quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

Causos de Minas

Volto, depois de duas semanas, para BH. Chego do sul de Minas Gerais, onde iniciamos a coleta de avaliações domiciliares sobre o governo municipal de Pouso Alegre, via Gestão em Rede (GR). E iniciamos tratativas com outros municípios da região para realizarmos a mesma programação. Já estamos trocando o uso de celulares por tablets, para coleta dos dados na pesquisa domiciliar. Um avanço tecnológico porque agora podemos localizar instantaneamente o domicílio pesquisado, o tempo de duração da visita de cada pesquisador e o percurso realizado, tudo via GPS.
Um prefeito nos pediu para estudar se é possível realizar o mesmo estudo de tempo de trabalho e percurso para cada serviço de rua realizado pela prefeitura (coleta de lixo, poda de árvores, limpeza de bueiros, tapa-buracos etc). É claro que é possível e já estamos pensando em como adaptar o sistema GPS para um microequipamento a ser fixado nos automóveis ou instrumentos de trabalho das equipes da prefeitura.
Ouvimos muitos "causos" nesta viagem.
Tento relembrar os diversos. Todos são hilários. Um deles trata de um time de futebol rural. Tudo verídico. Este time se gabava de ser muito melhor que os filhinhos de papai da cidade. Até que foram convidados para jogar contra um time dos filhinhos de papai. E foram. Como contam é que é hilário. Dizem que o tempo estava chuvoso o que impediu que grande parte da torcida fosse do campo até a cidade. Depois, dizem que tiveram que calçar sapatos fechados, o que "prejudicou um pouco os pés". Afirmam que dois jogadores do time do filhinhos que estavam presos por baderna foram soltos pelo delegado só para ajudar o time dos adversários. Para piorar, quando entraram em campo, perceberam que o campo era grande demais e que o gol era muito, mas muito maior que o que usavam. Na verdade, explicam que usavam bambu para armar as traves e o bambu não era tão retinho quanto o do campo da cidade, o que facilitava a vida do goleiro. Na linguagem deles, dificultava "os golpes de vista do nosso goleirão". Começou o jogo e a "tradição" da várzea foi quebrada. O juiz "deles", que havia feito um uniforme especial para este jogo, foi proibido a apitar o primeiro tempo. Eles ficaram muito bravos. Afinal, era "normal" o time visitante trazer o juiz para apitar o primeiro tempo e o juiz dos anfitriões apitar o segundo tempo. Disseram que era muito mais justo! Mas o fato é que os filhinhos da cidade disseram que o juiz deles não sabia nada de regras. O que os deixou loucos, já que o juiz da roça sabia dizer todas posições de jogo e tudo o mais. Mas cederam. Aí, aconteceu o esperado: logo no início, o becão da roça foi expulso. O pessoal que nos contava jurou que foi só "jogo de corpo", mas admitem que o atacante "filhinho de papai" era muito fraquinho, o que contribuiu para ele sair de campo e "capotar" uns bons metros para fora do campo. "Coisa de jogo de homem", eles diziam, com cara séria e preocupada. Bom, achamos que a história estava bem enrolada e decidimos acelerar, perguntado: "mas e aí, ganharam ou perderam?". Demorou um pouco e responderam: "aí que percebemos como nosso time é bom mesmo. Com toda esta adversidade, os filhinhos de papai tiveram que suar a camisa para ganhar da gente de 14 a zero.

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