sexta-feira, 29 de outubro de 2010
Minha exposição na ANPOCS
Minha contribuição nesta mesa de discussões sobre movimentos sociais já é conhecida dos internautas que acessam este blog. Vou resumir:
1) O conceito de novos movimentos sociais (muito empregado nos anos 90 em nosso país) não é um instrumento adequado para analisar a atual conjuntura, embora tenha se tornado um paradigma até para lideranças de organizações populares em nosso país;
2) Este conceito - de NMS - se pautou pela profunda autonomia dos movimentos sociais, pelo anti-institucionalismo (desconfiança em relação à tudo o que era instituição e autoridade pública), pela democracia direta e pelo anti-capitalismo genérico;
3) Entretanto, a partir dos anos 90 a conjuntura se alterou profundamente. O ideário comunitarista, altamente afetivo, não propiciou uma formulação alternativa à institucionalidade pública vigente. O comunitarismo agrega, mas gera oposições (defesa corporativa do interesse de grupo);
4) Para acentuar a encruzilhada dos movimentos sociais, o financiamento externo minguou, obrigando-os a repensar sua estratégia de sobrevivência. E aí caíram nas garras dos convênios e dependência do Estado;
5) Somando-se as duas dificuldades emergentes nos anos 90, muitos movimentos sociais acabaram por se tornar organizações (com hierarquia, captação de recursos, formação técnica de quadros particularizadas), gerando alta competitividade entre si;
6) A expressão política desta competição foi a fragmentação temática institucionalizada nos conselhos de gestão pública e conferências nacionais;
7) Tal realidade foi ainda acentuada pela emergência da nova classe média brasileira (ressentida, conservadora, que objetiva a promoção familiar e que se expressa pela religiosidade privada, a garantia do sucesso pela fé) e pela formatação do lulismo (tutelar e altamente centralizador);
8) Sugeri que este caldo de cultura pode propiciar a emergência de movimentos sociais ultra-conservadores nos próximos anos, a exemplo do que ocorre nos EUA e Espanha.
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