
O professor da Universidade Federal de Alagoas, Cícero Péricles, revela que nos últimos seis anos mais de 400 mil nordestinos retornaram à sua cidade de origem. Em parte, segundo Péricles, reflexo do Bolsa Família e da Previdência, mas não só. Muitos retornam com seu sonho de sucesso frustrado.
Segundo o PNAD, o trabalhador nordestino conseguiu contribuir para a diminuição das desigualdades de renda entre as regiões em 2008, mas ainda segue com o menor salário das cinco regiões brasileiras. A renda média mensal do trabalhador no Nordeste chegou a R$ 685 - pouco mais da metade da média nacional no ano, que ficou em R$ 1.036. No Piauí, que apresenta o pior índice entre os Estados, essa renda foi de apenas R$ 586. Em 2008, o trabalhador da região obteve o maior ganho de rendimentos, de 5,4%, enquanto no país esse aumento foi de 1,7%. Segundo o IBGE, a melhora na renda aconteceu em todos estratos sociais e pode ser explicada, entre outros motivos, pelo maior grau de estudo da população. Em 2008, a região Nordeste foi a que apresentou a maior redução no grupo de um a três anos de estudo dos trabalhadores (-12,9%) e segundo maior ingresso de pessoas no mercado de trabalho com mais de 11 anos de estudo (11,2%), só perdendo para a região Norte (11,9%). No país, esse crescimento foi menor (8,5%).
Mas a pesquisa revela que a concentração de rendimentos entre os que ganham mais cresceu entre 2007 e 2008 no Nordeste, ao contrário do que ocorreu no Sul, Sudeste e Norte. No Centro-Oeste, a Pnad aponta que não houve mudança significativa no índice.
Péricles avalia que os baixos salários do Nordeste ainda são reflexo da pouca qualificação profissional. Embora confirme o aumento da escolaridade nos últimos anos, sustenta que a maioria dos empregos gerados na região paga salário mínimo. Segundo Péricles:
"Esse aumento na renda dos trabalhadores teve impacto maior no segmento dos 10% mais remunerados, que, pesar de pequeno, recebe um volume maior de recursos. Mas, como o crescimento foi geral, o índice de Gini, que mede a concentração de renda, caiu suavemente. O impacto das transferências diretas de renda [Bolsa Família] e previdência social sobre a economia nordestina é muito grande. Juntas, elas cobrem mais de dois terços das famílias da região. A Previdência Social pagou em julho deste ano R$ 4 bilhões a 7,2 milhões de nordestinos. Desses, 3,8 milhões segurados formam a clientela rural. Já o Bolsa Família pagou em julho R$ 524 milhões a 5,8 milhões de famílias nordestinas. Todos esses recursos melhoram a renda familiar e, claro, vão diretamente para o consumo, gerando impactos na dinâmica regional. No Nordeste, nenhum setor produtivo isoladamente [seja indústria, serviços ou agricultura] engloba um conjunto tão numeroso de pessoas ou produz um volume de recursos tão alto de renda".
Rudá está uma celeuma danada em torno do novo Plano Nacional de Direitos Humanos...
ResponderExcluirComo nordestina e pessoa do povo que sou, vejo todo esse impacto social, não sou através de estatísticas, mas na prática [ dia a dia].
ResponderExcluirPovo que trabalha exaustivamente, mas não é bem remunerado, e ainda temos que conviver com estigma social que diz que somos preguiçosos.
Haja paciência!
Vemos os nossos jovens se aprofundando nas drogas e nos filhos indesejados por falta de outras opções que preencham essa lacuna.
Não somos de todo vítimas, mas precisamos de políca séria aqui.