quinta-feira, 20 de dezembro de 2007

Balanço 2007 (1)


Já é hora de iniciarmos um balanço de 2007, ainda que pontual, sobre o que ocorreu nesta terra em transe. Vou dar um pontapé para começar o jogo:
a) Do segundo turno das eleições do ano passado para cá, Lula deu mais uma guinada na trajetória pessoal e do governo: atraiu o PMDB. Acho que foi o fato político mais importante da ação governamental. Ele vem consolidando o Presidencialismo de Coalizão. A questão é como lida com as forças partidárias mais oposicionistas: o DEM e o nem tanto oposição PSDB;
b) O PSDB vem ensaiando ficar à reboque do DEM. O caso da votação da prorrogação do CPMF parece emblemático. O DEM fechou questão e o PSDB, sob as mãos de Arthur Virgílio e FHC (na verdade, FHC entra mais como mordomo que dono da festa), correram atrás do trio elétrico. Ainda na oposição, o PSOL consegue se fixar como "pólo de denúncias concretas", mas fica por aí. Não tem expressão social. Como o PT do início dos anos 80, menos vitaminado. O PSTU é um braço partidário de um segmento sindical. Daí parece não querer passar;
c) A briga interna no PSDB parece cada vez mais interessante. Arthur Virgílio tentou emplacar um racha entre parlamentares e governadores. Foi demais. A briga, mesmo, está em São Paulo, entre Alckmin e Serra. Da vitória de um deles, surge o outro conflito, com Aécio Neves, que nunca esteve tão quieto. São os ares de 2010 abrindo o verão;
d) voltando ao governo federal, Mantega parece pedir para sair neste final de ano. Correio Braziliense e todas as paredes de Brasília anunciam Fernando Pimentel para substituí-lo (o que parece que deve ocorrer depois do carnaval). Derrota política do grupo de Patrus Ananias, que saiu em defesa desesperada, atacando Frei Cappio. Meio vergonhoso para um currículo tão interessante;
e) no campo popular, temos uma leve guinada oposicionista. Começando pelo MST, que se aproximou do PSTU e PSOL e articulou algumas ofensivas sobre Lula, começando pelo abril vermelho mais apimentado e chegando à negociação do Plano Safra com mais vontade. A segunda movimentação vem da CPT (sempre o mundo rural, tão esquecido pelos estudiosos brasileiros) e dos agentes vinculados à Teologia da Libertação, tendo a transposição do São Francisco como mote. O governo federal jogou errado como ocorreu na votação da CPMF: muita bravata e pouca negociação efetiva. Está dando milho ao bode;
f) fecho este pontapé inicial com o crescimento fantástico, de 5,7% do PIB e este mar calmo (com exceção da crise imboliária dos EUA, que parece cada vez mais doméstica e estruturante daquele país) internacional. Lula tem sorte, também. Sem crise externa. Começa a avançar, neste final de ano, com mais ânimo, sobre as bases latino-americanas de Chávez. Começou pela Argentina e deu um golpe de mestre na Bolívia. Aposto que Evo Morales se afastará gradativamente de Chávez.

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