quinta-feira, 15 de julho de 2010

Parcialidade da Imprensa


Até pouco, havia uma máxima da grande imprensa sobre sua essencial imparcialidade. Até que a Fox resolveu assumir publicamente sua preferência política. E aí veio a avalanche tupiniquim. A Veja, de um lado, e a Carta Capital, de outro, assumem publicamente suas preferências.
Fica, então, a dúvida: um veículo de informação pode assumir uma linha editorial a favor de um candidato ou contra outro? Não seria abuso econômico? Seria um serviço ao leitor que poderia optar sobre qual veículo lhe apetece mais? Ficaria mais fácil colher argumentos pró e contra sobre o mesmo fato ou personagem? Seria um cerceamento dos profissionais da imprensa que não tiverem poder na redação?
Até nisto parece que retornamos ao período getulista!

4 comentários:

Anônimo disse...

Todo jornalista tem sua preferência política, não vejo nada de errado em ele admiti-la publicamente, desde que não interfira no seu trabalho.

Mas quando a Veja assumiu publicamente sua preferência? Que eu saiba, algumas semanas atrás eles escreveram um editorial se gabando da sua imparcialidade.

É claro que todo mundo sabe quem eles apoiam, mas eles continuam dizendo que são neutros.

Por isso escrevi um texto ("Quem acredita na Veja?"), mostrando porque não dá pra levar essa revista a sério:

http://contraponto.posterous.com/quem-acredita-na-veja

Luiz Henrique Mendes disse...

Rudá,

A comparação entre Veja e CartaCapital é forçosa, não? Carta assume sua posição em editorial, claramente, e não deixa de fazer as críticas quando julga pertinente. No mais as reportagens de CartaCapital não se prestam a manipulações e joguetes. No caso de Veja, não se pode dizer o mesmo.

Rudá Ricci disse...

1) Não houve comparação, mas constatação;
2) A questão é pesar os prós e contras de um veículo de comunicação de massas assumir sua preferência eleitoral;
3) A Veja assume a preferência declaradamente, nas capas e editoriais. O mesmo em relação ao jornal O Globo. A revista Carta Capital fez mais explicitamente. Mas não existe nenhuma diferença em termos de política editorial, sendo explícita ou não.
Se perceberem minhas perguntas, perceberão que há vantagens e desvantagens nesta postura e me pergunto qual o lado que a balança pende mais.

Cláudio Roberto de Souza disse...

Professor Ricci, sem dúvida que a pauta da Veja, FSP e outros é francamente contrária ao governo e particularmente a pessoa do presidentes. Veja-se a vergonhosa, que de tanto já é antológica, capa do Globo desta semana. Mas o ponto é o que os comentaristas já destacaram aqui. Todos eles se afirmam como imparciais e apresentam-se como estando acima dos interesses partidários. Assumem uma pauta e apresentam-na não como a expressão de uma idéia, um projeto, um partido, mas como se ela fosse um interesse nacional, um projeto que unifica (não que parte, partidariza). Veja (perdão pelo trocadilho) como a FSP se apresenta em editorial (http://www.advivo.com.br/blog/luisnassif/a-folha-e-a-inutil-reconstrucao-da-virgindade#more). O link é para o blog do Nassif porque é um texto da área exclusiva da FSP. "Jornalismo imparcial e isento"! Aí está o efeito nocivo desse jornalismo: espinafra o presidente afirmando que essa é uma posição de uma voz neutra, acima das disputas partidárias, ou seja, apresentam-se como árbitros e fiadores de um pretenso interesse nacional por eles representado.