domingo, 3 de fevereiro de 2008

Cartão corporativo no Governo Lula (1)


Leandro Kleber, do site Contas Abertas, escreve um interessante artigo sobre os gastos do governo Lula com cartão de crédito corporativo. Passo a reproduzir parte deste artigo em três blocos:
Um levantamento no próprio site do governo federal, o Portal da Transparência, revela inúmeras curiosidades sobre gastos com os cartões corporativos de alguns ministros, incluindo pagamento de hotéis, restaurantes, táxi, etc. Nos últimos três meses de 2007, é possível observar, por exemplo, que a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, se hospedou no Blue Tree, em Brasília, e fez uma refeição no Restaurante do Aeroporto. Já o ministro do Esporte, Orlando Silva, gastou no mesmo período quase mil reais com hospedagem no Plaza Copacabana, no Rio, na Hotelaria Accor Brasil e cerca de R$ 200,00 na Churrascaria Boi Preto.
O ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes, também dispõe de um cartão em seu nome. Nos últimos três meses de 2007, ele gastou a grande maioria da quantia com diárias em hotéis e pouco menos de R$ 50,00, por exemplo, na Cozinha Papillote. O ministro do Desenvolvimento Agrário, Guilherme Cassel, por sua vez, gastou com o seu cartão no período quase R$ 200,00 no restaurante Hickmann e cerca de R$ 100,00 no estabelecimento comercial listado como “Inacia de Fatima Medeiros”.
Convém observar que os ministros que possuem cartão no seu próprio nome podem ser apenas mais ingênuos que os demais, já que em vários ministérios o nome deles não aparece na relação dos dispêndios com o cartão. Pelo menos duas hipóteses são possíveis: ou o ministério não dispõe do serviço do cartão, o que é muito difícil, pois quase todos os órgãos têm acesso ao mecanismo, ou os ministros pagam suas despesas eventualmente por meio dos chamados ecônomos, funcionários de escalões inferiores que possuem cartões em seus nomes e que frequentemente fecham as contas dos superiores. Isso pode ocorrer nos hotéis e restaurantes, até para evitar qualquer constrangimento do próprio ministro de saldar suas dívidas junto aos estabelecimentos comerciais.
O Correio Braziliense divulgou que serventes de limpeza, motoristas e sindicalistas estão autorizados a fazer saques na rede bancária e faturar compras. De acordo com o jornal, na Universidade Federal de Uberlândia, por exemplo, um grupo de 10 servidores, a maioria sem função de gestor, foi responsável por gastar mais de R$ 175 mil no ano passado. A reportagem aponta que o maior sacador foi o motoboy da reitoria, Paulo Sérgio Duarte de Freitas. Segundo o Correio, ele movimentou R$ 46,7 mil no decorrer de 2007, além de fazer compras diversas em papelarias, casas de revelação de fotos e lojas especializadas em produtos para animais.
Desta forma, uma ampla e necessária investigação sobre o tema, já iniciada pelo Tribunal de Contas da União (TCU) e pela Controladoria-Geral da União (CGU), deverá constatar não apenas os gastos com cartões no nome das autoridades, mas também no nome de funcionários subalternos que freqüentemente carregam as pastas de documentos das autoridades e encerram as contas por onde passam.
Veja você mesmo as despesas do cartão corporativo seguindo os seguintes passos: entre no site da CGU (www.cgu.gov.br), clique em “Portal da Transparência” e depois em “aplicações diretas”. Lá, selecione a opção “cartões de pagamento do governo federal”, o ano a ser pesquisado e clique em “efetuar consultas”. Após, basta escolher o órgão para ter acesso à lista de nomes de servidores e autoridades que têm o cartão corporativo.
OBS de Rudá: Lula mandou retirar do site do CGU todos os seus gastos de cunho pessoal.

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