
Para que minha opinião faça algum sentido preciso inicialmente fazer algumas ponderações. Sou muçulmano há 6 anos, mas não devido a qualquer tradição familiar, ao contrário, sou de origem católica como grande parte do Brasil, de modo que eu escolhi minha fé de forma autônoma.
Também sou estudante de direito, o que me impõe um racionalismo excessivo que a todo tempo me faz questionar a validade e desenvolver análises de quase tudo que me proponho a pensar.
Minha opção religiosa me proporcionou experiências incríveis junto a pessoas de origens culturais absolutamente diversas das nossas. Desde que entrei para a religião islâmica tive contato com gente de mais de 20 países do chamado 'Oriente Cultural', e foi justamente este contato que me fez entender o quão errado está o pensamento dos 'formadores de opinião' de nossa sociedade sobre os fatos que estão se desenrolando no Egito, Tunísia, Iemên, Omã e etc.
Primeiramente é válido ressaltar que os levantes em cada um dos países apresentam particularidades e complexidades diferentes, o primeiro erro cometido pela mídia local é generalizar sob o título de "crise no Oriente Médio" e elecar um só rol de motivos e objetivos para todos. Misturar as razões políticas de Iemen e Egito é tão grosseiro quanto mesclar em uma mesma categoria gastronômica Brasil e Uruguai sob o
pretexto de que os dois tem a cor azul em sua bandeira.
Outro ponto que me gera muito desconforto é a ingenuidade que nossos âncoras lidam com toda a situação. Neste fim de semana ouvi na CBN/SP que o povo egípcio, por assim dizer, estaria se rebelando pois anseia a democratização daquele país. Com o devido respeito, esta opinião é absolutamente desconexa da realidade. Qual o sentido de um povo lutar por alguma coisa que nem sabe o que é? Ademais, mesmo que soubesse, o Iraque e o Afeganistão são bons elementos para que o Ocidente comece a compreender que (talvez) a democracia não é um elixir político universal, e neste sentido, por diversas razões (como falta de educação adequada, incompatibilidade histórica, e capacidade estrutural para realização) o Oriente Médio não seja o terreno mais fértil para o crescimento deste sistema. É difícil aceitar, mas nós superamos...
Creio que neste sentido, o Ocidente está doente e o mal que lhe acomete é a completa falta de alteridade, ou seja, a total incapacidade de respeito ao que lhe é diferente é o motivo pelo qual, por exemplo, nossa mídia retrata o conflito em questão com olhos tão "ocidentalizados" e não atenta para fatores absolutamente
primordiais na leitura desta questão. Na postagem anterior fiz uma pergunta que na verdade é retórica (Será que não existe nestes meio de comunicação nenhum editor-chefe versado em assuntos internacionais para esclarecer de quem se tratava...), pois na realidade eu sei a resposta. Existir existe, mas tal pessoa não é dotada de sensibilidade necessária para o exame desta questão, pois tal como ocorre com (quase) toda imprensa neste canto do mundo, é mais fácil vender uma história que faça algum sentido para o leitor (pois é contada da nossa ótica), do
que explicar o porque existem enormes diferenças entre os povos e evidênciar tais particularidades.
(mensagem enviada pelo internauta para este blog)
Caro Rudá,
ResponderExcluirAcho que este texto não está dos melhores.. escrevi meio na pressa.. creio que seria mais interessante escrever algo melhor...
Abraços,
Marco A.