Quando estive na Globo News, fui informado que o Datafolha estaria detalhando o perfil de voto no primeiro turno. Paulino, diretor do instituto de pesquisa, não concorda que o voto religioso tenha tido tanto peso. Os primeiros dados divulgados pelo Datafolha indicam que Dilma perdeu, na reta final, 4% dos votos (totalizados) e Serra perdeu 2%. Para Serra, o motivo identificado pelo Datafolha foi a agenda negativa que teria imposto, recheada de acusações à sua adversária. Para Dilma, os dois fatores teriam sido: os escândalos (em especial, o nepotismo) envolvendo a ex-ministra Erenice Guerra e, em segundo lugar, a campanha fundamentalista.
Pode ser, mas não acredito que o caso Erenice tenha tido mais impacto que a campanha fundamentalista. Paulino admitiu, na Globo News, vários erros nos levantamentos que fizeram no primeiro turno, destacando como mais grave a eleição paulista. Não houve nenhum registro que tenha capturado esta reação em virtude do fato. Na verdade, foi captado impacto sobre o voto feminino, principalmente aquelas indecisas em final de campanha.
Seria fundamental que tivéssemos outros estudos sobre o fator religioso no processo eleitoral. Mas acredito que perdemos o timing. Uma pesquisa a posteriori (após resultado público de uma eleição) pode estar contaminada. O ideal é que este recorte tivesse sido utilizado antes da apuração de votos. Mas ninguém de nós imaginávamos uma campanha religiosa na reta final do processo eleitoral. Aliás, campanha que continua na rua. O bispo de João Pessoa (ultra-conservador), Dom Aldo Pagotto, gravou um vídeo em que se diz preocupado com a candidata Dilma Roussef, que pretende alterar as bases do cristianismo e da família.
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