sábado, 7 de agosto de 2010
Eleições: a mudança gradativa do discurso da grande imprensa
Com as últimas pesquisas divulgadas e a realização do primeiro debate entre presidenciáveis, pela primeira vez, desde o ano passado, ouço vários editores e jornalistas vaticinarem que a vitória já sorri para Dilma Rousseff. Para alguns, nem é mais sorriso, mas gargalhada. Nesta semana fui sabatinado num programa de televisão de MG e me surpreendi com este vaticínio de um editor de um importante jornal. A grande imprensa tupiniquim vive este momento bipolar desde o final da primeira gestão de Lula, quando do estouro do mensalão.
Na minha opinião, ainda é cedo para tirar uma conclusão tão definitiva a respeito do futuro Presidente da República. Há uma tendência evidente, cimentada por programas governamentais e um céu de brigadeiro na economia. Mesmo a diminuição da aceleração do crescimento do PIB não se faz sentir justamente nas regiões onde o lulismo nada de costas, como venho noticiando neste blog.
O que quero afirmar é que a grande imprensa perdeu a linha editorial. Não se preparou para os tempos de leitura rápida, dos drops de notícias e se jogou numa ânsia de mercado. Um jornal importante pauta sua linha pelas pesquisas de opinião feitas ao seu leitor. Como se opinião a respeito de tudo fosse perene num mundo dos mais voláteis. Entendo que linha editorial pautada por opinião do leitor é a abdicação do papel de formador de opinião. O que, de fato, está em queda no Brasil lulista, onde a ascensão da classe C quebrou a relação entre leitura de jornais e formação de opinião da maioria dos brasileiros. Mas o discurso oficial da grande imprensa é que ainda manda ver. A nova situação vem forçando uma outra parte da grande imprensa a se jogar numa linha editorial declaradamente partidária. São jornais que confundem opinião com notícia. Antes, ao menos, uma opinião institucional era destacada na primeira página com letras garrafais. Agora, as opiniões aparecem na primeira página assinada por um colunista. Enfim, a opinião virou notícia. Uma capitulação editorial ao estilo blogueiro. O que reforça a noção que a grande imprensa tupiniquim perdeu o eixo.
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Um comentário:
É uma coisa que tenho notado há muitos anos. Jornal não forma mais opinião.Mas jornalismo não é para atender a espectativa do leitor. É para ir além, para puxar o leitor pra cima. Informar mais do que ele pede ou sabe.
Os jornais fazem jornalismos para seus iguais. Para uma elite que ainda os lê.
Me lembro de uma conversa com um então editor e cultura do EM. A gente almoçava junto e eu dizia que o que se praticava nesses cadernos era nada mais que agendismo.
Não se discutia política cultural, não se fazia reportagem temáticas (ex: por que o cinema feito em Minas não existe como um polo, se o RS, PE produzem mais que Minas?). A pauta é sempre a novidade, o lançamento de alguma coisa.
No que o jornalista respondeu: essa é a tendência e é o que as pesquisas com leitores indicam.
Muito pobre tudo isso.
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