sábado, 8 de fevereiro de 2014

Os efeitos da criminalização dos protestos sociais

Abaixo, matéria publicada no Canal IBASE (para quem não se lembra, IBASE é a entidade que foi dirigida por Betinho) sobre o ataque desmedido e brutal da PM carioca aos manifestantes do dia 6.
A criminalização dos protestos não é mais apenas letra morta.
É fundamental que os governantes e dirigentes políticos se manifestem a respeito.

Morte em meio a protesto no Rio

Camila Nobrega
Do Canal Ibase 
Policiais lançam bombas na Central. Foto: André Mantelli
Na manifestação desta quinta-feira (6/2) contra o aumento da tarifa de ônibus no município do Rio de Janeiro, que vigorará a partir deste sábado ao valor de R$ 3 (um aumento de 9%), houve uma cena que não deve cair no esquecimento. Em meio à correria causada por bombas de efeito moral, arremessadas pela Polícia Militar na Avenida Presidente Vargas, uma das mais movimentadas no Centro do Rio, um senhor de 65 anos foi atropelado por um ônibus e, levado ao hospital, não resistiu. A reportagem do Canal Ibase estava cobrindo a manifestação e chegou ao local minutos depois do acidente.
Àquela altura, Tasnan Accioly, o idoso que havia sido atingido, ainda estava à espera de socorro. Trancados dentro do veículo, o motorista e a trocadora estavam amedrontados. Transeuntes que assistiram à cena contaram que o senhor, que seria um ambulante, teria corrido para a rua, em meio à multidão. Outros afirmam que o motorista também não conseguiu desviar, pois a cena ao redor dele já era de muita confusão. A despeito das dúvidas, fato é que, embora não esteja sendo computada nos números oficiais, houve uma morte que precisa ser registrada.
Manifestantes chegam à Central. Foto: Camila Nobrega
O Corpo de Bombeiros confirmou o nome da vítima e afirmou ter feito o socorro, na Presidente Vargas, na altura da Rua da Conceição (onde fica o prédio do Detran). Segundo a Assessoria de Imprensa da Secretaria de Saúde, ele faleceu na mesa de cirurgia do Hospital Souza Aguiar. A secretaria ressaltou que não está contabilizando esta morte junto ao número de feridos da manifestação, pois não tem evidências de que o atropelamento tenha ocorrido em decorrência do protesto. O órgão confirma, porém, que a vítima foi levada ao hospital no mesmo horário que os demais feridos. Certo é que a cena ficou marcada para os manifestantes que ajudaram a pedir socorro. E a morte, ocorrida em um contexto de muita tensão, não pode  ficar de fora das reflexões de quem deseja uma cidade para muito além dos megaeventos.
No total, houve sete pessoas feridas no momento da confusão, segundo a Secretaria Municipal de Saúde do município. O estado de um deles, como já foi largamente divulgado, é gravíssimo. Trata-se do cinegrafista da TV Bandeirantes, Santiago Andrade, atingido por uma bomba. A maior dúvida é saber quem atirou o  artefato e de onde ele veio. Um comandante da Polícia Militar deu declarações à imprensa em tom de defesa, afirmando que ela seria de fabricação caseira e teria sido jogada por manifestantes. Mas o jornalista da Globo News Bruno Menezes, que estava muito próximo ao local, afirmou que bomba foi lançada por policiais.  Um vídeo gravado pela BBC Brasil mostra o momento exato em que Santiago foi atingido. O câmera está internado no Hospital Souza Aguiar, onde já fez uma cirurgia de quatro horas. As outras seis pessoas foram atendidas e liberadas. Já a Polícia Civil informou que  20 pessoas foram detidas durante o protesto, mas, com a atuação do Grupo de advogados voluntários Habeas Corpus, parte delas já foi liberada.
Bombas em todas as direções e ataques a jornalistas 
Pouco antes dos acidentes, o brilho intenso dos últimos minutos de sol se confundia com uma profusão de luzes e fumaça, vindas de diferentes direções. Muitas faíscas explodiam no ar. Eram bombas de efeito moral, arremessadas pela Polícia Militar para dispersar manifestantes Por volta das 19h, a passeata que havia se iniciado na Candelária chegou à Central do Brasil. O objetivo era marcar o protesto contra o aumento da tarifa – que foi anunciado logo após o governador Sérgio Cabral também desonerar as empresas de transporte do Estado do Rio de Janeiro em 50% relativos ao IPVA – e também denunciar os maus serviços prestados diariamente pelas concessionárias nos ônibus, trens, metrô e barcas. Além disso, os manifestantes exigem mais transparência na relação entre o Estado e a prefeitura com as concessionárias, devido a suspeitas de favorecimento das empresas. A confusão começou no momento em que se iniciou o “catracaço”, no qual pessoas pularam as catracas. Já havia uma quantidade imensa de policiais no local, agindo com muita truculência. Foi então que os manifestantes arrancaram uma das catracas.

Bloco do Nada toca durante o protesto. Foto: Camila Nobrega
A partir daí, a ação da polícia transcorreu de forma assustadora. Um grupo de jornalistas que registrava o protesto foi atacado por policiais ainda ali dentro. Uma bomba Foi arremessada exatamente à frente de uma linha formada por vários profissionais de imprensa, muitos cinegrafistas e fotógrafos. Foi nesse momento em que um policiais  deu um chute na reportagem do Canal Ibase.
Dentro da Central, no hall da entrada para os trens e bem ao lado das catracas, dezenas de bombas de efeito moral joram jogadas, para todos os lados, no meio inclusive de trabalhadores que ali estavam apenas para pegar os trens de volta para casa.  A palavra “jogadas” não está aí a toa. Quem tem acompanhado os protestos sabe bem que ela é apropriada, uma vez que tem sido recorrente o arremesso de bombas pela polícia sem nenhum critério, a esmo. Não raro, muitos grupos de manifestantes são atingidos pelas costas, enquanto correm, e sem oferecer, portanto, perigo, e sem possibilidade de defesa.

A situação se repete em relação a jornalistas que acabam na linha de frente para registrar a situação e, com frequência, têm sido alvejados pela polícia. Em repúdio aos ataques de ontem, a Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) publicou uma nota, ,em que afirma que o profissional da Band é o terceiro jornalista ferido em manifestações em 2014. No dia 25 de janeiro, dois jornalistas foram feridos em São Paulo: Sebastião Moreira, da Agência EFE, foi agredido por PMs; Paulo Alexandre, freelancer, apanhou de guardas civis metropolitanos. O texto afirma também: “É preocupante que 2014 comece com três casos de violência contra jornalistas. Se faz necessária uma apuração célere do ocorrido, para que procedimentos sejam revistos e para que o Estado proteja a liberdade de expressão, a liberdade de informação e o jornalista”.

3 comentários:

marcos disse...

Se no sábado, 8 de fevereiro, vc ainda tinha dúvidas sobre a tal bomba a ponto de escreves uma bobagem dessas é porque a sua mascara caiu.

Vc é uma canalha; lobo travestido de cordeiro.

Que pena.

MAM

Rudá Ricci disse...

Postei o comentário do tal "Marcos" ao lado para revelar o nível e interesse inconfesso deste pessoal que deseja criminalizar até a sombra. Imagino que tenha citado a palavra lobo em função de minha idade. Muito tempo atrás, se dizia que 50 anos era a idade do lobo. Deve ser isto. Mas não me parece que o rapaz tenha cultura para tanto.

Geraldo Souza disse...

Povo nas ruas é uma coisa. Movimentos armados e promovendo a violência, outra. Nas manifestações passadas ninguém portava paus, pedras ou rojões em praças, seja no Rio ou em São Paulo. As mobilizações eram democráticas, livres e sem violência com a presença de artistas, cantores e lideranças políticas das mais diversas matizes partidárias. Era um movimento plural, democrático um sucesso!

Registro aqui um não as forças a violência black-bloc! Governo e entidades da sociedade civil como a OAB, Fenaj, ABI, dentre outras, devem trata-los como são - terroristas! Estes neofacistas e suas redes devem ser denunciada e combatida, e seus líderes enquadrados nas leis que tratam de terrorismo e perturbação da democracia. O mesmo deve valer para as emissoras, que como concessionárias de serviço público cedido pela União, devem ser responsabilizadas por promover movimentos que atentem contra o Estado de Direito.

Derrotamos os generais e a Globo no passado. É hora da democracia derrotar aqueles que querem o retrocesso e novamente a TV Globo, o Jornal o Globo, a Folha de São Paulo, a revista Veja, o jornal o Estado de São Paulo e a revista Época! Pergunto: onde está o Ministro Zé Cardoso? Tão alviteiro para estar na mídia para coisas fúteis! Acorda Dilma, seu próprio ministro acabará com seu legado!