Marina Silva (PV) deixou o bom comportamento de lado, driblou as interrupções dos entrevistadores e acabou falando mais do que Dilma Rousseff (PT) no Jornal Nacional. A senadora falou durante 9 minutos e 14 segundos, cerca de 30 segundos a mais do que a petista na entrevista da véspera. Em parte, isso se deveu à atitude da candidata. Ela foi interrompida pelo menos nove vezes pelos entrevistadores, William Bonner e Fátima Bernardes. Mas sempre que isso ocorreu ela não parou de falar, assegurando intervenções mais longas e conseguindo completar seu raciocínio. Na única vez que levou a interrupção até o fim, Bonner acabou dizendo que “devolveria” 30 segundos à candidata, que aproveitou a oportunidade. Essa nova atitude de Marina, mais incisiva do que no debate da Band, lhe rendeu mais tempo e lhe permitiu concatenar melhor as ideias. Ela conseguiu, por exemplo, conectar o problema ambiental a temas de interesse popular, como educação e saúde. A principal falha da senadora foi demorar muito tempo para perceber que deveria olhar para a câmera, ou seja, para o telespectador, em vez de olhar para os entrevistadores. Ela só passou a se dirigir diretamente ao público a partir de quase nove minutos de entrevista. Até então, o que se via era o perfil de Marina, sempre que ela respondia uma pergunta.
José Serra (PSDB) deu sorte no sorteio. Por ser o último a ser entrevistado, poderá tentar evitar todos os erros que suas rivais cometeram, como não olhar para o público. Mais do que isso, o tucano sabe que compensa mais não se deixar interromper. E, se for interrompido, pode usar o precedente da entrevista de Marina e reivindicar 30 segundos a mais de entrevista. Não é a primeira vez que Serra dá sorte na hora de definir a ordem de quem responde e quem pergunta primeiro. No debate da Band, ele foi o primeiro a perguntar em dois blocos, o que lhe permitiu dirigir suas três perguntas à principal adversária, Dilma Rousseff. Na comparação com a entrevista de Dilma Rousseff (PT) no mesmo espaço, Marina conseguiu falar mais do que a petista. Ela pronunciou 69% das palavras ditas durante a entrevista, 10 pontos percentuais a mais do que a adversária. Em números absolutos, a candidata do PV também falou mais: foram 1.521 palavras, contra 1.170. Isso se deveu a dois motivos: sua entrevista durou 36 segundos mais do que a de Dilma, e Marina soube lidar melhor com as interrupções dos entrevistadores. Ela não parou de falar quando foi interrompida, o que lhe permitiu fazer frases e intervenções mais longas. A única vez que parou o discurso, foi quando Bonner avisou que lhe “devolveria” 30 segundos ao final da entrevista por causa da interrupção. Do ponto de vista da compreensão do discurso, Marina usou sentenças mais longas do que sua adversária, mas teve exatamente o mesmo percentual de palavras com três sílabas ou mais: 21%.
quarta-feira, 11 de agosto de 2010
Avaliação de José Roberto de Toledo sobre entrevistas no JN
Análise geral neste LINK:
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