domingo, 11 de março de 2012

Quaresma

Ontem estive conversando com educadores da escola Stella Maris, no Rio de Janeiro, que desenvolvem um trabalho social no Vidigal. Conversamos sobre a conjuntura política e educação popular. Na atividade inicial, ouvi os animadores discorrerem sobre a Quaresma. Duas informações chamaram a atenção.
A primeira, sobre a origem da palavra sacrifício. Nunca havia pensado na origem latina, “sacer-facere”, que significa “tornar sagrado”. Ainda não me convence, eu que sou muito influenciado pela sugestão de Nietzsche, para quem é preciso valorizar a potência da vida. Faz um paralelo com Spinoza, que afirmava que a piedade se relaciona com a tristeza. Nietzsche, na mesma linha, sugeria que a compaixão não passa de um engano, legítima defesa diante da covardia ou horror, uma fraqueza, uma afeto que prejudica, porque sofremos por nós e pelo outro, não superando efetivamente o sofrimento.
Eu me dirijo para a superação dos estágios degradantes do ser humano. 
Mas, de qualquer maneira, a origem da palavra sofrimento dá uma conotação mais nobre do que imaginava a este conceito. 
Na mesma linha, ouvi a explicação sobre o jejum, como demonstração de controle pessoal sobre o corpo, sobre o desejo, abrindo espaço para o contato e a vontade divinos. Algo que se aproxima em muito da lógica budista, talvez mais tênue. Jejuar é refrear o desejo, ou melhor, controlá-lo, purificar o entorpecimento espiritual . Esta é a essência da transmaterialização, base de toda lógica religiosa. 
Foi um aprendizado. 

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