quarta-feira, 25 de julho de 2007

Congresso da SOBER e mesa sobre extensão rural


Estou em Londrina e acabo de participar de uma mesa, organizada por Ricardo Abramovay. Eu, Lilian (do Ministério do Desenvolvimento Agrário), Sonia Bergamasco e Ricardo discutimos os desafios da extensão rural no Brasil. Ricardo insiste que a PNATER não pode privilegiar os agricultores familiares, mas o território para investimentos. Defendi que o conceito de território, como ele utiliza, é abstrato. Há uma imensa literatura sobre o assunto. É o caso de citar Robert Castel, para quem o território como base de gestão política gera o risco da fragmentação das políticas de Estado. Haesbaert considera ao menos três vertentes básicas nas análises sobre território: jurídico-política, cujo território é concebido como espaço delimitado e controlado sobre o qual se exerce um determinado poder, especialmente de caráter estatal; cultural, que destaca a dimensão simbólica, cujo território se constrói a partir da identidade social sobre o espaço; econômica, que destaca a territorialização como produto espacial do embate entre interesses de classes sociais. Para o geógrafo Tuan, a chave da compreensão sobre a territorialidade humana é o pensamento simbólico. O elo efetivo entre o ser humano e o ambiente físico seria a construção imaginária de espaços de posse, espaços proibidos e espaços amados (topofilia). Milton Santos sugere que o conceito na atualidade seria uma revanche à globalização econômica, vinculada à noção pós-moderna de transnacionalização do território. A crítica central sobre os territórios como base de políticas públicas (como em Ray Hudson) identifica que as assimetrias entre regiões e territórios permanecem e, muitas vezes, foram aprofundadas com a globalização. A dependência tecnológica e a proeminência das empresas transnacionais nas cadeias produtivas não se alteraram. Nos territórios e redes, as pequenas empresas não se converteram em atores políticos ou econômicos significativos. Nada desta crítica aparece no discurso de Ricardo Abramovay. Precisamos debater mais.

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