quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Ofensiva e contra-ataque


Diminui o número de indecisos neste segundo turno. Mas continuo apostando no terreno movediço. Minha hipótese é que a maioria do eleitorado não deseja Dilma ou Serra. Votam em Lula ou... alguém que tivesse um perfil entre Marina Silva e Aécio Neves. A truculência não é compatível com a cordialidade brasileira (de extrema relação afetiva e não passividade, tal como sugeriu Sérgio Buarque de Holanda). Nesta linha, o aumento da abstenção no segundo turno é prevista pelos dois lados em disputa.
A situação é ainda mais instáve em virtude das duas campanhas anti-éticas. Serra saiu bem do segundo turno. Tinha a seu favor um clima de vitória moral. Mas se perdeu no debate da Band. Mais ainda na edição do debate e sua repercussão. Daí para frente, ladeira abaixo em termos subjetivos: a descoberta de bispos financiamento panfletos apócrifos (que vai exigir uma análise mais apurada da entrada da extrema-direita católica no terreno eleitoral, retomando práticas pré-regime militar), a descoberta de outros tantos panfletos apócrifos financiados por filha de coordenador de campanha de Serra, a neutralidade do PV (e a sensação pública que Marina se identifica mais com o projeto de Dilma), o caso da denúncia de ex-aluna da esposa de Serra, o caso Paulo Preto, o Datafolha indicando estabilidade na intenção de votos (com Dilma 8% a frente de Serra). Foi uma ofensiva e tanto. Serra tentou reagir. Editou o debate da RedeTV/Folha. Mas, sinceramente, não percebi a mesma repercussão pró-Serra como ocorreu após o debate da Band. Não tenho nenhuma hipótese explicativa a respeito. Possivelmente a onda de notícias ruins encobriu a repercussão. Serra comoeça a se defender, o que reproduz o que foi o segundo turno de 2006. Mas quem faz o contra-ataque são alguns jornais da grande imprensa. E o case Erenice e quebra de sigilo fiscal, não tenham dúvidas, retornarão à cena. O que vai revelando a indigêcia intelectual desta campanha de segundo turno, já que os dilmistas resolveram reeditar o tema da privatização desejada por tucanos. Uma espécie de vanguarda da mesmice. Algo interessante: os candidatos não se interessam mais pelo eleitor. Falam para si mesmos.

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