Comecei a ler este belo livro (anunciado como romance histórico)sobre a trajetória de Ramón Mercader, o assassino de Trotsky.
Imediatamente me transportei para minha época de movimento estudantil. Havia uma armadilha previamente armada (como aquelas que ocorrem nos casamentos) entre trotskistas e stalinistas: assim que um lado gritava "León, León, León" o outro lado, como um eco invertido se insurgia gritando: "Ramón, Ramón, Ramón". Eu achava uma grosseria dos filiados no PCdoB. Gritar o nome de Trotsky não chegava a ser uma ofensa. Ou seria?
De qualquer maneira, logo no começo do livro sou surpreendido com uma análise de Stephen Cohen, registrada na sua biografia de Bukharin, em que ele sustenta que havia uma forte divisão interna entre bolcheviques: a intelligentsia ocidental (aqueles que haviam se exilado na Europa e adotavam referências internacionalistas) e os nativos, que formulavam pouco, mas eram muito bons na organização, além de muito pragmáticos. Este último grupo tinha tendências nacionalistas e formaram a base da burocracia partidária, a apparathiki. Uma divisão que possivelmente se repetiu no PT desde sua origem. A intelligentsia dirigindo o partido até meados de 1990 e os organizadores da apparathiki petista a partir deste marco.
Interessante que a vanguarda dos pragmáticos petistas foi justamente formada por dissidentes do PCB.
Recentemente havia citado o excelente livro de Reinhard Bendix (Construção Nacional e Cidadania) num debate virtual. Neste livro, o autor weberiano destacava a herança da cultura mongol na constituição da Rússia, o que gerou uma profunda lacuna democrática. O Império Mongol simplesmente ignorava a simples possibilidade de existência da sociedade civil. A "via prussinana" tinha bases sólidas fincadas na alma russa.
Um bom plano de estudos sobre os caminhos e descaminhos da esquerda tupiniquim.
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