sexta-feira, 27 de agosto de 2010

Avaliação de Gaudêncio Torquato sobre a campanha presidencial

Do Porandubas:

Minha tese é de que o Produto Nacional Bruto da Felicidade é quem está comandando o processo de escolha. Sem ufanismo, eis minha leitura : a maioria da população brasileira está satisfeita com o governo Lula. O presidente colou o voto ao bolso dos cidadãos. Logo, o voto gera alimento para o estômago. Geladeiras cheias, fogões com chamas acesas fazendo comida farta. Produtos da linha branca enchendo as cozinhas. Carro novinho, mesmo que seja simples, na porta de casa. Até o dinheirinho para o lazer está à disposição. Há uns 20 programas de Lula que, somados, formam o que chamo de Produto Nacional Bruto da Felicidade. Passaporte para Dilma.

Serra, um discurso troncho
Questões que devem inquietar os marqueteiros : por que votar em Serra ? Por que o eleitor está insatisfeito ? Por que vota em candidato mais preparado ? Por que Serra é mais experiente ? Ora, tais argumentos só funcionam junto a estratos que estão acima do meio da pirâmide. O voto racional pode ir para Serra, mas é um sufrágio menor. Serra, na verdade, carece de um discurso menos vago. Se prometer mudanças, perderá muitos eleitores. Que temem alteração substancial nas regras do jogo. Se disser que vai aperfeiçoar, a questão surge : como ? Aperfeiçoar é um verbo abstrato.

Serra centralizador
A campanha do ex-governador paulista, ademais, carece de planejamento, de organização. Serra é quem decide tudo, ao sabor do humor. Dorme tarde, lá pelas 4 da manhã, acorda pelas 8h/9h, cheio de sono e ressaca eleitoral. Fica com o humor à flor da pele. Agora decidiu concentrar a campanha no Triângulo das Bermudas, Rio, São Paulo e Minas Gerais. Campanha de corpo a corpo. Aí se concentra o maior eleitorado brasileiro. Haverá tempo de diminuir a distância ?

Programa velho
O programa de Serra na TV é velho, cheio de bolor. Mostra o que fez e o que poderá vir a fazer. Imagens antigas, de arquivo, e falas pontilhadas pela didática do professor em sala de aula. Uma chatice. E, para chegar ao cúmulo do contra-senso, aparece Lula no programa. Como Serra vai justificar a imagem de Lula, se, na sequência, vem uma saraiva de balas contra o governo de... Lula ? A isso chamamos de dissonância cognitiva. O eleitor é induzido à dúvidas. E, ao final do processo, tende a concluir que Serra está querendo enrolá-lo. E que Dilma é a candidata do presidente. Gonzalez, o marqueteiro de Serra, parece ter perdido o eixo.

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