quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Marina no JN


1) O início da entrevista foi muito mais amena. Fátima Bernardes chegou a complementar o pensamento de Marina;
2) Marina foi plácida e firme. Não deixou Bonner monopolizar a análise sobre a falta de amplas alianças. Mas não conseguiu empolgar. Ficou na justificativa;
3) A pergunta de Bonner sobre o mensalão parecia atacar, por tabela, o PT. Tanto que iniciou a questão citando as críticas de Marina ao governo Lula quando de sua saída. Sendo uma eleição que conta com candidata declarada de Lula, pareceu um equívoco. Bonner tentou destacar falta de pulso de Marina naquele momento. Mas o exemplo que adotou foi equivocado na medida em que citou um ausente;
4) A melhor pergunta foi de Fátima, sobre as licenças ambientais. E Marina não titubeou, embora sua resposta tenha parecido algo de artificial (no conteúdo), eleitoreiro;
5) Em minha opinião, Marina plantou uma linha coerente que deverá render frutos no futuro. É uma outsider num mundo de tubarões. O que inclui seus adversários e os Bonner.

Um comentário:

AnoZeroNove disse...

Pescado do http://www.formspring.me/IdelberAvelar

Idelber, gostaria de saber sua posição sobre a história recente do PT. Como apoiador, o senhor considera o projeto de governo da Ex-Ministra um programa de esquerda?

Não, eu não considero o projeto da Marina de esquerda, não. Eu poderia lhe dar vários motivos -- por exemplo, a separação entre igreja e estado, que é componente essencial de qualquer esquerda para mim. Mas vou me ater ao que acho essencial. Por definição, qualquer discurso armado ao redor da "superação" do antagonismo entre direita e esquerda não pode ser de esquerda. Ser de esquerda é explicitar o antagonismo. Marina vai na direção oposta, a de mascarar o antagonismo e reduzir a política à moral.

Olá, Idelber. O que hoje, pra você, significa esquerda e direita? ...?

Há várias formas de ser de direita ou de esquerda, claro. No caso da direita, o discurso mais óbvio é esse, da Veja: o PT é o representante das Farc, do terrorismo, da Al-Qaeda etc. É um discurso primário, que mobiliza muito pouca gente hoje. É provável que ele continue definhando, na medida em que a sociedade brasileira amadurece politicamente. O discurso de direita mais forte, hoje, é o da moralização da política e de mascaramento dos antagonismos. Esse, sim, tem penetração e é mais difícil de ser combatido.