quinta-feira, 24 de janeiro de 2008

A dura vida da esquerda na Argentina


Corina Echavarría, de Córdoba, fez uma interessante análise da Argentina na reunião de ontem à tarde. Destacou que, ao contrário do Brasil, o único eixo mobilizador da sociedade nos anos 80 foi a luta pelos direitos humanos (perseguidos e mortos pela ditadura militar). A partir daí, o tema da cidadania emerge. Mas nos anos 90, a reforma constitucional já se encontrava sob a égide do discurso neoliberal, que atravessou a Argentina até o caos econômico-social. Naquele momento de crise, os peronistas e radicalistas se enfrentam, mas logo acertam um acordo que resulta, em 94, num enorme centralismo de poder na figura do Presidente da República, que ganha poder de veto sobre decisões do Parlamento. A década de 90 é marcada por movimentos dos trabalhadores de mineração e, logo, dos desempregados de Buenos Aires, que formam o movimento dos piqueteros. O problema é que tais movimentos não avançaram numa organização nacional, se dividiram e não conseguiram elaborar uma plataforma política de reformas. Hoje, Corina acredita que o movimento social pulsante é o das assembléias ecológicas e movimento camponês (em virtude da ampliação da fronteira agrícola, que já atinge a faixa de Córdoba, passando por Tucumán e chegando na região noroeste, de fortes traços indígenas). O peronismo tenta se reconstruir (partido predominante na Argentina), com a família Kirshner, invadindo até mesmo a organização do radicalismo. Os desempregados se organizaram em cooperativas e o sistema de cooptação é imenso.

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