quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Se eu fechar os olhos agora


Estou terminando de ler o segundo livro da lista dos finalistas do Jabuti: "Se eu fechar os olhos agora", de Edney Silvestre. Confesso que estava com um pé atrás, já que Silvestre pilota um programa na Globo News que se dedica a literatura. Mas o livro foi vencedor do Prêmio São Paulo de Literatura 2010. O mesmo prêmio que ganhou no ano anterior o pernambucano Ronaldo Correia de Brito, com Galiléia, que achei o melhor romance finalista do Jabuti de 2009. E acho que o Prêmio São Paulo acertou outra vez. O livro é excelente. Uma escrita segura, envolvente. O enredo parece de um romance policial: dois meninos de doze anos acham um corpo de uma mulher atirado num lago onde nadavam. Daí por diante, o universo juvenil vai sendo descrito a partir da humilhação (um deles é espancado pelo pai, viúvo que sente saudades da esposa; ou a humilhação que é imposta aos dois amigos na delegacia, quando estavam relatando o que viram no lago) e da aventura (os dois decidem investigar o assassinato). O livro é muito mais que isto, contudo. Por algumas vezes me lembrei de A Sangue Frio. E um pouco de Rubem Fonseca, se bem que a escrita de Silvestre é mais sofisticada. Não é exagero de minha parte. Silvestre entrecorta o texto com passagens de letras de boleros, tangos, o que dá um desenho e ritmo reconfortante. Brinca com a forma do texto e faz digressões sem rupturas.
O livro é realmente muito bom.

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