segunda-feira, 6 de setembro de 2010
Quércia
Orestes Quércia é uma figura das mais importantes para a política paulista contemporânea. Na prática, disputou a base de prefeitos que Maluf procurou manter. O que fez dele um cacique tão poderoso quanto o outro, ambos usando e abusando de um estilo antigo, de curral eleitoral, mas efetivamente fundado nas lideranças municipais. Quércia começou sua carreira em Campinas, desde muito cedo. Foi eleito vice-presidente do grêmio estudantil da Escola Normal Livre e organizou um congresso de estudantes. Cursou a Faculdade de Direito da Universidade Católica de Campinas, tendo sido diretor do jornal do Centro Acadêmico 16 de Abril. Em 1963 elegeu-se vereador em Campinas pelo Partido Libertador (PL). Daí por diante, a história é conhecida. Hoje, abandonou a campanha ao Senado (que nos anos 1970 o consagrou) para tratar da saúde.
Lembro da franqueza (que me irritou e surpreendeu) numa das reuniões que fizemos em São Paulo, articulando a campanha das diretas. Posso estar enganado, mas a reunião ocorreu na Assembléia Legislativa. Lá pelas tantas, Quércia comentou: "adoro trabalhar com a esquerda. Eles trabalham feito loucos e nem pedem dinheiro". Na época, apoiava e era apoiado pelo MR8. Eu fazia parte de uma corrente que estava em permanente conflito com o MR8. Na verdade, comentava-se, nos bastidores, que o jornal Hora do Povo (do MR8) vivia sob a guarda de Quércia. Mesmo assim, fiquei pasmo.
Este é Quércia. E este é o perfil dos caciques paulistas.
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