domingo, 12 de setembro de 2010

Exploração sexual de crianças e adolescentes no MS


Já estou em São Paulo e posto uma primeira notícia do seminário regional do Fórum Nacional de Direitos de Crianças e Adolescentes que ocorreu em Campo Grande. Um dos momentos mais emocionantes foi a exposição sobre resultados de pesquisa sobre exploração sexual de crianças e adolescentes no Mato Grosso do Sul. A pesquisa investigou a exploração sexual de crianças e adolescentes nos seguintes espaços: sete municípios de MS cortados pela rodovia BR-163; nas cidades de MS que estão na linha de fronteira Brasil/Bolívia e Brasil/Paraguai; em territórios indígenas demarcados em Amambaí e Caarapó; em regiões de transporte e turismo fluvial (no caso, Corumbá e Porto Murtinho); e em municípios de MT, onde existiu intensa atividade de garimpo, em regiões de empreendimentos do setor sucro-alcooleiro.
Vou reproduzir algumas passagens do relatório de entrevistas:

Passagem 01
Eu falei que não era da cidade e que teria ficado surpreso com a quantidade de bares. “Sempre foi assim?”, perguntei. “De um tempo pra cá passou a ter mais”, disse o guarda. Outro homem, que estava dentro do bar, sinalizou para a relação entre a presença das usinas e o grande número de bares. “Depois que veio as usinas, a cidade começou a crescer mais. Aí também aumentou os bares”, afirmou.

Passagem 02
Em seguida, apresentou suas condições: cada programa custaria R$ 30 e o dinheiro deveria ser entregue para ela. “Eu tomo conta delas”, justificou-se, completando que não permite que ninguém as engane. Também disse que não ofereceria garotas com menos de 15 anos. “Se eu quiser, eu até consigo meninas com menos de 15, mas não faço. Só de 15 a 17”, disse.

Passagem 03
Do outro lado da BR, tem um hotel, onde, conforme me disseram, fica o pessoal mais qualificado da usina. Ali tem um serviço que oferece garotas, mas elas não residem na cidade. São de 5 e de outras cidades próximas. As meninas moram em suas casas e as famílias talvez nem saibam que fazem programa. São recrutadas por encomenda.

Passagem 04
A mulher ofereceu a sua irmã de 17 anos. “Ela é linda. Loira, de olhos claros. Pergunto: “Não é perigoso fazer programa com uma adolescente?” Ela responde: “Você pode ficar tranquilo. Aqui é bem seguro. O dono daqui é um policial. Ninguém se mete a besta aqui não”, disse.

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