenhum restaurante de Itaipava, porque só abrem de quarta a domingo. Queria conhecer o Parador Valência. Mas todos falam do grande Locanda della Mimosa (na foto). Para quem desejar ficar na vontade (como eu fiquei), acesse AQUI
Parece que recentemente, Lula, o governador Sérgio Cabral e seu pai jantaram por lá. O restaurante é o único, da América do Sul, associado ao Lês Grands Tables du Monde.
Vinhos com excelente relação custo X benefício
Do blog Vivendo a Vida, citando o guia Descorchados, produzido e editado pelo chileno Patricio Tapia:
R$ 74,90
Punto Final Malbec 2008
“Aromas de boa qualidade, paladar franco. Desde que nasceu, se destaca por sua expressão e pela relação qualidade-preço”, define o guia, resumindo o espírito da lista de hoje.
R$ 62,00
William Cole Alto Vuelo Sauvignon Blanc 2009
Da relação publicada aqui, o vinho de maior pontuação: 92 pontos. “É denso em aromas e em textura. Excelente mostra de estilo e muito original.”
R$ 45,55
Finca Sophenia Reserve Cabernet Sauvignon 2008
“Surpreende pelos aromas densos e pelo paladar suculento, com final agradável”, afirma Descorchados. E o vinho ainda está em promoção…
R$ 41,70
Amalaya de Colomé
Produzido com Malbec, Cabernet Sauvignon, Syrah e Tannat. Um tinto já citado na coluna. “Tem um paladar franco, transbordando fruta jovem. Preço muito acessível”, é a definição.
R$ 65,00
Pulenta Estate VI Sauvignon Blanc
Descorchados traz, para vários vinhos, indicações de pratos. Após muitos elogios a este Pulenta, sugere prová-lo com mariscos gratinados.
R$ 53,80
Tres Palacios Reserve Carménère 2008
A Carménère mostra aqui todo o potencial proporcionado pelo terroir chileno. O vinho recebeu 91 pontos e foi definido como “poderoso, excelente fotografia da cepa”.
R$ 52,00
Newen Pinot Noir 2007
A versão 2009 desse vinho foi provada no início da semana e estava muito boa. A safra 2007 recebeu 85 pontos do guia, que destacou sua delicadeza e o toque de especiarias.
R$ 43,00
Urban Uco Tempranillo 2008
A Tempranillo é das uvas mais generosas em sabores e aromas, quando bem tratada, como ocorre neste caso. Levou 90 pontos.
R$ 42,00
Leyda Reserva Sauvignon Blanc 2009
A relação custo-benefício é muito alta. Levou 91 pontos no guia: “Deliciosos sabores cítrico e herbáceo num vinho corpulento”.
R$ 32,40
Finca La Linda Viognier 2008
A Viognier é uma uva ainda pouco conhecida por aqui. “Tem personalidade. É um branco que precisa de um prato forte a seu lado”, diz o guia.
R$ 30,00
Chakana Yaguareté Collection Bonarda 2009
É difícil achar Bonarda de boa qualidade na Argentina. O Chakana é exceção. “Vinho de caráter. Muito agradável de beber”, define o guia, que conferiu ao vinho 85 pontos.
R$ 29,70
Alta Vista Premium Torrontés 2008
A Torrontés é a mais argentina das uvas. O vinho obteve 85 pontos no Descorchados. Definido como “branco de aromas limpos e muito frescor”.
Lista de vinhos
56 vinhos de melhor relação custo-benefício do Guia Descorchados
ARGENTINA
Alta Vista Premium Torrontés 2008 – Perim – R$ 29,70
Chakana Yaguaraeté Collection Bonarda 2009 – Ville du Vin – R$ 30,00
Amalaya de Colome Malbec Cabernet Sauvignon Syrah Tannat 2007 - Ville du Vin – R$ 41,70
Colome Torrontés 2008 - Ville du Vin – R$ 41,70
Reserva Del Fin del Mundo Malbec 2007
Reserva Del Fin del Mundo Viognie 2007
Newen Pinot Noir 2007 – Bodegas Del Fin del Mundo – Enotria – R$ 52,00
Postales Del Fin del Mundo Sauvignon Blanc Semillón 2008
Don David Tannat 2005 – Vinicola El Esteco
Don David Syrah 2007
Fabre Montmayou Chardonnay 2008
Santa Julia Reserva Tempranillo 2008
Finca La Celia Reserva Mabec 2006
Altosur Malbec 2008
Altosur Sauvignon Blanc 2008 – Ville du Vin – R$ 32,00
Finca Sophenia Reserve Cabernet Sauvignon 2008 – Expand – R$ 45,55
Jean Rivier Sauvignon Blanc 2009
Finca La Linda Bonarda 2007 – Ville du Vin – R$ 32,50
Finca La Linda Viognier 2008 - Ville du Vin – R$ 32,50
Ikella Malbec 2007
Urban Uco Tempranillo 2008 – Enotria – R$ 43,00
Pulenta Estate VI Sauvignon Blanc – Grand Cru – R$ 65,00
Punto Final Malbec 2008 – Casa do Porto – R$ 74,90
Yauquen Cabernet Sauvignon 2008 – vinícola Ruca Malén
Finca El Portillo Sauvignon Blanc 2009 – Ville du Vin – R$ 35,00
Graffigna Grecánico Dorato 2008
Séptimo Dia Cabernet Sauvignon 2006
Sur de Los Andes Cabernet Sauvignon 2007
Terrazas Malbec 2008 – Carone – R$ 28,70
BRASIL
Chandon Reserve Brut – Carone – R$ 39,90
Da’Divas 2008
Volpi Chardonnay 2008
Nubio Sauvignon Blanc 2008 – Carone – R$ 49.70
CHILE
Agustinos Reserva Sauvignon Blanc 2009
Pro Reserve Carménère 2007 – vinha Alempue
Casas Del Bosque Sauvignon Blanc 2009
Cono Sur Reserva Sauvignon Blanc 2009
Don Matias Reserva Syrah 2008
Errazuriz Reserva Sauvignon Blanc 2009 – Ville du Vin – R$ 43,05
Raíces Reserva Cabernet Sauvignon Carménère 2006 – vinícola Las Pitra
Leyda Reserva Sauvignon Blanc 2009 – Grand Cru – R$ 42,00
Millaman Limited Reserve Cabernet Sauvignon 2007
Misiones de Rengo Sauvignon Blanc 2009
Urban Merlot Cabernet Franc Carignan Cabernet Sauvignon 2008
Ocho Tierras Cabernet Sauvignon 2008
Medalla Real Gran Reserva Cabernet Sauvignon 2007 – Grand Cru – R$ 83,00
Terroir La Isla Sauvignon Blanc 2009 – vinícola Tarapacá
Gran Tarapaca Reserva Syrah 2008
Tierra del Fuego Reserva Cabernet Sauvignon 2007
Torreon de Paredes Reserva Sauvignon Blanc 2008
Tres Palacios Reserve Carménère 2008 – R$ 53,80
Vina Maipo Reserva Merlot 2008
Emiliana Reserva Sauvignon Blanc
Tronador Reserva Syrah Cabernet Sauvignon 2006 – Viñedos Puerta
Aguanegra Malbec Merlot 2007 – Viñedos Puerta
William Cole Alto Vuelo Sauvignon Blanc 2009 – Enotria – R$ 62,00
Fonte: Revista AG/Agazeta
Crescimento Econômico e Justiça Social
De volta à BH, comento um pouco mais sobre o seminário que participei na sede do BNDES. Minha exposição esteve centrada em dois aspectos: justiça social relaciona-se com controle social e educação. A partir daí, descrevi e analisei o retrocesso em relação aos dois temas durante as gestões Lula. Não avançamos um milímetro em termos de controle social (retrocedemos, inclusive, em relação a algumas tímidas iniciativas do primeiro ano de gestão, como o Talher - Programa Fome Zero - e as audiências públicas do PPA. Na educação, o foco na melhoria dos indicadores do IDEB resultaram em aumento de controle sobre resultados das escolas, diminuindo agressivamente a autonomia de diretores e professores de escola em detrimento de estudos sobre fatores de piora de desempenho. O foco em resultado (e não no processo de aprendizagem) é um erro típico das gestões pedagógicas atrasadas, denominadas na literatura especializada de tradicionais.
a fala da professora Beatriz David (UERJ) foi muito interessante. Apontou como os indicadores de desenvolvimento convergem para consolidação de políticas de transferência de renda sem emancipação social. Pior, acabam por compor um quadro coerente que consolida um círculo vicioso baseado numa pauta de exportação concentrada em commodities que, por sua vez, não exige qualificação profissional da mão-de-obra local. Daí os problemas relacionados à educação, que havia apontado.
Enfim, vivemos um processo clássico de modernização conservadora em que as políticas de transferência de renda deslocam renda entre assalariados, não tocando na concentração dos estratos mais abastados da sociedade. Daí a desigualdade social aumentar em nosso país. Uma sociedade em que os dois extremos (os mais abastados e os menos abastados) foram beneficiados, achatando a participação dos segmentos médios na participação da renda nacional.
segunda-feira, 26 de julho de 2010
Seminário sobre Crescimento e Justiça Social
Estou no RJ onde participei do seminário sobre crescimento econômico e justiça social, que ocorreu na sede do BNDES. O seminário foi promovido pelo jornal Monitor Mercantil, Fundação ARO e Petrobrás. Em outro post farei comentários sobre as discussões que trataram, entre outros temas, da possibilidade de consolidação de nossa pauta de exportação centrada em commodities. Numa mesa anterior foi apresentado o Índice de Qualidade do Desenvolvimento elaborado pelo IPEA (para quem se interessar, acesse AQUI)
sábado, 24 de julho de 2010
Avaliação do peso do movimento Dilmasia
Para quem se interessar, acesse AQUI minha entrevista ao IG sobre o movimento Dilmasia (Dilma + Anastasia) em MG.
Renúncia de todo gabinete do governo... de San Luis (Argentina)
Do Página 12:
El gobernador de San Luis anticipó que en las próximas horas le pedirá la renuncia a todos los ministros del gabinete "por falta de liderazgos y una amplia brecha entre la eficiencia del gobierno y la tarea puntual que realizan los funcionarios". Este masivo pedido de renuncias obedeció a que "buena parte de los funcionarios, por desconocimiento o falta de compromiso, no se incorporan al proyecto en el que hoy están involucrados y al cual deben responder, y parece que no sintieran que representan a un modelo de gobierno", sostuvo el director periodístico de el diario, Daniel Poder.
IDH Brasil cai a partir de novo cálculo do PNUD
Relatório do PNUD para a América Latina e o Caribe apresenta um novo cálculo para o IDH. Trata-se do Índice de Desenvolvimento Humano ajustado à Desigualdade, que "penaliza" as disparidades de rendimentos, escolaridade e saúde. Na América Latina e no Caribe, o IDH adaptado também cai 19% em relação ao tradicional (que leva em conta as médias). Queda é maior na Nicarágua (-47,3%) e na Bolívia (-41,9%), e menos intensa no Uruguai (-3,9%) e na Argentina (-5,9%). O estudo afirma que a desigualdade na região é a maior do mundo e é persistente, mas ainda pode ser reduzida.
Ainda sobre o Datafolha
Uma breve análise da Folha de hoje afirma que não ocorreu nada no último período (a não ser na micropolítica, destaca) que alterasse o cenário de empate entre os dois principais candidatos. Interessante que o jornal O Globo, no Panorama Político, informa que integrantes do staff serrista admitem que a radicalização dos ataques de seu bloco ocorreu para fidelizar eleitores mais conservadores que estavam em vias de serem "abduzidos pelo governismo". Em outras palavras, havia movimentação efetiva na campanha, para além da micropolítica (seja lá o que a Folha quer dizer com esta expressão, empregada por Guatarri anos atrás).
O que importa, nesta altura da campanha, é a movimentação e mobilização dos operadores da política de cada candidato, antes da entrada da TV. E não se pode desprezar como a campanha de Serra ficou desmobilizada com a história do vice. Houve bate-cabeça, não ocorrendo o mesmo entre lulistas. Portanto, a tese da Folha é frágil.
Mas teremos, agora, como acompanhar o desenrolar de duas séries históricas: a da Vox Populi (acompanhada pela Sensus) e a da Datafolha. O IBOPE esteve oscilando entre as duas.
CULT publica dossiê Era Lula
A edição 148 da revista Cult é dedicada à análise da Era Lula. São cinco artigos, muito instigantes: Uma política pós-ética (Cláudio Gonçalves Couto), Movimentos Sociais (Ruy Braga), A política externa (Vladimir Safatle), Herança Econômica (Marcio Pochmann) e A Transformação da paisagem cultural brasileira (Laymert Garcia dos Santos). Os dois primeiros artigos focam a análise a partir de uma mesma compreensão: as gestões Lula teriam sido marcadas pela "troca de elite" (tese apoiada nas teorias de Pareto) ou pelo "transformismo" (tese apoiada nas teorias de Gramsci). Lula teria desmobilizado a ação inovadora dos movimentos sociais a partir da ascensão da elite sindical que se incorporou à ordem. No todo, há grande proximidade com a tese que defendo em meu livro sobre o lulismo.
Vale a pena conferir.
Datafolha: Dilma e Serra empatados
Para o Datafolha, tucano está com 37% contra 36% de Dilma. Na última pesquisa, de 30 de junho e 1º de julho, Serra havia registrado 39%, contra 37% de Dilma. Ambos oscilaram negativamente, mas dentro da margem de erro. Marina Silva (PV) tinha 9% e agora foi a 10%. Plínio de Arruda Sampaio (PSOL) pontuou pela primeira vez nesta eleição, marcando 1%. A opção brancos/nulos/nenhum somam 4%, enquanto 7% não sabem.
Agora temos duas séries históricas. É verdade que o Datafolha foi um dos institutos que mais oscilou entre fevereiro e março, quebrando a sequência anterior. Mas desde este momento, mantém uma série com lógica, em que os dois principais candidatos teriam chegado ao seu teto.
Confesso que não me convence. Por vários motivos, inclusive técnicos (como a amostra, já muito discutida em vários fóruns virtuais). Mas há sinais de muita irritação no front serrista dos últimos dias. Consultei alguns aliados de Serra sobre a pesquisa Vox Populi antes de ser divulgada e a reação era de que já estavam informados e preocupados. Alguns se calaram. Se externamente procuram dar a impressão que o Datafolha é o instituto mais confiável, não é isto que demonstram nos bastidores.
Também não me convence que as rupturas internas da campanha de Serra, que culminaram com a escolha do vice e a caminhada para um discurso mais reacionário a partir de então, não tenham qualquer reflexo em relação à intenção de voto. Como se os números não acompanhassem o mundo da política.
sexta-feira, 23 de julho de 2010
Minha entrevista sobre queda de eleitores com menos de 16 anos
Fiz uma breve análise sobre a queda do número de eleitores entre 16 e 18 anos (voto facultativo). São apenas 20% do total de 9 milhões possíveis. Veja AQUI
Vox Populi: Dilma abre 8% de vantagem
A candidata do PT à Presidência, Dilma Rousseff, lidera a disputa presidencial deste ano e aparece com 8 pontos de vantagem sobre o rival José Serra (PSDB) tanto no primeiro como no segundo turno, aponta pesquisa Vox Populi/Band/iG divulgada nesta sexta-feira. Dilma tem 41% das intenções de voto, enquanto Serra tem 33% e Marina Silva (PV) 8%. Segundo o Vox Populi, José Maria Eymael (PSDC) tem 1%. A ex-ministra da Casa Civil tem seu melhor desempenho na região Nordeste, onde chega a 54% contra 24% de Serra e 5% de Marina. O ex-governador de São Paulo vai melhor na região Sul, onde tem 39% contra 35% da petista e 7% de Marina. Ele também está na frente na região Sudeste, com 36% contra 34% de Dilma e 10% de Marina. A petista lidera tanto entre os homens quanto entre as mulheres. Ela tem 43% das intenções do eleitorado masculino contra 34% de Serra e 7% de Marina. No eleitorado feminino, Dilma tem 38%, Serra 32% e Marina 9%. A ex-ministra é a preferida em todas as faixas e níveis de ensino. Quanto à renda familiar, Serra está na frente, dentro da margem de erro, entre os que ganham mais de cinco salários mínimos com 37% a 36% de Dilma e 11% de Marina. A petista tem o menor índice de rejeição, 17%, contra 24% de Serra e 20% da senadora do PV. O Vox Populi ouviu 3.000 eleitores entre os dias 17 e 20 de julho. A pesquisa foi registrada junto ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) com o número 19.920/10.
DATAFOLHA
O Datafolha fecha sua pesquisa hoje com 10730 entrevistas em 379 cidades de todos os entes federativos, com exceção de Roraima.
Mãe dos pobres e pai dos ricos
De Pedro Cavalcanti Ferreira e Renato Fragelli, a propósito do recente dado divulgado pelo PNUD que apresenta o índice de GINI brasileiro em 0,56 (3a pior desigualdade social do mundo, apesar da queda vertiginosa da pobreza tupiniquim):
Em artigo recente, Mansueto Almeida, economista do IPEA, estimou em cerca de R$ 10 bilhões o volume anual de subsídio concedido pelo BNDES a empresas. Só para efeito de comparação, o programa Bolsa Família, que atende 12 milhões de famílias pobres, custa R$ 13 bilhões anuais. O subsídio é caracterizado pelo fato de que o financiamento da dívida do governo federal - único acionista do BNDES - gira em torno da taxa Selic (10,25% ao ano ontem), enquanto o banco empresta às firmas a TJLP (6% ao ano). Em contraste com os critérios transparentes adotados pelo governo federal na concessão da Bolsa Família, o BNDES, ao definir quais setores e empresas terão acesso a seus créditos subsidiados segue critérios obscuros. Dado que os principais beneficiados dos empréstimos são grandes conglomerados, trata-se de uma brutal transferência de recursos de todos os brasileiros para os acionistas destas empresas. Os financiamentos a TJLP constituem hoje um Bolsa Família às avessas, e as recentes capitalizações do banco - R$ 180 bilhões - indicam que a benesse para poucos tende a se expandir.
Pimentel na mira dos serristas
É a segunda vez, em pouco tempo, que o nome de Fernando Pimentel se enreda em acusações de tucanos. Primeiro, como mentor do tal dossiê sobre Serra. Agora, Serra acusa o candidato ao senado pelo PT mineiro de ser um dos responsáveis pela quebra do sigilo fiscal de Eduardo Jorge Caldas, vice-presidente do PSDB. Pimentel se tornou alvo por ser a uma liderança petista de tipo novo (que poderia dar fôlego à oposição aecista ao serrismo) ou efetivamente estaríamos presenciando a ascensão do substituto de Zé Dirceu nos jogos de bastidor?
quinta-feira, 22 de julho de 2010
Serristas brincam com fogo
Na ânsia por sair das cordas, a tropa de choque serrista enveredou para um tema dos mais polêmicos: as difíceis relações políticas entre nossos vizinhos. Trata-se de uma tentativa desajeitada para reavivar uma espécie de recall do petismo esquerdista. O terreno é dos que exigem cautela ao invés de fazer dele um joguete, no estilo "tudo ou nada", que chega à beira da irresponsabilidade. Um exemplo do momento é o anúncio da ruptura do governo venezuelano com a Colômbia, em virtude da acusação, pelo governo colombiano, que a Venezuela estaria acolhendo guerrilheiros de seu país. A acusação não é nova, mas o momento é delicado. O governo venezuelano já havia, em novembro de 2009 pedido para o país se preparar para a guerra contra a Colômbia. Naquela oportunidade, houve troca de acusações e documentos na OEA, em que um país acusava o outro de se preparar para a guerra. Em fevereiro deste ano, Uribe e Chávez bateram boca durante a Cúpula do Grupo do Rio, no México. Desde o final do mandato de Alvaro Uribe (que fez seu sucessor com uma margem muito significativa de vantagem sobre o seu concorrente, um outsider do Partido Verde) o tom das acusações subiu de tom. Uribe chegou a afirmar que possuía evidências que comprovavam grupos guerrilheiros em solo venezuelano. Chegou a nomear os líderes guerrilheiros localizados: Ivan Marquez, Rodrigo Granda, Timoleón Jiménez e Germán Briceño (das Farc); além de Carlos Marín Guarín (do ELN). Em reunião da OEA, o embaixador da Colômbia no órgão, Luis Alfonso Hoyos, apresentou vídeos, fotos e testemunhos que procuravam provar que há 87 acampamentos das duas guerrilhas em solo venezuelano e pede que organismos internacionais confirmem as acusações. Em resposta, o embaixador venezuelano na OEA, Roy Chaderton, alegou que as fotos aéreas mostradas como provas foram tiradas em território colombiano e afirma que Uribe é guiado pelos EUA.
Enfim, parece ser um tema para ser instrumentalizado na disputa eleitoral brasileira?
quarta-feira, 21 de julho de 2010
Pesquisa Vox Populi confirmada
A questão, agora, é se Marina Silva cairá para menos de 7%. Neste caso, será possível que a eleição termine no primeiro turno.
Vox Populi
Acabo de receber email com a última pesquisa Vox Populi:
Dilma 43%, Serra 37%, Marina 8%.
Se for fato, explica a ira dos serristas nos últimos dias.
Dilma 43%, Serra 37%, Marina 8%.
Se for fato, explica a ira dos serristas nos últimos dias.
Criador de DILMASIA já fala grosso
O prefeito de Salinas, José Prates (PTB, ex-PT, na foto) noticia que organiza para agosto o primeiro encontro de 350 (TREZENTOS E CINQUENTA!!!) prefeitos mineiros que apóiam Dilma Rousseff (para a Presidência) e Antonio Anastasia (para Governo do Estado).
Hélio Costa já acusou o golpe e reclamou. A direção estadual do PT está barrando prefeitos que estão envolvidos com este movimento em eventos de campanha.
57,7% dos brasileiros estão endividados
De maneira geral, a Peic revelou que, em julho, 57,7% dos consumidores do País estão endividados – número maior que o registrado em junho, quando 54% estavam nessa situação. O cartão de crédito lidera a lista dos tipos de dívida dos brasileiros em julho. De acordo com a Peic (Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor), da CNC (Confederação Nacional do Comércio), neste mês, 70,4% dos consumidores endividados têm dívidas com a moeda de plástico para arcar.
Os brasileiros estão trocando o cheque especial como principal fonte de empréstimo pelo cartão de crédito, segundo o Banco Central. Em 10 anos, o cheque especial caiu como fonte de financiamento em 60% das famílias que contraem empréstimo com bancos, para 34%. Já são 3 cartões de crédito para cada brasileiro.
Os brasileiros estão trocando o cheque especial como principal fonte de empréstimo pelo cartão de crédito, segundo o Banco Central. Em 10 anos, o cheque especial caiu como fonte de financiamento em 60% das famílias que contraem empréstimo com bancos, para 34%. Já são 3 cartões de crédito para cada brasileiro.
Escrita: o problema da educação brasileira
Artigo de Priscilla Borges revela que refletir sobre um tema, elencar argumentos e colocar as próprias ideias no papel é um dos maiores desafios dos brasileiros. Este problema eu mesmo percebi neste primeiro semestre, com alunos de primeiro período de direito e administração. É algo impressionante. Mas Priscilla se referia aos resultados do ENEM: a redação ainda é um bicho-papão para muitos. Entre as 50 escolas com pior desempenho no Enem em 2009, de acordo com ranking que considerou apenas os colégios que obtiveram médias globais (que considera médias das provas objetivas e da redação), 96% (48) ficaram com médias mais baixas quando a redação foi considerada. Entre as dez piores, a nota da redação foi a mais baixa entre todos os testes.
Este problema é antigo e é resultado de uma herança. Na concepção curricular anglo-saxônica, que heradamos dos EUA nos anos 50 e 60, a leitura era muito mais valorizada que a escrita. Isto porque seria necessário saber ler para fazer cursos de "reciclagem" nas empresas. Já escrever não interessava, tal como se depreende do homem-boi almejado pelo taylorismo.
Este problema é antigo e é resultado de uma herança. Na concepção curricular anglo-saxônica, que heradamos dos EUA nos anos 50 e 60, a leitura era muito mais valorizada que a escrita. Isto porque seria necessário saber ler para fazer cursos de "reciclagem" nas empresas. Já escrever não interessava, tal como se depreende do homem-boi almejado pelo taylorismo.
Blog novo no ar
Veja o blog Coluna Questão Social AQUI
O foco do blog é analisar a conjuntura e debater a possibilidade de uma sociedade sem violência. Áurea Fuziwara, criadora do blog, é assistente social e militante da defesa dos direitos da infância e juventude de SP.
Coisa de Índio, por Gaudêncio Torquato
Gaudêncio Torquato avalia que o papel de índio de costas é bater o bumbo e atiçar a militância, sem grandes estímulos para brigar por seu candidato. Concordo, algo que envolve todos times em campo. A campanha anda sem assunto. O que dizer quando o principal assunto é multa? Os tucanos tentam ficar em exposição, temendo que a calmaria dê mais visibilidade à Lula e, por tabela, turbine as intenções de voto de Dilma, captadas nas próximas pesquisas. Estilo "Esperando Godot".
Torquato (que nunca foi o Neto), diz:
Não se pense que Índio tocou o apito para o Brasil sem orientação do cacique. Índio tem missão específica na campanha. Tocar apito, bater o bumbo, botar a boca no trombone. É claro que os tucanos lhe deram a tarefa como forma de atacar o PT, abrir flancos, ganhar ampla visibilidade e preservar as olheiras de José Serra. Só que Índio, por falta de experiência no trato com o apito, soprou muito forte. Dizer que PT faz narcotráfico é chutar o pau da barraca sem saber se era oco ou de aço. Tomou um susto quando percebeu o bumerangue.
segunda-feira, 19 de julho de 2010
A mente de Serra
A queda do PIB mineiro em 2009
De 1990 até hoje, apenas em quatro anos tivemos uma queda do PIB de Minas Gerais: 1990 (- 2,2), 1992 (- 2,4), 1998 (- 0,1) e 2009 (- 2,7). Por aí se percebe o freio, pouco analisado pela grande imprensa mineira, que o governo Aécio Neves levou no ano passado, após ter perdido as eleições municipais nas principais cidades-pólo do Estado. A agricultura fechou o ano com queda de 3,1%. Na indústria, queda na extração mineiral (- 25%), transformação (- 13,5%), produção e distribuição de eletricidade, gás, água, esgoto e limpeza urbana (- 2,1%). O setor de serviços cresceu 2,8%.
A evolução vinha sendo constatne desde 2003 (quando saltou de 48 bilhões de dólares para 60 bilhões, em 2004), mas despencou de 148 bilhões de dólares (2008) para 140 bilhões de dólares (2009).
A Fundação João Pinheiro avalia que o Estado dispõe de poucos instrumentos para influenciar na direção da economia regional. Há, contudo, uma diferença entre ter poucos instrumentos e abandonar a economia local à própria sorte.
Escola pública é a mais importante no Brasil
O dado divulgado pela Folha de SPaulo que as escolas públicas que possuem processo seletivo para ingresso são as que têm melhor performance no ENEM valoriza a escola pública. O raciocínio é óbvio: a seleção inicial exclui os milhares de brasileiros que possuem problemas efetivos de aprendizagem. Ser uma escola de destaque no ENEM ou IDEB a partir deste patamar parece exercício de tautologia.
Aqui emerge a importância da escola pública, sem processo seletivo. É ela que acolhe o brasileiro médio, aquele que se bem atendido fará a diferença em nosso país. É ela que acolhe os filhos da classe C, D e E. Sem leitura, sem hábito familiar de pesquisa. E sem seleção.
Sensus em MG
Anastasia diminui a vantagem de Hélio Costa: agora está em 21,9 pontos (na pesquisa anterior, a diferença era de 28,8). Contudo, o peemedebista continua muito na dianteira: está com 43,9% contra 21,5% de Anastasia.
domingo, 18 de julho de 2010
Índio de costas
Parece que acharam um papel para o candidato a vice de Serra. O pior é que ele aceitou.
sábado, 17 de julho de 2010
História do Pranto
Leio este livro de Alan Pauls, argentino três anos mais velho que eu e que escreveu no Página 12, jornal que já foi mais independente e de esquerda.
História do Pranto não é um livro de fácil leitura, embora pequeno (e já me preparo para ler O Passado, do mesmo autor). Passagens pouco ufanistas e até depressivas, uma narrativa para si. Vou reproduzir alguns excertos:
A dor é sua educação e sua fé. A dor o torna crente. Acredita apenas, ou sobretudo, naquilo que sofre.
A felicidade é inverossímel por excelência. (...) Mas tudo o que venha a fazer com O Feliz, e depois, também, com O Bom em geral, traz a sombra da desconfiança.
(...) comprovar a suspeita de que toda felicidade se erige ao redor de um núcleo de dor intolerável, de um achaga que a felicidade talvez esqueça, eclipse ou embeleze até torná-la irreconhecível
(...) impedir a todo custo que alguém, em algum lugar, caia na armadilha, para ele a pior que se possa imaginar, de acreditar que a felciidade é o que se opõe à dor, o que se dá ao luxo de ignorá-la, o que pode viver sem ela.
Perfil do consumidor de alta renda
Estamos tão impressionados com o crescimento da classe C que nos esquecemos de comentar como a desigualdade aumenta em nosso país, ou seja, as classes A e B nunca foram tão absolutas no Brasil como agora.
Recentemente, alguns breves estudos revelaram mais nitidamente seu perfil:
1) A Merrill Lynch revelou que a classe e mais alta renda foi reduzida em 19% nos EUA em função da crise. Contudo, cresceu 8,4% no Brasil;
2) No Brasil, alta renda é o indivíduo que recebe 4,5 mil reais mensais, ou seja, 3% da população tupiniquim;
3) Segundo a Mastercard, este estrato responde por 42% do faturamento dos cartões de crédito do Brasil;
4) O mercado de luxo internacional, de olho nesta projeção das classes mais abastadas, estão desembarcando no Brasil. Em 2009 ingressaram em terras tupiniquins a italiana Missoni e a francesa Hermès. Neste ano, chegou a inglesa Bentley, apostando em carros cujo preço gira ao redor de 1,3 milhão de reais (projetam vendas de 20 carros ano, até chegar a 30, em 2013). Ainda este ano, chetga a Aston Martin. No Shopping Lebron, do RJ, jã se instalou a Chanel (apenas para perfumes, cremes e maquiagens) e já está planejada outra loja, em outubro, no Shopping Iguatemi, de SP. A Luuis Vuitton adquiriu 70% da Sack´s Perfumaria, portal de vendas on-line de comésticos;
5) O mercado de luxo no Brasil chegou a 6,2 bilhões de dólares em 2009 (5% a mais que 2008), representando 1% do faturamento mundial desse segmento, segundo a MCF e GFK Brasil. Estima-se que poderá dobrar este faturamento na próxima década.
sexta-feira, 16 de julho de 2010
quinta-feira, 15 de julho de 2010
O exemplo da Argentina
Primeiro veio o exemplo na Copa do Mundo: como se joga e como um técnico comanda. Agora, o Congresso da Argentina aprovou projeto que introduz no Código Civil do país a permissão para que homossexuais se casem. É o primeiro país latino-americano a permitir em lei a união entre pessoas do mesmo sexo. Os outros países são Holanda, Bélgica, Espanha, Canadá, África do Sul, Noruega, Suécia, Portugal, Islândia e EUA [apenas em cinco Estados].
É difícil entender como alguém pode acreditar que tal lei é uma afronta a qualquer moral. E fica ainda mais difícil acreditar que a Igreja Católica, que não tem a menor experiência em relação à administração familiar (ao menos no que consta oficialmente), tenta colocar a colher neste doce. Os conservadores argentinos chegaram ao absurdo de exigirem que as crianças tenham direito à ter um pai e uma mãe. Pior, numa faixa, escreviam pai-homem e mãe-mulher. Até onde se sabe, a lei não proibe o casal heterossexual. Li, em algum lugar, que este tipo de jogo de informação chama-se ideologia. Não na visão gramsciana, obviamente.
Parcialidade da Imprensa
Até pouco, havia uma máxima da grande imprensa sobre sua essencial imparcialidade. Até que a Fox resolveu assumir publicamente sua preferência política. E aí veio a avalanche tupiniquim. A Veja, de um lado, e a Carta Capital, de outro, assumem publicamente suas preferências.
Fica, então, a dúvida: um veículo de informação pode assumir uma linha editorial a favor de um candidato ou contra outro? Não seria abuso econômico? Seria um serviço ao leitor que poderia optar sobre qual veículo lhe apetece mais? Ficaria mais fácil colher argumentos pró e contra sobre o mesmo fato ou personagem? Seria um cerceamento dos profissionais da imprensa que não tiverem poder na redação?
Até nisto parece que retornamos ao período getulista!
O inferno astral da Air France
Pode ser coincidência, mas queda de avião, seguida por ameaça de bomba e pane nos banheiros de uma terceira aeronave é demais. A Air France vive um momento crítico.
É possível colocar a culpa na crise financeira e econômica mundial. No ano passado, o setor sofreu perda de cerca de 6,4 bilhões de euros. Mas é uma desculpa, entre outras.
Recentemente, peguei um vôo da Air France, de Paris para Florença. Percebi o mesmo descuido e sinais de decadência que se sentia na Aerolineas Argentinas. Para piorar, o modo que a tripulação adota para indicar as saídas de emergência (dando voltinhas para apontar as portas de um lado para outro) é ridículo.
É possível colocar a culpa na crise financeira e econômica mundial. No ano passado, o setor sofreu perda de cerca de 6,4 bilhões de euros. Mas é uma desculpa, entre outras.
Recentemente, peguei um vôo da Air France, de Paris para Florença. Percebi o mesmo descuido e sinais de decadência que se sentia na Aerolineas Argentinas. Para piorar, o modo que a tripulação adota para indicar as saídas de emergência (dando voltinhas para apontar as portas de um lado para outro) é ridículo.
quarta-feira, 14 de julho de 2010
terça-feira, 13 de julho de 2010
Minas Gerais também é guerra
A guerra política começou também aqui em Minas Gerais:
1) No último dia para os pedidos de impugnação de candidatos, cresce o número de políticos que são alvos de processos para suspensão de registros. Minas Gerais é o estado que lidera o número de pedido de impugnações, a Procuradoria Regional Eleitoral em Minas pediu a impugnação de 614 registros.O balanço final será apresentado na quarta-feira (14) pela Procuradoria Regional Eleitoral, mas até hoje dos 1.047 pedidos de registro para deputado estadual, 294 apresentaram problemas. Entre os políticos que pretendem se candidatar a deputado federal, 61 dos 569 registros foram barrados pela PRE.
2) O candidato ao Senado e ex-governador de Minas, Aécio Neves, foi condenado pelo Tribunal Regional Eleitoral (TRE-MG) a pagar multa de R$5.000 por ter realizado propaganda antecipada. O desembargador Brandão Teixeira do TRE-MG julgou a representação parcialmente procedente, já que a representação ajuizada pelo PMDB, também pedia multa ao candidato tucano à Presidência, José Serra, que não foi deferida.
IPEA: Brasil acaba com a pobreza em dez anos
Do Valor Econômico:
O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) acredita que o Brasil poderá eliminar, nos próximos dez anos, os problemas de pobreza absoluta e extrema. As conclusões constam do Comunicado do Ipea 58, divulgado hoje pela instituição.
"Para isso, a combinação do crescimento econômico com avanços sociais observada no período recente precisa ser aprofundada, com o necessário aperfeiçoamento de políticas públicas de alcance nacional, sobretudo daquelas voltadas ao atendimento das regiões e Estados menos desenvolvidos", diz o texto divulgado pela instituição.
O estudo mostra - com base em dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), Contas Nacionais e Contas Regionais, todas do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) - que, entre 1995 e 2008, 12,8 milhões de pessoas saíram da pobreza absoluta, configurada pelo rendimento médio domiciliar per capita de até meio salário mínimo mensal.
No mesmo período, outras 12,1 milhões deixaram a pobreza extrema, que engloba as pessoas que vivem com rendimento médio domiciliar per capita de até um quarto de salário mínimo por mês. Em termos percentuais, a taxa de pobreza absoluta passou de 43,4% para 28,8% da população, enquanto a pobreza extrema caiu de 20,9% para 10,5%.
Mas o Ipea ressalta que o crescimento econômico não se mostra suficiente para elevar o padrão de vida de todos os brasileiros. Isso porque a redução da pobreza nos últimos anos, apesar de expressiva, foi desigual entre as diferentes regiões do país. No Sul, por exemplo, a pobreza absoluta caiu 47,1%, enquanto a pobreza extrema recuou 59,6%. Já no Norte, a pobreza absoluta retrocedeu 14,9% e a pobreza extrema caiu 22,8%. "Por isso, ganha maior relevância o papel do Estado - em suas distintas esferas governamentais e concomitantemente às instituições da sociedade civil - na execução de uma política nacional de desenvolvimento que possibilite ao país enfrentar todos os problemas de ordem social", diz o Ipea.
(Rafael Rosas | Valor)
Senado renovado?
São 54 cadeiras em disputa e outros 27 senadores em meio de mandato (em função do Pacote de Abril). Das que estão sendo disputadas, 30 senadores tentam a reeleição.
Estima-se que o DEM perca 3 a 4 de seus 14 senadores atuais. O DIAP avalia que o PSDB manterá seus 14 senadores. PT poderá chegar a 16 (atualmente são 9).
Alguns senadores tentarão subir na hierarquia política. Este é o caso de Marina Silva. Já Aloizio Mercadante (PT-SP), Ideli Salvatti (PT), Hélio Costa (PMDB-MG) e Osmar Dias (PDT-PR) desistiram de um novo mandato para concorrer a governador por seus Estados – Flávio Arns (PSDB-PR) será vice na chapa do também tucano Beto Richa no Paraná. Outros senadores abriram mão de uma eventual reeleição para se dedicar a campanhas de correligionários, caso do tucano Sérgio Guerra, senador pernambucano que coordena a campanha de José Serra à Presidência. Outros tentarão cargos menores, como Patrícia Saboya (PSB), que deixa o Senado para ser candidata a deputada estadual pelo Ceará. Há ainda quem tenha simplesmente desistido da vida pública para não “arrastar chinelos pelo Senado” – caso de Gerson Camata (PMDB-ES), que enfrentou problemas dentro do próprio partido em seu Estado e vai apenas torcer para que a mulher, Rita Camata (PSDB), siga seus passos no Senado.
É possível que o Senado mude de cara, mas o conteúdo...
PT e PMDB: tudo a ver
segunda-feira, 12 de julho de 2010
A agonia do Jornal do Brasil
O diretor presidente do Jornal do Brasil nos últimos 4 meses, Pedro Grossi, acaba de pedir demissão do cargo, após desentendimento com o principal investidor no veículo, Nelson Tanure.
Grossi enviou o seguinte email aos editores e diretores do Jornal do Brasil, comunicando sua decisão:
Prezados, Em almoço realizado hoje, na presença do Dr Ronaldo Carvalho e da Dra Angela Moreira, o Dr Nelson Tanure informou que publicará na ediçao de amanhã do Jornal do Brasil uma notificação assinada pela direção da empresa e dirigida aos leitores na qual explica a transposição do jornal escrito para o tecnológico (internet). Considerando que isto contraria a razão pela qual fui contratado, solicito, sem perda de meus direitos, que o expediente do jornal e de todas as revistas nao conste mais meu nome.
O livro nasceu!!!
domingo, 11 de julho de 2010
Bruno, Flamengo e o mundo das drogas
É muito forte o comentário em Contagem que a morte de Eliza Samudio estaria relacionada à queima de arquivo pelo tráfico de drogas. O Flamengo já tem certo histórico de casos envolvendo jogadores com este submundo. Afinal, o clube teria algum vínculo como as escolas de samba cariocas?
Bela definição sobre homens à beira dos 50 anos
Risoto em BH
Para quem gosta de risoto, a melhor opção em Belo Horizonte é restaurante Sorriso. Além de tudo, a sobremesa Textura de Chocolate é um desfile de sabores, incluindo uma espuma de nutella.
Diz a lenda que a receita foi resultado de uma mistura acidental durante uma festa de casamento em 1574. O risotto alla milanese teria sido inventado pelo mestre na criação de vidros Valerio di Fiandra, responsável pela produção dos vitrais da Catedral de Milão. Ele tinha habilidade em misturar cores e o colocava um pouco de açafrão para dar um tom peculiar à obra. Durante os preparativos para o casório de sua filha, Fiandra deixou cair um pedaço de açafrão dentro da panela de arroz, o que deu origem a um delicioso prato.
Endereço do Sorriso, em BH:
Rua Curitiba, 2.307, Lourdes - Belo Horizonte.
Telefone: (31) 3653-2023
Horário: Segunda a quinta, 12h à 1h; sexta e sábado, 12h às 02h; domingo, 12h às 20h.
Cartões de crédito: Visa e Mastercard.
O RJ é PMDB
Um dos mistérios das eleições deste ano parece ter sido resolvido com uma matéria do jornal O Globo de hoje. Era intrigante o modo como o lulismo entrou com peso total naquele Estado. Levantamento do jornal carioca revela que 91 dos 92 prefeitos do RJ apóiam explicitamente Sérgio Cabral. Mais: 35 prefeitos são peemedebistas, outros 38 são aliados, 7 são de oposição mas apóiam reeleição de Sérgio Cabral e 12 prefeitos oposicionistas afirmam que não farão campanha contra o governador. Olhando o mapa político do Rio de Janeiro percebe-se que a oposição está acantonada nos extremos do Estado, tendo apenas em Campos dos Goytacazes e Cabo Frio alguma expressão.
sábado, 10 de julho de 2010
20 anos de ECA
Por Givanildo M. Da Silva (Blog: http://infanciaurgente.blogspot.com)
Neste ano, esta semana marca uma efeméride importante no reconhecimento legal dos direitos humanos das crianças e adolescentes do Brasil, já que no dia 13 de Julho comemoram-se os 20 anos da aprovação do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). A importância dos 20 anos é muito grande, porque essas duas décadas marcam o nascimento de uma geração e representam o tempo de desenvolvimento e capacidade para que ela, já formada, tenha condições de originar outra geração, tempo suficiente para forjar consciência em relação à lei. Teoricamente, alcançar essa data colocaria em festa todas as pessoas que acreditam em uma sociedade centrada no ser humano, em especial na criança e no adolescente, pois serão estes que darão continuidade à história do povo brasileiro. Logo, tratar a infanto-adolescência com todas as condições de vida e garantir que não lhes falte nada no aspecto material e afetivo, seria o lógico, e, portanto, uma lei como o ECA seria a síntese desse desejo, já que a declaração é o compromisso escrito do povo brasileiro com os meninos e meninas.
O compromisso afirmado pelo povo brasileiro de ter a infanto-adolescência como seu principal valor há duas décadas pela promulgação do ECA e o fato de o Brasil hoje se encontrar em um processo de desenvolvimento que o coloca entre as seis principais economias do mundo, condição que supera a possibilidade de ausência de recursos para realizar as necessidades dos meninos e meninas do país, deveria nos deixar, enquanto cidadãos brasileiros, muitos felizes. No entanto, quando passamos a vasculhar a situação das crianças e adolescentes, são outros aspectos que saltam aos olhos. Um deles é o olhar que a sociedade repousa sobre os meninos e meninas que, com a ajuda da grande mídia, coloca esta parcela da população como responsável pelas mazelas existentes no país e, sobretudo, como chaga da violência. A grande mídia cria uma falsa idéia de que os meninos e meninas estão mais violentos e não se digna de fazer a correta análise conjuntural da violência, que na verdade indica o contrário: a população infanto-juvenil representa o segmento mais abatido com a violência, que tem sido estrutural no país. Prova disso são os dados do Observatório da Favela/Unicef e Secretaria Especial de Direitos Humanos da Presidência da República que dão conta da morte de 5.500 adolescentes por ano no Brasil.
Verificamos também que as políticas de atendimento destinadas à infância e à adolescência ainda são frágeis ou inexistentes. O processo de reordenamento institucional está longe de alcançar o que está estabelecido na legislação, que previu prazo de 90 dias da promulgação da lei para que essas alterações ocorressem. A situação mais visível desse desrespeito tem sido as unidades de internação para os adolescentes autores de ato infracional. Em muitos lugares, essas instituições mudam de nome, mas não alteram as práticas ultrapassadas e violadoras dos direitos da criança e do adolescente, desrespeitando o que prevê a lei. Grave ainda é a situação do órgão criado a fim de zelar e controlar tanto o estado quanto a própria sociedade para garantir que os direitos das crianças e adolescentes sejam respeitados. O Conselho Tutelar, que deve existir em todos os municípios, não raro tem uma estrutura precária e pouco conhecimento acerca do seu papel e reconhecimento da sua importância. Talvez por isso a sua ação tem sido aquém do que a legislação lhe reservou, atuando muitas vezes de forma a contrariar a própria lei. Outra problemática diz respeito ao Sistema de Justiça, inclusive o Ministério Público, que por diversos motivos não internalizou em sua cultura e estrutura a lei, situação que tem levado à permissividade de diversas violações de direitos de meninos e meninas. Um retrato dessa situação diz respeito à aplicação das medidas socioeducativas de internação. Um levantamento da Secretaria Especial dos Direitos Humanos aponta que 40% dos adolescentes internados em São Paulo não deveriam estar cumprindo medida de privação de liberdade.
Um dos motivos pelos quais são provocadas essa e outras situações é a ausência de disciplina obrigatória voltada especificamente para os Direitos da Criança e do Adolescente nos currículos dos cursos de Direito, mesmo após determinação do Ministério da Educação, que em 2009 tornou obrigatória a inclusão da matéria nos cursos. Atitude parecida foi tomada pelo Conselho Nacional de Justiça, que obrigou, em 2008, a inclusão dos conteúdos do ECA nos concursos para Juízes, posição que não foi seguida pelo Conselho Nacional do Ministério Público. Apesar de todos os desafios, entendo que nem tudo foi negativo. Tivemos a ampliação do debate acerca do papel e das diretrizes do ECA, embora boa parte do conteúdo da discussão, pautada principalmente por uma mídia despreparada e que não tem demonstrado preocupação em qualificar seu olhar sobre a complexidade do tema, não tenha a profundidade necessária. Porém, retirar esse debate dos círculos dos pequenos grupos que atendem crianças e adolescentes e ampliá-lo para a sociedade, com equívocos ou não, foi o grande avanço que o ECA possibilitou nessas suas duas décadas de existência. Assim, a sociedade brasileira passou a debater a situação dos meninos e meninas, nos levando a uma maior compreensão da situação que os envolve, tanto do ponto de vista do desenvolvimento quanto das necessidades para que seus direitos sejam assegurados, sem perder de vista a condição de prioridade absoluta de políticas públicas que a Constituição Federal define para infância e adolescência.
Podemos avaliar diversos aspectos que nos levam a entender que pouco avançamos no que diz respeito ao reconhecimento da cidadania de crianças e adolescentes. Porém, a constatação pessimista não pode nos tornar céticos em relação à Lei, que nos traz a dimensão do desafio que temos pela frente, para de fato, construirmos as condições de efetivar outro projeto de sociedade que coloque na centralidade a infanto-adolescência!
Leitor de jornal é conservador
As pesquisas sobre perfil dos leitores dos grandes jornais brasileiros revelam um conservador na política e mais ou menos liberal no comportamento social. O jornal que apresenta mais nitidamente este traço de leitor é a Folha de SPaulo, mas ele atiinge quase toda grande imprensa.
Isto explica, talvez, a linha conservadora de grande parte das editorias de política, que neste ano perderam todo prurido em montar manchetes que transformam o jornal num panfleto. O mesmo em relação aos editoriais e colunistas vinculados à análise política.
Aliás, esta declaração política já envolve todos os lados. A revista Carta Capital, por exemplo, publicou chamada na primeira página explicando o motivo de ser Dilma Rousseff. Afinal, vamos copiar os EUA de vez?
Isto explica, talvez, a linha conservadora de grande parte das editorias de política, que neste ano perderam todo prurido em montar manchetes que transformam o jornal num panfleto. O mesmo em relação aos editoriais e colunistas vinculados à análise política.
Aliás, esta declaração política já envolve todos os lados. A revista Carta Capital, por exemplo, publicou chamada na primeira página explicando o motivo de ser Dilma Rousseff. Afinal, vamos copiar os EUA de vez?
Tarso Genro com 10% de vantagem no RS
Dilma e o encontro inusitado
Este encontro de Dilma com dona Lily Marinho foi, digamos, uma espécie de marketing invertido. Ganhou espaço na imprensa, com aquela taça de Dom Perignon na mão (sob olhar atento de Jandira Feghali). E ainda ganhou duas frases prá la de estranhas, proferidas pela anfitriã: que teria recebido Fidel e, por este motivo, não haveria por que surpreender por receber o PT e, ainda, que já tem muita idade para votar, mas se votasse seria em Dilma. Um verdadeiro presente de grego, bem exótico.
Aliás, a ilustração desta nota é foto do peixe Pirá Brasília, de poucos centímetros, que só existe no Distrito Federal.
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