sexta-feira, 10 de maio de 2013

Escárnio e crimes da ditadura militar

Como é difícil não aceitar provocação barata de gente que molhou suas mãos no sangue durante o regime militar. É quase como jogar futebol com aquele irmão menor, café com leite, e ter que aguentar ele dar chutes na sua canela como se fosse algo natural. Você olha para ele e tenta contar até dez.
O coronel Ustra, hoje um café com leite, prestou depoimento à Comissão da Verdade no dia de hoje e provocou. Disse que cumpriu sua missão com orgulho.
É a história de lidar com café com leite. Contamos até dez ou explicamos (se for necessário com desenhos) que a democracia tem regras (mesmo que ele nunca tenha compreendido isto) que eles simplesmente rasgaram e jogaram fora? Escrevo esta pergunta já na altura do número 5.
Fico me perguntando o que faz uma pessoa errar de maneira grosseira, colocar a espécie humana no lixo, pregar a divisão da humanidade em função de ideias e continuar provocando quem está no poder, sem mais nem menos? Justamente porque sabe que tudo o que disse não remete à verdade. Sabe que se a esquerda desejasse revanche ou perseguição, com o poder que hoje tem, poderia tomar atitudes que o impediria - como ele fez com os "terroristas" - de falar impropérios como os de hoje.
A mentira, ao menos, não consegue se esconder das armas.
Por estas e por outras que fico em dúvida da moral não ser uma inteligência, como sugere Howard Gardner.



Coronel Ustra nega torturas e diz que Dilma fez parte de organização terrorista


DE BRASÍLIA

Em um depoimento tumultuado, com bate-boca e gritaria, o coronel reformado Carlos Alberto Brilhante Ustra, 80, afirmou nesta sexta-feira (10) à Comissão Nacional da Verdade que nunca matou nem torturou durante a ditadura. Segundo ele, toda a ação do regime militar teve como objetivo proteger o país de uma ditadura de esquerda.
O ex-chefe do DOI-Codi de São Paulo entre os anos de 1970 e 1974, auge da repressão violenta aos resistentes ao regime, ainda afirmou que a presidente Dilma Rousseff militou em organizações terroristas. Dilma fez parte de grupos marxistas de resistência armada à ditadura. Durante o período ela foi presa e torturada.
Com muito orgulho, cumpri minha missão. Portanto, creio quem é que deve estar aqui não é o coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra. É o Exército Brasileiro, que assumiu, por ordem do presidente da República, a ordem de combater o terrorismo e sob os quais eu cumpri todas as ordens, ordens legais, nenhuma ordem ilegal", disse. "Todas as organizações terroristas, e mais de 40 eram elas, em todos os seus programas está lá escrito claramente: o objetivo final é a instalação de uma ditadura do proletariado, do comunismo. [...] Inclusive nas quatro organizações terroristas que a nossa atual presidente da República [Dilma] pertenceu", afirmou ele, no primeiro depoimento público da comissão. O órgão que ele comandava era o principal centro de repressão do regime.

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