segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Tiririca, o Cacareco do Século XXI


Cacareco foi um rinoceronte do Zoológico de São Paulo que, nas eleições de outubro de 1959 para vereador da cidade, ganhou cerca de 100 mil votos. À época, a eleição era realizada com cédulas de papel e os eleitores escreviam o nome de seu candidato de preferência. Tiririca parece ter um destino parecido. A questão é que este voto debochado é recorrente na política tupiniquim. Trata-se de um voto cínico, mas também de identidade. Em São Paulo ouvi muitos taxistas dizendo que votam em Tiririca e Netinho. Embora sempre ressalvando que não gostam de homem que bate em mulher, logo concluíam: "mas Netinho é periferia". Um voto de identidade entre outsiders, entre marginais da grande festa da política. Alguém que entra declaradamente pela porta dos fundos para colocar água no espumante e mostarda no caviar. Uma resposta: "já que precisam de nosso aval para a festa que fazem por lá, vamos votar em alguém que revela a bagunça desde as eleições".
A política brasileira, afinal, se revela uma grande Tiririca. Sem ofensas ao futuro "otoridade".

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