domingo, 19 de agosto de 2007
Sobre a burocratização dos partidos de esquerda
Em minha exposição da Conferência Caio Prado Jr, procurei aprofundar o processo de deslocamento dos partidos do mundo real das ruas e sua aproximação com o mundo da economia globalizada. Há um apartamento da dimensão cultural, dos valores produzidos no cotidiano do homem comum. Sugeri, como pista para renovação da esquerda, as estruturas em rede e descentralizadas dos fóruns de direitos e redes sociais. Sugeri, finalmente, que a agenda básica da esquerda do século XXI, além da luta contra a desigualdade, seria: a) o controle social e a democracia participativa; b) a descentralização da gestão das políticas públicas; c) a solidariedade e a promoção humana; d) o internacionalismo. O debate gerou grande polêmica, principalmente quando aprofundou a natureza do governo Lula.
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2 comentários:
Eu estive em sua exposição ontem. Gostei muito de sua exposição por dois motivos: um que você cria a identidade da esquerda pela negação do conceito de esquerda, uma metodologia que a mim sempre me chamou atenção que ninguém da esquerda não usa deste artificio para se auto conhecer, e também gostei pelo auto critica que fizeste falando que hoje as esquerdas disputam quem vai chegar ao centro primeiro e isso é um dos desdobramento do não se conhecer. Bom mas venho aqui lhe fazer uma pergunta. Você diz em democracia participativa, em que parametros você considera a democracia participativa? Seria algo como os conselhos comunais na Venezuela ou como o orçamento participativo?
David
David,
A democracia participativa vem sendo concebida como conceito da ciência política. Alguns juristas denominam de participacionismo, ou quarto conjunto de direitos da cidadania moderna, que significaria o direito de governar com o eleito. As características básicas são: gestão colegiada, controle social das políticas públicas, descentralização administrativa, intersetorialidade e gestão em rede (interligação territorial do gerenciamento de políticas públicas). O problema é que esta concepção exige uma formação técnica específica para lideranças sociais territoriais. Na prática, entram conselhos de gestão pública, orçamento participativo, sistemas de monitoramento de políticas públicas, ouvidoria pública etc.
Rudá
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