domingo, 29 de agosto de 2010

Eleitor imutável?


A tese geral é que os partidos brasileiros caminharam para o centro ideológico (se é que isto existe). Tornaram-se pragmáticos. O lulismo seria caudatário deste movimento, tendo a base e a imagem populares, com o programa ao centro. Esta é a tese subjacente ao ensaio de André Singer: o lulismo seria promotor social, sem romper com a ordem. Neste caso, para ser vitorioso em nosso país, seria necessário manter esta postura ideológica indefinida, ao centro, sem arroubos. Os partidos mudam, mas o eleitorado seria culturalmente constante.
Não sei se esta tese é correta. O eleitorado mudou muito no Brasil nos últimos dez anos. Não é tão afeito ao curral eleitoral, embora ainda seja pautado pela troca de favores. Mas não favores pequenos. O favor maior é a ascensão social. Um eleitorado mais e mais independente e pragmático. Este é o desafio do governo Dilma. E para o próprio PT. O que faz do PMDB um adequado fiel da balança.
Caio Prado Jr já teria percebido a dificuldade de instalação de um projeto nacional em nosso país. Por outras vias teóricas, parece que o país confirma sua tese. Somos um país sem face, que confirma a tese de Maquiavel: a parte do corpo humano mais sensível é o bolso. Aliás, esta frase é de Delfim Neto. A de Maquiavel é: "Os homens esquecem mais facilmente a morte dos pais do que a perda dos bens".

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