quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Ponderações sobre reta final da campanha eleitoral

Para que ocorra segundo turno nas eleições presidenciais será necessário retirar 6% da intenção de votos em Dilma Rousseff. Pela estabilidade que Marina Silva vem demosntrando desde o primeiro semestre, esta tarefa parece ser exclusiva de José Serra. Mas existem três obstáculos para este feito, no momento: a) Serra centralizou em demasia as decisões de campanha, desmobilizando parte dos apoiadores país afora; b) o voto oposicionista na região centro-sul parece ter estabilizado (em alguns casos, até caído um pouco), a contrário do voto governista que parece subir lentamente em todas regiões; c) o discurso oposicionista abriu uma gama imensa de temas e ataques tirando o foco e diluindo o que em marketing político se denomina de posicionamento. Este último problema parecia ter sido resolvido com as denúncias recentes de quebra de sigilo da Receita Federal. Mas a campanha serrista começa a fraquejar, mais uma vez. Fraquejou em virtude de um excesso de racionalismo serrista. Explico: as leituras dos dados de pesquisas diárias revelaram impacto das denúncias sobre lideranças sociais (em cada segmento pesquisado), mas quase nenhuma repercussão na grande massa de eleitores. Além disto, com menor impacto, a desqualificação pelo Ministério Público do que seria um crime eleitoral tirou um dos argumentos da ofensiva serrista. Enfim, a bola quicou na marca do penalti, mas nenhum cacique serrista resolveu chutar. Para piorar, Lula resolveu entrar em campo. E bateu. Exatamente no mesmo dia em que Serra se deu o "direito" de não tratar desta denúncia.
Ora, em política o que vale é a versão. E seria fundamental para os sonhos oposicionistas, que a denúncia ganhasse corpo. Se atingiu os formadores de opinião, seria necessário espraiar a onda e o único combustível para isto é a indignação. Lembremos que a mudança da curva ascendente da campanha lulista teria que ser, em primeiro lugar, estancada para, depois, inverter os sinais. Tudo em três ou quatro semanas. Algo que não se viu até aqui desde março deste ano.
Os jornais, tendo O Globo à frente, parecem mais empenhados em posicionar a denúncia que a própria campanha serrista. O resultado parece evidente: as campanhas regionais da oposição descartam rapidamente a figura de Serra e a arrecadação de campanha acusa o golpe. O resto parece mera torcida.

2 comentários:

Rodrigo Machado disse...

estou no exterior e queria saber se é verdade que o Estado de Minas não está repercutindo as denúncias.

Rudá Ricci disse...

É verdade